Descontrole

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   Quando fechei a porta atrás de mim a primeira pessoa que vi foi o diretor Christian. Sua aparência estava exausta. Olhei para a entrada da cozinha quando ouvi o barulho de algo se quebrando e minha mãe veio correndo em minha direção. Ela me abraçou, pensei em afastá - la, porém, depois de tudo o que aconteceu, um abraço de mãe é a melhor coisa para reconfortar. Ela fez um gesto indicando para que eu sentasse no sofá, em seguida fez o mesmo.
   Segurou minhas mãos e parecia procurar as palavras certas. Ficamos daquele jeito durante um bom tempo. - Por onde você andava? -Ela perguntou muito calma, mas isso não me surpriendia mais, ela sempre fazia isso, começávamos calmos e no fim, a confusão já estava formada.-

- Estava muito estressado, precisava de um tempo para mim. - Dizer tudo o que aconteceu não resolveria nada.-

- Você passou a noite e o começo da manhã fora. Você consegue imaginar como eu me senti nessas horas que você esteve longe de casa? Eu quase morri. - Ela continuava calma.-

- Já falamos sobre o que eu acho de seus sentimentos. Eu estou aqui e estou bem, é isso que importa. - Tentei manter a mesma calma que ela transmitia, já que de um jeito ou de outro íamos discutir, não queria ser a pessoa responsável a começar tudo.-

- Eu te... Eu te dei uma chance e você jogou fora, como se joga... Se joga... Qualquer no lixo.

- Dany, eu realmente preciso descançar. - Soltei nossas mãos e esperava que ela se alterasse naquele momento, mas ela não fez nada.-

- Suba para seu quarto e aproveite para organizá - lo. Quando chegar, não quero mais encontrar aquela zona que ele está. - Em momento algum ela se alterou e eu não tinha forças para dar partida a uma briga. Tinha muita coisa a falar, especialmente a Christian, mas decidi fazer isso em outra ocasião, queria muita minha cama. E ao entrar no quarto foi a primeira coisa que fiz.-
   Acordei por volta das três da tarde. Minhã cabeça doía muito. Levantei e peguei minha toalha, precisava tomar um banho, talvez aquela dor passasse.
   Assim que acabei, percebi que a água, que sempre melhorava, não fez efeito algum. Me vesti, e meus problemas eram tantos, que teria que encontrar alguma maneira de tirar toda aquela sobrecarga de mim.
Peguei o pouco de dinheiro que ainda tinha na carteira e saí de casa. Tinha que encontrar algum lugar que vendesse analgésicos. Deixei de sair nas ruas desde que meu único amigo de infância, o único que brincava comigo quando todos os outros meninos da minha rua me recriminavam, o único que compareceu a minha primeira e única festa de aniversário, foi embora. Parei em frente a sua antiga casa que agora não era habitada por ninguém. Ela estava em péssimo estado, com uma aparência de casa mal assombrada. Lembrei dos poucos momentos que tivemos juntos, ele era muito legal comigo, ao contrário de sua mãe, que me achava uma péssima influência. Ri ao lembrar do dia que Igo - era assim que ele se chamava - e eu caímos da casinha da árvore.
   As lembranças eram boas, mas precisava comprar meu remédio. Depois de andar quase um quarteirão, encontrei uma loja aberta, ela parecia vender de tudo, e e espero que remédios também. Ela não era muito grande, algumas prateleiras, dois caixas, e lá no final, para minha sorte, uma farmácia. Ao me aproximar, uma menina veio sorrindo em minha direção, pedi o que queria e em poucos minutos ela voltou com uma sacolinha. Já estava ali, e decidi dar uma olhada no que eles vendiam. Não me agradei com nada. Fui até o caixa e paguei.
De trás do rapaz muito educado que me atendeu, vi algo que poderia me ajudar a desabafar. A parte da frente era do meu agrado, cheia de caveirinhas.
- Por favor, posso olhar esse caderno?-Não era bem um caderno e sim um diário.-

- Esse? - Afirmei com a cabeça.-

- Quanto custa?

- Nove reais.

- Eu vou querer.
   Sai da loja muito constrangido. Cheguei em casa, tomei meu remédio e como já era de costume fui para o meu quarto. Abri o diário e pensei no que escrever. Tinha medo de escrever tudo e alguém encontrá - lo. Deixei ele de lado assim que lembrei o pedido de amizade que Eduardo mandou no facebook, depois do acontecido acho que já poderia considerá - lo amigo. Levantei a tela e sem que eu fizesse nada, a luz se acendeu, a foto do Duda apareceu e eu aceitei logo. Começei a olhar suas fotos e tinha bastante com sua irmã, algumas com Ana, e uma com ele, sua irmã, um homem e uma mulher, acho que eram seus pais. Passei algumas rápido, mas voltei assim que vi uma pessoa diferente. Era uma menina, muito bonita. Eles estavam abraçados, talvez fossem amigos ou até mesmo primos.
   A porta se abriu e fechei o computador, minha mãe passou com tudo por ela. Ao ver como meu quarto ainda estava, aquela calma que parecia ter mais cedo, sumiu. Seus olhos ferviam de raiva.
- Pode explicar o porquê disso? - Fez um gesto abrangendo o quarto.-

Odeio ser assim (Conto gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora