13 • CAPÍTULO 12 •

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CAPÍTULO 12

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O conhecido cheiro de terra úmida e grama molhada adentram calmamente através dos janelões que vão do chão ao teto do quarto.

Singelos respingos formavam uma espécie de cortina molhada, sobrevoando quase metade de todo o ambiente, parando somente sob o cessar das curtas rajadas de vento.

Chuvas no verão são extremamente comuns por aqui, mesmo nas primeiras horas do dia ㅡ o que me faz imaginar o quão difícil deva ser um colegial nesta época do ano.

Enfrentar o risco de pegar um resfriado ao sair no meio desta, não sendo permitido ir de carro com os seus pais, e mesmo assim ter a obrigação de estar com o uniforme impecável, faz qualquer um repensar sobre a generosidade divina.

"Algum Deus está chorando hoje..." ㅡ Era o que minha avó Nana sempre dizia em dias chuvosos.

É difícil idealizar uma divindade fazendo tal coisa, visto que elas não são a natureza, apesar de fazerem parte dela. E assim como os espíritos da natureza que podem se materializar em forma de animais; as divindades, por sua vez, materializam-se em forma de espectro humano, ainda que as pessoas não tenham permissão para vê-las, logo esquecendo-as caso este ocorrido aconteça.

São pensamentos que, nesse último mês, rondavam minha cabeça sem licença alguma, me trazendo diversas outras dúvidas em questão.

Era uma manhã chuvosa e Vaisravana não estava em lugar algum.

E, honestamente, não consigo recordar em qual momento acabei me entregando à inconsciência, mas ele estava comigo ontem ao anoitecer, tenho certeza. Eu posso até mesmo entender que divindades são extremamente ocupadas, mas, para onde Vaisravana foi?

ㅡ Jisung, querido! ㅡ Ouço a voz da Han mais velha vindo do andar de baixo. ㅡ Seu amigo, Seo, está aqui esperando para ver você, já está acordado?

O Seo Changbin?! Aqui?!

ㅡ Se você quiser, posso dizer para ele subir...

ㅡ Não! ㅡ Grito, levantando-me da cama num sobressalto. ㅡ Já estou descendo, só um minutinho!

O que ele pensa que está fazendo? O Saito não pode estar em casa, ele não ficaria tão quieto enquanto eu recebo alguém sob seu teto.

Após escovar os dentes rapidamente, jogar água no rosto, trocar as roupas para outras mais casuais ㅡ como um moletom preto e calça jeans rasgada nos joelhos ㅡ, prendo a rede fina sobre a base do dossel, para somente assim arrumar todos os cobertores sobre o colchão fofinho e me direcionar para o andar que o jovem estava esperando.

Por motivação do tempo que não nos vemos, tenho em mente apenas a sua imagem de anos atrás ㅡ o que certamente já não coincide com a atualidade, pois éramos pré-adolescentes, e hoje ele deve estar passando por seus vinte e três, assim como eu mesmo mudei bastante até os meus presentes vinte e dois anos.

Ao finalmente descer a escadaria, tenho a visão privilegiada de um jovem rapaz sentado no sofá da salinha, próximo à lareira, conversando concentradamente com o Kuro. Claro, ele não iria responder a alguém que não fosse o Minho, mas, pelo menos, estava dando uma devida atenção ao que o Changbin dizia para si.

Enquanto isso, com intenção de não interromper o diálogo fofo entre os dois, caminho devagar, podendo assistir tudo com clareza.

O Seo dobrou de tamanho, até parece ter engolido fermento, sendo inteiramente diferente da última vez em que nos vimos. Suas costas largas e bem definidas esticavam suas vestes por ficar numa posição curvada e somente assim, sem medo algum, poder afagar o Kuro.

VAISRAVANA • { minsung }Onde histórias criam vida. Descubra agora