Alguma vez você já se perguntou o valor das pessoas? Não estou falando de dinheiro e sim de valor emocional, existem muitas formas de mostrar pra alguém que você a ama, mas não é esse o meu objetivo hoje.
Uma estrela não significa nada, até que desapareça. É triste, mas é verdade, não valorizamos cada detalhe e cada presença. Muitas vezes nem achamos necessário dar valor pra algo, é exatamente por isso que as pessoas mais felizes são as que tem tão pouco.
******
A ruiva escuta três batidas na porta, provavelmente causadas pela mesma pessoa.
- Pode entrar pai. - A menina permite a entrada ainda deitada na cama.
Mark mesmo confuso por não saber como a menina tinha adivinhado quem era entrou, a notícia que ele tinha para contar era muito importante, então não perderia tempo com bobagens, o homem entrou animado já falando.
- Filha você não vai acreditar no que eu consegui.
- O que conseguiu, para te deixar tão animado senhor Oledon? - a mais nova pergunta dando risada da animação do pai.
- Tudo bem, vamos lá. Você se lembra daquela vez que teve a ideia de conversar com o diretor do seu colégio e ver se ele daria bolsas de estudo para as meninas do orfanato? - Explicou animado.
- Claro que eu lembro pai, aquele diretor pão duro, ele não quis nem pensar na hipótese. - A ruiva diz irritada.
- Sim, esse mesmo a questão é que seu colégio está com um novo diretor e eu resolvi tentar mais uma vez, adivinha quem conseguiu 10 bolsas de estudo para as meninas do orfanato. - Mark diz orgulhoso.
- Que incrível pai, isso é maravilhoso, são bolsas pra que idade? - Bianca pergunta curiosa.
- O senhor Kinoy disponibilizou 5 delas para o ensino fundamental 1, 3 vão para o ensino fundamental 2 e as duas últimas vão para o ensino médio já que é mais caro.
- Quando você vai contar pra elas, eu adoraria estar junto, você acha que dá? - pergunta animada.
- Eu tava pensando em ir amanhã princesa, você tem algum compromisso?
- Poxa, eu tenho treino amanhã, como todos os outros dias das férias, desculpa pai acho que você não ouviu, FÉRIAS, tem noção que eu passei as férias inteiras treinando das 8 da manhã às 18 da tarde, todos os dias pai, me tira dessa, por favor eu te imploro, pede uma folga pra mim, conversa com a sua mulher, não vai sobrar nada de Bianca pro jogo de estreia no campeonato, o que vai ser do time sem a goleira, me salva pai eu te imploro, pede uma folga por favor. - A ruiva não sabia mais o que dizer ou fazer para fugir daqueles treinos, a pobre garota já estava cansada tinham sido férias mais cansativas do que o próprio período escolar.
- Não exagere ela não deve pegar tão pesado assim filha, Manuela é um anjo, mas vou conversar com ela e pedir para que te libere amanhã, tudo bem? - Sabia que a esposa pegava pesado com a mais nova das Oledon, mas nunca passaria pela sua cabeça que era tanto.
- Você diz que é exagero porque nunca tá aqui pra ver, mas eu agradeço pela folga.- A menina diz chateada por Mark não ter acreditado nela.
- Está na hora do jantar, vocês dois desçam. - Manuela disse da porta do quarto da enteada.
- Que bom que vc apareceu Manuzinha, meu pai disse que queria falar com você. - Bianca aproveitou da oportunidade e enquanto cruzava com o pai no caminho sussurrou. - Boa sorte.
******
O orfanato da família Oledon, tinha fama por toda região de Portland, a cidade que o bilionário Mark morava com a filha e a segunda esposa. A instituição tinha o objetivo de ajudar crianças de todas as idades em qualquer situação, seja a morte dos pais até a rejeição da família ou o abandono, um lugar que disponibilizava umas das melhores educações e que abrigava uma biblioteca enorme para estudos e lazer, a rotina das crianças e adolescentes sempre tão bem organizada. O orfanato recebia visitas diariamente, tanto pelo dono da instituição até por pessoas que procuravam uma nova integrante para a família a única diferença entre esse orfanato e os outros era que o da família Oledon só lidava com garotas, não aceitavam meninos e nem era por algum tipo de preconceito ou coisa do tipo era só que Mark Oledon prezava pela privacidade das meninas, sabia que todas que estavam ali tiveram uma vida difícil e não ter nem um cantinho que lhe desse privacidade era muito insensível.
Bianca adorava visitar o lugar desde pequena, mas depois da morte da mãe acabou se afastando de toda aquela realidade, ver aquelas meninas que querendo ou não estavam sozinhas no mundo sempre a lembrava que agora ela também estava, claro que tinha a irmã mais e velha e o pai, mas mesmo com duas pessoas que a amavam ela sentia que algo faltava, alguém. Faltava o amor de alguém, da única pessoa que sempre a apoiou em seu sonho naquela casa e por mais que não tivesse arriscado contar para o resto da família o que pretendia se tornar, ela tinha na cabeça que ninguém aceitaria, depois daquela grande perda a família Oledon também perdeu um grande ideal, salvar vidas, a ruiva sabia que seu pai já não tinha mais a mesma disposição para salvar vidas como tinha antes quando dividia o laboratório com a esposa, ela não o culpava, sua mãe morreu no mesmo lugar que adorava salvar, no mesmo lugar onde os dois costumavam passar o dia inteiro juntos.
Juliana da Silva Oledon foi assassinada em seu próprio laboratório, ninguém soube o por que, nem por quem e meses depois do crime a polícia encerrou o caso, não tinham encontrado nada e pelo jeito continuariam sem encontrar, a arma do crime foi encontrada na vítima, porém sem nenhum resquício de algo ou alguém, provavelmente um assassino profissional, aquela família vivia assombrada no meio do medo, da dor da perda e da vingança, Mark Oledon visitava todos os dias o laboratório onde a mulher trabalhava e dentro daquela sala, no meio de muitos aparelhos científicos ele chorava e estudava tudo que conseguia para que um dia descobrisse oq aconteceu e pudesse se vingar.
Léa por muito tempo viveu com medo de andar pelas ruas, de entrar naquela empresa e não saber quem e por que tinham feito aquilo com uma pobre mulher que só queria ajudar a humanidade, só queria ajudar na evolução da ciência e da saúde. Juliana era como uma ídolo para Léa em tudo como uma profissional, como uma mãe, como uma amiga e como uma esposa. Agora ela já não sentia mais medo, agora ela estava ocupada demais pensando que faria o mesmo que fizeram com a sua mãe com quem entrasse em seu caminho, Léa estava entrando em mundo onde a escuridão vive, as trevas se tornaram atraentes e onde tudo que vive é a dor, a solidão e o ódio.
Bianca tentava viver apenas com as lembranças boas e não com a cena de sua mãe no chão desacordada banhada no próprio sangue, ela tentava sempre pensar que a morena estava ao seu lado te guiando em todas as quedas pra que ela pudesse levantar, a ruiva sempre olhava para a arquibancada dos seus jogos e via a imagem do pai abraçando a mãe por trás em pé enquanto gritavam seu nome, sempre ajudava alguém pensando na mulher que lhe ensinou a amar, mas por mais fácil que isso pareça não era e nunca seria, porque mesmo que Bianca só procurasse enxergar as coisas boas as lembranças ruins ainda a assombravam, ainda a deixavam com vontade de socar tudo e gritar por socorro, gritar pela ajuda da mulher que sempre esteve do seu lado, só que a grande questão é que não adiantaria de nada porque ela nunca voltaria, nunca apareceria na sua frente e te daria a mão pra levantar ou cuidaria dos seus machucados, ela nunca mais cantaria ao seu lado ou limparia uma lágrima descendo pela sua bochecha, ela nunca mais assistiria um jogo seu ou roubaria doces do armário da cozinha ao seu lado sem seu pai descobrir, ela nunca voltaria e Bianca sabia disso.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Quase Invisível (Romance Lésbico)
Mistério / SuspenseE se você fizesse de tudo pra não ser vista, para não chamar atenção e mesmo assim alguém gosta de te observar. Bianca era uma grande jogadora de Handebol e mesmo que amasse jogar ela odiava a fama de ser jogadora, por isso ela aprendeu a ser invisí...