Cap 14

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Tem dia que quem muito cuida também precisa ser cuidado.
Há vezes que ao cuidar sorri, mas no coração traz uma dor que se entrega no lagrimejante olhar.

Kátia Torres


Todos nós temos um limite, um limite para tudo, raiva, tristeza, dor, alegria, esperança, tudo. É muito difícil continuar lidando com as situações depois que se alcança esse limite, as vezes só queremos passar um tempo sozinhos e tentar lidar com isso de alguma forma, mas nosso corpo e nossa mente não foram feitos para aguentar tudo e sozinhos fica ainda mais complicado, muita gente odeia aceitar ajuda, outros não conseguem fazer nada sozinhos, não existe muito meio termo porque infelizmente nossa espécie é teimosa demais para isso, mas existem as pessoas que estão sempre dispostas a ajudar e aquelas que lutam contra seus próprios instintos e abaixam a cabeça quando precisam, que sabem aceitar e entender quando estão próximos ao seu limite, pedir ajuda não é errado, não é vergonhoso, aceitar ajuda não é vergonhoso e ajudar alguém é o que pode mudar o mundo em que vivemos. Tem muita gente que se preocupa muito mais com o bem estar alheio do que com os próprios problemas e limites, com o tempo essas pessoas tendem a explodir, pois criam uma bola de neve que anda rápido demais para ser parada e quando explodem elas precisam de muita ajuda, de muito cuidado, porque explodir dói e sempre leva um pedaço importante de alguém junto. Tente não explodir, conheça seus limites e nunca esteja sozinha o suficiente para se perder em meio a neve.

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Eduarda e Bianca tinham muitas coisas em comum, uma delas era o fato que as duas gostavam de acordar cedo para se exercitar, a ruiva costumava ir para a pista ou correr pelo bairro, as vezes se empolgava e ia até o centro da cidade, Duda preferia ir para a praça, dar algumas voltas e observar as pessoas indo trabalhar ou fazendo seus próprios exercícios, sentindo a brisa boa da manhã refrescar seu corpo. Aquela manhã de sábado não foi diferente, a órfã levantou cedo, se arrumou, comeu uma maçã e saiu, tudo corria bem até abrir a porta do orfanato, quando saiu da construção a morena se deparou com um carro muito conhecido, tinha alguém dentro que estava inteira manchada de sangue, assim como boa parte do interior do veículo e parecia encarar um ponto fixo no chão, se aproximando do carro ela se assustou com a quantidade de sangue, além do pequeno canivete suíço que descansava no painel do automóvel, porém também foi capaz de concluir que a menina não encarava um ponto fixo estática e sim dormia, Eduarda estava assustada e bateu no vidro tentando chamar atenção da ruiva, que acordou assustada e passou a mão no rosto sujando-o também, Bianca tinha dormido menos de uma hora naquela noite inteira, assim que despertou esfregou os olhos e logo se lembrou de tudo o que tinha revivido na madrugada, olhando para o vidro para entender quem tinha lhe acordado a menina encontrou com a morena que lhe encarava preocupada, quando os olhares se encontraram a Oledon sentiu vontade de chorar, estava tão cansada, tão esgotada, precisava ser cuidada, precisava de um porto seguro e Eduarda era o melhor de todos.

A menina abriu a porta do carro e rapidamente sentiu as mãos suaves da órfã tocando seu rosto, ela analisava tudo preocupada com o que havia acontecido, passou os polegares na bochecha da ruiva e a puxou para um abraço, como se estivesse aliviada, aquele aperto carinhoso e preocupado foi o ápice para a Oledon que não aguentou e começou a chorar como uma criança, nos braços da morena, que acariciava suas costas. Elas dividiram aquele momento por alguns minutos, até que a ruiva pudesse respirar mais devagar, Eduarda analisou todo o interior do carro e achou muito estranho o estado que o mesmo estava, já que ela sabia que aquele era o bebê de Bianca.

— O que houve aqui? — Bianca estava envergonhado, então nem respondeu, continuou com o choro silencioso e baixou a cabeça. — Por que dormiu no seu carro minha ruivinha? O que aconteceu? De onde vem todo esse sangue? — A morena estava muito confusa com toda aquela situação, mas uma coisa ela tinha certeza, precisava cuidar muito bem da mais alta que estava tão frágil em sua frente, frágil de um jeito que a órfã nunca imaginou que a ruiva poderia ser.

Quase Invisível (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora