Tanjiro XV

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- Desculpe! Prometo que ficarei de olho nele!- Tanjiro gritou, se curvando em ênfase a suas palavras.

Os guardas gaguejaram um pouco com seu comportamento extremo, a honestidade do ruivo os deixando constrangidos. Tomioka continuou inexpressivo, incerto de seu erro, interações sociais sempre seriam sua fraqueza.

- Bem, apenas o mantenha na linha, sendo um brinquedo ou não, ainda pode causar algazarras.- Um dos guardas disse, acenando para ele se erguer.

- Hai! Prometo estar mais atento.

Quando os homens se afastaram, o oni não pode deixar de suspirar, quem imaginaria que um pilar pudesse ser tão alheio? Tanjiro observou o moreno ao seu lado com o canto do olho, ele não parecia arrependido.

Suspirando, em um gesto ousado, Tanjiro tomou a mão de Giyuu na sua. Ainda era estranho, novo e reconfortante. O leve tom de rosa nas bochechas do Pilar ainda o preocupava, mesmo com a garantias do outro de que estava bem.

- Não vamos mais nos separar, é uma sorte que você não tenha acabado preso.

- Hm.- Foi a resposta inteligente do hashira.

Tanjiro não pode deixar de sorrir, um pouco divertido com a situação. Giyuu realmente era algo, quanto mais tempo eles passavam juntos, mais o oni temia pelo término do que quer que fosse aquilo.

Já fazia algumas horas que eles perambulavam pela cidade, buscando algum indicativo daqueles que vieram para encontrar. Fora chamar a atenção da polícia pelas perguntas nada discretas de Giyuu, assim como a espada que o mesmo não se preocupou em ocultar, não haviam identificando nada substancial.

- Talvez devêssemos voltar a pousada e enviar uma carta a Ubuyashiki-sama, para sabermos se há algum outro meio de contatar aqueles que buscamos.- Tanjiro comentou, se aproximando de Giyuu quando o fluxo de pedestres se tornou mais intenso.

Essa missão era uma incógnita, eles tinham um destino, uma função e um nome, mas não mais. Giyuu garantiu que a médica é uma conhecida do líder do corpo, alguém que os ajudaria em sua empreitada contra Muzan, achá-la era essencial. Contudo, ele não conseguia abandonar a sensação de que estava perdendo algo, algo importante.

Com uma carranca pensativa, ele observou o fluxo ao redor, sua mente concentrada, como uma coceira irritante que o deixava inquieto. A pousada está a frente, seus passos se detém antes que ele ultrapassa o hall, Giyuu está ao lado, seu aperto uma âncora de sua mente em disparada.

- Tamayo.- Ele sussurrou o nome, tentando imprimir um significado a cada sílaba.

Esse nome não lhe era estranho, ele já o havia ouvido antes, uma vez só, um tanto de anos antes. Agora ele lembrava, Muzan a mencionou uma vez, seu nome como uma maldição, nojo e raiva escorrendo com o som. Ela era um demônio, tinha que ser, para ainda estar viva mesmo depois de tanto tempo. Um demônio que levava todo o desagrado de Muzan e ainda estava viva, uma traidora, alguém que havia escapado ao seu controle, era a única explicação cabível para sua existência continuada.

Em realização sua postura se tornou mais reta, sua expressão mais focada. Havia outro demônio como ele, era surpreendente saber que ele não era o primeiro.

- Ela é um oni, alguém como eu.- Ele falou, baixo, como uma confissão ao caçador.

Giyuu o fitou em branco, mas ele pode sentir o cheiro de sua surpresa e curiosidade.

- Se ela for a mesma Tamayo sobre a qual ouvi, então ela precisa ser um oni, um que escapou ao controle de Muzan.- Com suas palavras, Tanjiro observou a sobrancelhas de Giyuu franzir, parecendo pensar.

Lágrimas Ininterruptas (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora