36 • CAPÍTULO 35 •

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CAPÍTULO 35

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Aquele fim de tarde, com certeza, se foi em conta gotas, principalmente quando o nosso chefe pôs-se a passar um corretivo em nossas ações, nos ensinando outra vez como deveríamos nos portar em público, pois não somos mais pessoas com tal individualidade para ficarmos fazendo o que bem entendêssemos, já que, querendo ou não, o simples modo em que respiramos já serve de influência o suficiente, haja vista que existem pessoas nos assistindo, nos analisando, e ㅡ no pior dos casos ㅡ aguardando ansiosas para o momento perfeito em que possam nos apontar erros.

Mas, dentro da apatia de nossa reprimenda, não escondemos o espanto quando o senhor Jaebeom nos sugeriu algo mais que uma verdade difícil de acreditar, ele deseja o nosso consentimento para expor uma mentira com face de verdade.

ㅡ Todos entenderam? ㅡ Jiwoo, Hongjoong, Chungha e Jackson apenas concordam, com o último ainda bocejando pelo sono não pago.

ㅡ Eu tenho uma dúvida, senhor Jaebeom. ㅡ Ergo a mão, atraindo a atenção de todos ali presentes, sentados à grande mesa de madeira, e, com um aceno seu, prossigo. ㅡ Como espera que revelar um possível relacionamento amoroso entre a Chaeyoung e eu faça sentido ao ofuscar uma comemoração de aniversário?

Senhor Jaebeom negou, balançando a cabeça, minimamente, para ambas as direções, ocasionando no diminuir gradativo de minha voz conforme a minha questão era exposta, esmagada pelo crescente constrangimento.

ㅡ Vejo que ainda não entendeu a sua situação, Jisung... Isso não é para tirar a atenção da noite de vocês. ㅡ O homem de piercing surface abaixo de seu olho direito diz, cruzando os braços, ao descansar suas costas no encosto da cadeira giratória. ㅡ Eu não sei se você já viu as matérias que os sites estão publicando, mas isso aqui envolve a sua sexualidade e, consequentemente, o seu emprego.

ㅡ O quê? ㅡ Uma terrível onda gélida viaja por minha espinha.

Inconscientemente, levanto-me do assento, exaltado; não por estar bravo ou algo do gênero, pelo contrário, sinto-me tão amedrontado quanto o momento em que o ex-marido da minha tia revelou, com escárnio, os meus segredos, naquele último verão em família.

E, por um lapso de segundo, até minha visão quase me pôs em completa escuridão, retomando as cores somente quando apoiei ambas as mãos sobre o tampo lustrado da mesa.

ㅡ Eu sinto muito, Han Jisung. Eu sinto muito por causar problemas a vocês.

A voz do Lee, antes tão confiante, agora fora ouvida, rouca e frágil, ao longe.

Isso nem faz sentido, já que ele também é vítima disso tudo. O Minho não deveria ter que passar por isso. É tão previsível e, ao mesmo tempo, implausível, que chega a ser ridículo ter que enfrentar algo assim, ainda por cima num século que mais se posiciona a defender as liberdades.

ㅡ Por que está se desculpando, Minho? ㅡ Ainda atordoado, viro-me para a sua direção, o avistando um pouco deslocado no outro extremo da mesa. ㅡ Você me disse que foi seguido por uma garota, nem foi culpa sua...

ㅡ Mas foi por minha causa que isso aconteceu, ㅡ ele responde, estranhamente não conseguindo encarar em meus olhos. ㅡ Pesquisaram ao meu respeito, e para os meus conhecidos nunca foi um segredo, mas, agora, todo o país sabe que eu faço parte da comunidade Lgbtqia+.

ㅡ E por vocês serem pegos deixando um pub juntos, os tradicionalistas e os mais velhos estão um tanto confusos quanto às suas preferências, Han Jisung.

VAISRAVANA • { minsung }Onde histórias criam vida. Descubra agora