23 • CAPÍTULO 22 •

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CAPÍTULO 22

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Recentemente, incidentes negativos perderam sua força, pelo menos durante a semana em que o Minho estava ocupado ㅡ junto aos demais Deuses ㅡ com a purificação terrestre.

Não que no Japão seja extremamente movimentado com grandes eventos nocivos ou acidentes e atentados. Além dos próprios climáticos, é claro.

Estamos no outono, quase enfrentando os meses branquinhos de neve. As fazendas de lavanda já estão apresentando cores menos vibrantes, após a colheita para a produção de cosméticos.

O clima, já ameno pelos últimos meses, intensificou sua baixa temperatura e umidade, sendo necessário roupas que agasalham um pouco mais que simples camisas ou calças, talvez a adição de um sobretudo e sapatos fechados já façam um melhor trabalho na proteção dessa época. Mas há pessoas que simplesmente não conseguem sair durante tais condições, sobrando para mim resolver coisas de rotina no lugar da minha tia, indo para além do lado mais povoado do vilarejo ㅡ a parte comercial de Furano.

ㅡ Eu sei que é ótimo ter um cão enorme consigo para espantar pessoas indesejadas, mas me sinto ainda mais seguro com você em forma de espírito.

Confesso, sendo praticamente arrastado rua afora pela guia posta em Hyunjin, ou melhor, Kuro, naquele momento.

ㅡ Vai com calma! ㅡ Tento equilibrar as sacolas de compras com dificuldades, em passos largos, sentindo as alças das mesmas machucarem meus antebraços pelo peso dos pertences. ㅡ Eu vou cair, vai devagar!

Para o meu alívio, minha principal preocupação naquele instante era unicamente manter o equilíbrio, pois, mesmo andando pelas calçadas, as pessoas que transitavam por elas pareciam as águas do mar vermelho quando Moisés ergueu o cajado, partindo-se para as laterais assim que avistavam o grande cachorro negro ordenando espaço para passagem.

ㅡ Eu sei que eles prometeram retornar hoje, mas você sabe que o Minho consegue saber onde estamos, o que não necessariamente nos obriga a ficar na casa de madeira o tempo inteiro!

Durante todo o tempo usei ambas as mãos para sustentar a guia que o prendia, pelo menos até determinado momento, pois meus dedos já ardiam, me restando uma última alternativa, que foi soltá-lo de uma vez.

ㅡ Tempo! ㅡ Peço, parando com as palmas sobre os joelhos, diante do parque de canteiros sem flores pela estação, e noto que Kuro finalmente para, observando por cima do ombro, julgando o meu sedentarismo para corridas com suas orbes cor ciano. ㅡ Nem o sobretudo está dando conta das alças, me dê um minutinho.

E repousando as sacolas ecológicas sobre meus pés, ergo-me para ter uma melhor visão do local repleto de visitantes. Mesmo que não seja a época em que o turismo se acentua por aqui, ainda há pessoas tirando fotos e filmando a paisagem.

ㅡ Precisa de ajuda? ㅡ A voz grave ganhou forma quando me virei na direção de um jovem rapaz tão alto quanto o Hyunjin em sua forma de espírito. ㅡ Notei que está com dificuldades em levar o seu cão e as sacolas ao mesmo tempo.

Seus traços me parecem familiares. Seus fios ruivos e crescidos desenhavam perfeitamente o seu rosto, sendo contidos numa bandana escura.

ㅡ Onde fica sua casa? Eu posso ajudar a levar as compras. ㅡ Insiste, sorrindo com os olhos, simpático. ㅡ Sou Kim Taehyung, responsável pela Fazenda Tomita.

ㅡ Ah! Você é o namorado da irmã do Changbin! ㅡ Finalmente me recordo, fazendo-o alargar ainda mais o seu sorriso quadrado ao concordar. ㅡ Eu adoraria ajuda, a casa de meus tios fica um pouco depois do Ningle Terrace.

VAISRAVANA • { minsung }Onde histórias criam vida. Descubra agora