Tanjiro XIX

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O sol está alto no céu, se ele fosse humano, estaria encharcado, mesmo como oni, principalmente por esse fator, é como se ele estivesse queimando ao meio dia, tendo conquistado o sol ou não. Com um olhar afiado, Tanjiro desvia de mais uma tentativa de Shinazugawa em cortar seu pescoço. O Pilar do vento estava usando a desculpa de treino como um meio para conseguir se livrar dele, Tanjiro estava bem ciente disso, mas se era o necessário para ficarem mais fortes, ele lidaria com o aborrecimento.

Empurrando o pilar enfurecido, Tanjiro balança sua lâmina na horizontal, abrindo um corte superficial no peito exposto do outro. O cheiro de seu sangue quase o embreaga, atiçando seu lado mais feroz. Era sempre um desafio lidar com Shinazugawa, quase uma tortura. O sorriso maníaco dele confirma que seu deslize foi notado, o caçador não está perdendo tempo em revidar. O vento parece conter lâminas próprias, Tanjiro pode sentir cortes sendo abertos, sua regeneração os curando quase que imediatamente. Ele precisa pressionar mais, o objetivo desse treino é levá-los além do limite. O fogo em seu sangue parece mais forte ao sol, avançando em uma respiração, cercando o pilar, ameaçado o devorar. Tanjiro vai logo depois, seus movimentos refinados pelos séculos se chocam com a lâmina esverdeada, o metal range, é muita força empregada ali. Shinazugawa melhorou, antes ele não teria sido capaz de receber esse ataque e permanecer ileso.

Um cheiro familiar atrai sua atenção, não é comum que ela venha quando ele está lutando, assim, Tanjiro está curioso e preocupado com as possibilidades. Se afastando em um salto, suas chamas se extingui, é uma dispensa, não que seja o suficiente para aplacar o pilar.

- Preciso de uma pausa.- Ele diz, rapidamente se esquivando de um ataque já em curso.

- Que merda é essa? Se acovardando?- O caçador zomba.

Suspirando, Tanjiro não revida, cair nas provocações dele apenas faria aquela briga se estender.

- Podemos continuar depois, seus ataques e reflexos ficaram mais rápidos.

- Não preciso disso demônio. Que seja, estou saindo.

É sempre um prazer lidar com o pilar do vento.

Nezuko se aproxima acenando com um sorriso, ela o puxa para um abraço quando para a sua frente. O cheiro dela, seu calor, o faz sorrir, aquela ferida purulenta em seu peito é uma dor muda, ainda lá, mas nada como já havia sido. Ainda é estranho ter alguém tão próximo depois de tantos anos de solidão, sempre leva algum tempo antes de Tanjiro poder retribuir ao afeto oferecido, felizmente, ele já não fica rígido ou alerta a cada ato íntimo.

O̶ u̶n̶i̶c̶o̶ q̶u̶e̶ o̶ t̶o̶c̶o̶u̶ f̶o̶i̶ M̶u̶z̶a̶n̶, p̶a̶r̶a̶ f̶e̶r̶i̶r̶, p̶a̶r̶a̶ o̶ l̶e̶m̶b̶r̶a̶r̶ d̶e̶ s̶u̶a̶s̶ f̶a̶l̶h̶a̶s̶ e̶ f̶r̶a̶q̶u̶e̶z̶a̶s̶.

- Nezuko, está tudo bem?- Ele a pergunta, sua irmã afrouxa o aperto que mantinha, erguendo seu olhar.

- Yushiro pediu que eu o buscasse, Tamayo parece ter algo importante a dizer.

Tanjiro supõem que seja algo relacionado ao progenitor, ele está ciente do trabalho empregado por Shinobu e Tamayo em desenvolver alguma droga capaz de debilitar o demônio mais velho. Quando essa possibilidade foi discutida entre os hashiras e Ubuyashiki, ele não estava muito esperançoso quando a eficácia, mas ainda havia uma chance, assim, foi um acordo unânime que todos ficassem em silêncio quanto a esse projeto, apenas no caso.

- Bem, não vamos deixá-la esperando muito.- Envolvendo seu abraço no da irmã, ele a puxou levemente.- Ainda a devo pelo que acometeu antes.

- Tamayo-san não guarda rancor, ela o perdou e entendeu seu lado, não se culpe tanto nii-san.

Lágrimas Ininterruptas (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora