Cap 20

55 8 20
                                    

As luzes eram claras demais, faziam seus olhos arderem, quase como se fossem queimá-los, então novamente se fecharam, o barulho era alto demais, ensurdecedor, cheio de bips, então ela focou no cheiro, era gelado, misturava cheiro de metal, sangue e........ tacos? Ela não tinha certeza de mais nada depois daquilo, o que poderia ser? Onde ela estava? Por que era tão claro? Tão barulhento? Tão confuso? Ela se sentia levemente perdida, se sentia estranha, com algumas pontadas no abdômen, suas pernas estavam leves, pareciam anestesiadas, ela não entendia aquela sensação, então decidiu enfrentar aquela atmosfera novamente, abriu os olhos mais uma vez, ainda muito incomodada com a luz, porém encarou aquela realidade com mais força daquela vez, os bips ficaram mais rápidos quando ela finalmente conseguiu enxergar com clareza, estava em um hospital, de novo. Então seu sonho não era um sonho, era real, olhou para o lado virando o rosto devagar, se sentia enferrujada, então viu sua irmã e uma garota morena que ela não conhecia, sentadas nas poltronas do quarto, ai ela entendeu, não era um sonho, era uma lembrança, mas era diferente de como lembrava, pois era ela na cama daquela vez. 

Bianca estava conversando sobre banalidades com Duda, quando pela sua visão periférica viu um movimento lento e silencioso, se virou com pressa, com medo de mais uma vez ser só coisa da sua cabeça e encarou os olhos azuis escuros semiabertos e confusos lhe encarando, correu para o lado da cama e abraçou a irmã forte, mas com um certo cuidado.

— Você finalmente voltou. — Léa escutou a voz marejada da irmã, estava abafada por conta do abraço.

— Desculpa, desculpa Bi, eu não deveria ter te deixado sozinha, me perdoa. — A Oledon mais velha se referia ao coma da mais nova, anos antes, a lembrança que teve a colocou em outra perspectiva quando acordou, afinal, Bianca estava ali, ao seu lado, esperando ela acordar, mesmo depois de ter mentido para a mais nova, mas Léa não estava ao lado da irmã quando a ruiva acordou de seu próprio coma e praticamente nem esteve ao seu lado durante o tempo que a menina passou internada. — Desculpa, por ter mentido pra você, desculpa por ter escondido quem eu fui nos últimos tempos, desculpa por tudo Bi. — A voz da agente estava completamente rouca, quase inaudível, e falar queimava sua garganta, mas ela precisava dizer o que sentia, não podia esperar mais.

— Você quer um pouco de água? — Ouvindo a voz rouca da mais velha, ela ofereceu o líquido, ignorando aquelas palavras por hora, elas precisavam conversar, era verdade, mas a menina estava mais preocupada em garantir que a morena ficasse bem. Ao fundo, Eduarda levantou da poltrona e se aproximou levemente, não queria atrapalhar o momento das irmãs, só se certificar que elas estivessem bem.

Léa assentiu com cabeça aceitando a água e entendendo o que a ruiva estava fazendo, deixando aquela conversa para mais tarde, se sentindo aliviada, pois parecia que tudo ficaria bem, ela tomou a água devagar, refrescando a garganta e respirando fundo, se sentindo um pouco melhor.

— Eu vou chamar um médico pra te ver, já volto. — Bianca soltou a irmã e correu pra fora do quarto sem nem dizer nada, ela estava muito agitada. E Eduarda ficou no quarto, quieta e com vergonha, as duas morenas se encararam por um momento, coisa rápida, e logo voltaram a olhar para o nada.

Jane tinha acabado de virar o corredor de cabeça baixa, estava com muita raiva das coisas que tinha descoberto e não queria que nenhum agente a visse assim, não queria que percebessem que algo estava errado, quando ergueu o olhar se deparou com Bianca correndo pra fora do quarto e Léa acordada, acelerou o passo e entrou rápido com um sorriso no rosto, mas o sorriso morreu quando viu que Eduarda ainda estava ali, tentou disfarçar e ficou séria.

— Com licença, será que eu posso conversar com a agente Oledon por um minuto Eduarda? — Perguntou esperançosa, Duda abriu um sorriso e assentiu com a cabeça, caminhando para o lado de fora do quarto, mas parou na porta e se virou pra dentro novamente.

Quase Invisível (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora