11 • CAPÍTULO 10 •

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CAPÍTULO 10

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Aquele não coincidia com um sonho comum. Mais parecia ser uma vaga lembrança. Não, uma terrível e abominável lembrança.

ㅡ Por que eu estaria presente no suposto assassinato de sua avó? ㅡ Deixando a cama de uma vez, Minho põe-se de pé enquanto ajusta o kimono de seda sobre o seu corpo. ㅡ Pensei que eu pudesse aparecer em seus sonhos de outra maneira, mas tinha que ser exatamente assim?

ㅡ Desculpa, eu não sei o porquê de você estar nele, mas você parecia paralisado ao lado de uma pequena corça...

ㅡ Nossa, que loucura, não é? ㅡ Comenta, buscando qualquer direção para dedicar sua visão, exceto os meus olhos. É impressão minha ou ele está se esquivando? ㅡ Um caso em que Vaisravana estaria apavorado de medo... Curioso.

ㅡ Sim, não é como se Deuses se amedrontassem com o perecer dos humanos, não é? ㅡ Questiono-o de modo retórico. Afinal, foi somente um sonho.

A minha avó com certeza deve estar num lugar melhor agora, onde não haja sofrimento e a doença que a levou não poderá atormentá-la. É nisso que eu acredito.

As pessoas dizem que sonhos são representações criadas em seu subconsciente a partir de anseios, aflições, recordações, como também podem ser estímulos internos ou externos do nosso ambiente. Mas, mesmo assim, não muda o fato de que aquele sonho parecia tão real para mim.

Nada do que era visível estava realmente claro e todas as coisas eram postas em curtos flashes de memória ㅡ o que acabou não facilitando o meu entendimento. A única coisa que eu pude ter certeza foi que o Minho estava lá assistindo tudo acontecer acuado e com medo.

ㅡ Felix disse que vai ficar vigiando lá fora, mas está tudo feito, Lee-sama.

Seungmin entra ao quarto, sendo acompanhado por Hyunjin, anunciando que haviam terminado de fazer alguma coisa da qual eu não estava ciente, pois meu último fio de lembrança me remete apenas àquele instante ímpar entre o meu corpo e minha alma. Mas o que exatamente foi aquilo?

ㅡ A senhora Nari tem mesmo um sono bem pesado. ㅡ O dominador de raios comenta expondo um fio de aflição em sua voz. ㅡ Jurava que ela acabaria aparecendo e vendo o que não deveria.

Então quer dizer que o Saito tentou mesmo me machucar e a minha alma realmente saiu do meu corpo por alguns segundos?

ㅡ Escuta, Jisung. ㅡ Após acenar positivo com sua cabeça para os outros dois espíritos, Minho suspira, e com pesar expõe o incômodo em seu peito. ㅡ Eu ficaria mais tranquilo se você não precisasse permanecer por aqui. Digo, na casa deste homem... É muito perigoso para você.

ㅡ Ele estava embriagado, Minho, não sabia o que estava fazendo.

ㅡ Não o defenda, Jisung, não viu que ele tentou matar você agora há pouco?

Seu tom de voz não se elevara por nem um momento sequer, no entanto, a frustração presente em sua fala era tangível e dolorida.

Aquele julgamento poderia ser o correto naquele instante, tanto que nem ao menos um dos dominadores ali presentes decidiu pôr seu próprio ponto de vista em aberto para novas discussões, mas eu não poderia acreditar que o Saito, apesar de não lidar bem com toda a nossa situação familiar, seria capaz de cometer alguma atrocidade debaixo de seu teto, ainda mais num vilarejo tão pacifico.

Ele, obviamente, não iria querer arruinar a sua reputação com um escândalo dessa magnitude. O Hiroshi era um membro respeitado na Câmara dos Conselheiros. Ele não é assim. Impossível.

VAISRAVANA • { minsung }Onde histórias criam vida. Descubra agora