CAPÍTULO 29
🦌
Me envolvi muito mais que fisicamente, depois de tanto tempo habituado a ser sozinho.
Foi incrível, vital e energético, viver aquele momento com o Minho. Pois, ainda que fôssemos de margens distantes, ele alcançou a matéria, e eu o espírito.
E vice-versa.
O Minho aprende numa velocidade assustadora e observa bem o ambiente, logo tomando rédeas de qualquer situação, incluindo as inabituais em seu posto de Deus milenar.
Mas como nada dura para sempre, nós voltamos para as nossas realidades, após apagar qualquer vestígio de que alguém havia passado e bagunçado a casa terrena de Bishamonten. No entanto, fazendo tudo isso com um sorriso bobo no rosto, até mesmo quando, já de volta na casa de madeira, deixei a água quente correr pelo meu corpo, ainda me sentindo mentalmente anestesiado pelas primeiras horas daquele dia.
ㅡ Jisung, querido, vou deixar o Kuro com você enquanto vou na cidade com a Aiko resolver algumas documentações importantes, tudo bem?! ㅡ Tia Nari avisa do andar de baixo, ao tempo que ouço o farfalhar das chaves de casa sendo pegas.
Minha tia me recebeu meio desgrenhado, mas também não me questionou a verdadeira razão para o meu estado vergonhoso, deixando-me unicamente entrar na casa e seguir para o quarto de hóspedes e assim fazer o que deveria ser feito.
ㅡ Certo, tia, toma cuidado! ㅡ Peço, ao sair do banheiro, logo recebendo um som positivo seu, antes da porta ser fechada, seguido do barulho das unhas do grande cão arranhando a madeira envelhecida.
Ele, diferente do Hyunjin, é mais descomedido em todos os âmbitos imagináveis, porém, foi um verdadeiro alívio perceber que a minha tia não notou a variação de comportamentos do animal. Apesar de ser bem solitário para mim, agora que não recebo sermões de um cara metamorfo.
ㅡ Está com fome, amigão?
Depois de me vestir, descalço, desço as escadas e encontro o cachorro ainda encarando a porta principal.
Pobre coitado, deve pensar que fomos abandonados por minha tia.
E afagando por entre as suas orelhas pontudas, o chamo para a cozinha e prontamente ele me segue, acompanhando-me com seus olhos cianos ㅡ para todas as direções ㅡ, enquanto eu pego os pertences para fazer o nosso almoço.
Seus olhos possuem mais verde agora, e isso me atrai questões supérfluas de que, antes, com o dominador de raios nessa forma, poderiam ser mais azuis.
Mas, no momento, não importa mais, por isso apenas ponho uma quantidade generosa de ração em sua tigela, e ele a devora, despreocupado.
ㅡ Ah, então você sabe o segredo, hein? ㅡ Falo um pouco mais, observando o cão comer, sem pausas. ㅡ Se limpar o prato agora, você consegue pedir mais para a tia Nari... Espertinho. ㅡ Rindo baixo, volto a dar atenção para os legumes por sobre a bancada de mármore.
A casa parece ter perdido a energia pesada sem a presença daquele homem por aqui. Me sinto muito mais cômodo, mesmo que o luto por minha avó Nana tenha retornado de modo distinto ㅡ reforçado todas as vezes que piso nessa residência.
Minha tia, Han Nari, foi quem mais sofreu, ela soube de tudo de modo repentino e da pior forma possível, pois foi declínio por cima de declínio, tudo isso dentro de alguns minutos numa única noite.
Ela está recebendo ajuda psicológica desde então, e isso nem foi tão inesperado; não tanto quanto o contato desajeitado de meus pais ao me ligar para saber se ela e eu estávamos bem.
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VAISRAVANA • { minsung }
Fiksi PenggemarHan Jisung pensava ser um jovem adulto normal, cursado em Música e com pouca expectativa de vida. Pelo menos até cruzar com um Deus budista da riqueza e dos caminhos, ou um Deus guerreiro, como na cultura japonesa ensina. Ele é inteiramente diferen...