Ao virar o corredor, a ruiva viu tudo que ela não queria ver, seu mundo descendo ralo abaixo mais uma vez, sua mãe a fez prometer que cuidaria do pai e da irmã e naquele exato momento ela tinha que assistir médicos tentando trazer a mais velha de volta a vida, suas mãos tremiam suas lágrimas desciam fortes como a correnteza de um rio, não poderiam ser paradas tão facilmente, tentando aceitar que passaria os próximos anos praticamente sozinha, a menina abaixou a cabeça e colocou a mão no rosto, deixando que todo o medo, a angústia e a dor, descessem pelo seu rosto embalados nas lágrimas, os barulhos em sua volta já não a importavam mais, as pessoas correndo, as máquinas apitando, os médicos gritando e tentando pensar em soluções em meio a tanta tensão, como se estivesse dentro de uma piscina a muito tempo, se tornava difícil para a menina respirar e impossível de ouvir, porém sem que estivesse esperando alguém a abraçou, podia ver um corpo magro entrar em sua frente e abraçar, a segurando enquanto ela se deixava cair no abismo que estava sendo sua mente e principalmente seu coração, ouviu uma voz baixa praticamente em seu ouvido.
— Eu estou aqui e por mais que nada fique bem, eu continuarei aqui, não estará sozinha.
Bianca se sentia completamente perdida, sem a mãe, com um pai que nem sequer se importava com a filha e sem a irmã, o que seria de sua vida? Estava sozinha.
— Estamos juntas agora. — Aquela voz continuava em seu ouvido e ecoava por toda sua mente, martelando várias e várias vezes: "não estará sozinha".
De repente o bip das máquinas simplesmente parou e logo se normalizou, Léa mais uma vez vencia aquela luta incessante de tentar sobreviver. Mesmo ouvindo que sua irmã estava viva, Bianca não se levantou, suas lágrimas não cessaram, sua mente tinha ido para bem longe, lembrando dos momentos bons e ruins que viveram, porém sua mente alternava entre momentos vividos e um futuro sem Léa, a ruiva estava completamente hipnotizada pelos pensamentos que dominavam sua mente.
Jane estava completamente em choque, não era a primeira vez que presenciava aquela cena com a Oledon, mas lembrava da médica dizendo que o coração da agente não aguentaria muito, não podia perder a morena, mas mesmo em choque, a diretora se aproximou do leito e devagar tocou os dedos gelados da mão de Léa, pedindo em um sussurro que só as duas ouviram.
— Volta pra mim, por favor. — Algumas lágrimas silenciosas escorriam pelo rosto pálido da diretora, sendo limpas rapidamente, não poderia parecer fraca na frente de outros agentes e da família da paciente.
Apenas com um abraço carinhoso e acolhedor, a ruiva se deixou sentir toda a dor, não conseguiu cumprir sua promessa e tudo que conseguia pedir naquele momento era perdão, perdão a sua mãe por não ter conseguido cumprir sua promessa, e perdão a irmã por não ter conseguido chegar a tempo, por não estar tão presente a ponto de impedir que aquele acidente tivesse acontecido.
— Ela voltou. — Eduarda voltou a dizer no ouvido da mais alta enquanto ainda a abraçava.
— Obrigada. — Sussurrou tão baixo que até teve medo que a morena não pudesse lhe ouvir.
Lentamente a Oledon mais nova se levantou e caminhou, ainda encarando o chão, seguiu quarto a dentro, levantou o olhar com calma e passou a observar o rosto pálido e sereno da irmã, de canto de olho conseguia ver que Jane segurava a mão da morena, sentia a tensão no ar e sabia que tinha algo de diferente ali, mas naquele momento estava mais preocupada com outras coisas, então deixando de lado todos os sentimentos de culpa, apenas abraçou o corpo da irmã, quase que se jogando sobre ela. Apenas em sua mente, agradeceu centenas de vezes por ainda ter alguém ali, agradeceu porque sua irmã ainda não tinha desistido de lutar, agradeceu porque os médicos ainda estavam lá, insistindo para ver Léa bem, agradeceu a um Deus que ela nem tinha mais certeza se existia ou não, mas não queria testar, então apenas agradeceu e ficou lá por um bom tempo.
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Quase Invisível (Romance Lésbico)
Bí ẩn / Giật gânE se você fizesse de tudo pra não ser vista, para não chamar atenção e mesmo assim alguém gosta de te observar. Bianca era uma grande jogadora de Handebol e mesmo que amasse jogar ela odiava a fama de ser jogadora, por isso ela aprendeu a ser invisí...