Cap 03

157 21 58
                                    

Sentada debaixo de uma árvore com um livro na mão enquanto fazia carinho na cabeça de uma das meninas pequenas do orfanato, Eduarda estava perdida na leitura de um romance em que ela não sabia se chorava, ficava assustada, mandava matar os personagens malvados, ou se sentia pena. A morena lia "A princesa da Lapa" um dos romances da enorme biblioteca da instituição, ela estava na página 95 e já tinha lido muita coisa, porém o mais incrível dessa história até agora, é que ela tinha se identificado muito com os primeiros dramas da trama.

- Ei Duda, eu tô com muita fome, será que não podemos assaltar o armário de bolachas?

Eduarda se surpreendeu com a pergunta da pequena Laura, não era novidade a frequência em que a menina sentia fome, mas elas tinham acabado de tomar café.

- Como você já está com fome baixinha? Nós acabamos de comer - A mais velha perguntou confusa.

- Não tem uma resposta certa pra isso, eu só tô com fome, mas e então a ideia do armário rola? - Laura perguntou empolgada enquanto encarava os olhos claros da morena.

- Não vamos assaltar nada não, eu vou até a cozinha e pego uma fruta pra você. - Eduarda sabia que ela não ia aceitar, mas sendo a mais velha tinha que arranjar uma forma de saciar a fome momentânea de Laura e não atrapalhar o almoço.

- Mas eu não quero fruta, eu quero bolacha. - Como o esperado a mais nova reprovou a ideia, mas a morena teria que ser forte pra resistir.

- Eu sei que não, mas ou você come a fruta e mata a fome ou você fica com ela e aguenta até o almoço. - Foi o mais séria que conseguiu e mesmo assim o sorriso não saiu de seu rosto.

- Tudo bem eu fico com a fruta. - Laura concordou meio insatisfeita, mas qualquer coisa era melhor que a fome e ela faria de tudo pra não passar fome mais uma vez.

- Ótimo, vamos então baixinha. - Eduarda fechou o livro e ajudou a pequena a levantar, as duas caminharam até a cozinha em silêncio, a mais velha entregou a fruta pra menina que tinha as pontas do cabelo tingidas de azul e ficou assistindo ela comer sentada em uma das mesas do refeitório.

Enquanto a mais velha observava a menina comer com calma, duas garotas entraram na cozinha, uma ela conhecia morava no orfanato com elas, mas a outra ela nunca tinha visto, porém seu rosto era conhecido de algum lugar, ela conhecia aqueles cabelos ruivos e aqueles olhos claros, só não sabia de onde. Assim que viu a desconhecida entrando no cômodo Duda entrou em modo de defesa, da maneira que sempre ficava quando encontrava alguém que não conhecia e não confiava.

Giovana foi se aproximando das outras duas meninas que estavam no refeitório enquanto contava as novidades pra Bianca, ela estava com tanta saudade da amiga fazia quase 4 anos que a ruiva não ia ao orfanato visitar, o que era muito estranho já que a amiga tinha costume de ir todo mês, porém mesmo não sabendo o motivo da ausência da ruiva ela sabia sobre a tragédia que tinha acontecido com sua mãe, Juliana era uma mulher incrível, ela era carinhosa, simpática, adorava crianças, e não se importava com o dinheiro além de ter o mesmo brilho em seus olhos que Bianca costumava ter.

- Eai meninas, como estão? - Giovana perguntou animada, mas percebeu que Eduarda já tinha entrado em modo de defesa, era sempre assim quando ela encontrava alguém que não conhecia ou não confiava, ela ficava quieta não conversava com ninguém só respondia perguntas com a cabeça e depois de um tempo sumia de vista, as meninas do orfanato demoravam horas pra achá-la e pra falar bem a verdade, nunca achavam, ela aparecia no fim da tarde e ninguém sabia pra onde tinha ido ou se sequer tinha saído do orfanato.

- Oi Gigi, estamos muito bem. - Laura respondeu com a boca toda melada de banana, ela era a mais novinha do orfanato tinha apenas 5 anos, Bianca riu da situação da pequena, pegou um papel e limpou a boca suja.

Quase Invisível (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora