Odeio ser assim (Conto gay)

Recomeço...

Estou caindo. Já faz muito tempo que estou caindo. Aqui não se vê nada, apenas o escuro. Meu corpo está em queda livre, estou afundando a cada dia.
Eu quero gritar, mas minha voz está perdida. Quero segurar em alguma coisa que me faça parar de cair. Esse abismo não te fim. Parei de contar quanto tempo... Nem sei porque estou indo para esse lugar... Um lugar que eu nem sei para onde vai me levar.
Durante esse período, choveu, fez calor, mas o sol não apareceu, o tempo todo está sendo escuro. Olhava para todos os lados, mas não encontrava nada para me salvar.
Eu sempre quis voar, mas não desse jeito. Eu só consigo lembrar de fogo e... O rosto de alguém... De um menino, eu sei que conheço ele, mas não sei de onde. Estendi minha mão para ele, mas ele somiu de repente.
Quero gritar. Quero parar de cair. Mais dias vão se passando e eu vou continuando a cair. Eu nunca mais vou parar, nunca mais.
Gritos assustadores estavam fazendo com que meu ouvindo doa. Meu corpo vai girando no ar e eu sei que quero que isso acabe.
Meus olhos estão saindo lágrimas e meu corpo acelera. Agora eu consigo enxergar o chão. Estou de cabeça para baixo e sei que se conseguir alcançar o fim, morrerei, se é que já não estou morto.
Fecho os olhos e peço uma salvação. Uma claridade aparece... Por impulso abri meus olhos. O que antes era repleto de escuridão, agora está muito claro.
O chão parece ser feito de água, com certeza meu corpo passaria por ali sem problemas.
Olhei para cima e para os lados. Tudo era branco. Um vento muito forte entrou e começou a me deixar sem ar. Balançava meu corpo de um lado para o outro e coloquei minha mão na garganta, mas o ar estava saindo do meus pulmões e me sufocando.
Voltei a olhar para o chão e meu corpo atravessou, do jeito que eu imaginei que aconteceria...

Abri meus olhos rápido e eles arderam imediatamente. Estava sufocando e me sentei mais rápido do que eu pensei que poderia conseguir.
Quando meus olhos conseguiram enxergar alguma coisa, vi um monte de gente ao meu redor, e isso me sufocou mais ainda.
- Se afastem!- Uma mulher falou. Meus pensamentos estavam confusos. Ela me deitou novamente e começou a fazer algo.-

- Dreuh!- Olhei para o lado e acho que esse é o meu nome. Ele era loiro.- Você está vivo.- Todos começaram a chamar por Dreuh. Meus ouvidos começaram a doer e começou a sair lágrimas dos meus olhos.-

- Saiam todos!- Um homem gritou. Eles obedeceram e saíram.-

...
Todos começamos a orar. Minha mãe estava com as mãos nos aparelhos, pronta para desligar tudo. Ela só estava esperando a autorização da Dany que chorava muito.
O corpo do Dreuh começou a se mexer. O corpo do grande amor da minha vida. Ele estava impaciente, parecia está sufocando.
Meus pais tentavam fazer alguma coisa mas ele continuava se contorcendo.
De repente ele se sentou e parecia sem ar.
- Se afastem!- Minha mãe falou. Ela estava nervosa e eu mais ainda.-

- Dreuh!- Eu gritei. A cabeça dele pendeu para o lado e sei que ele me olhava.- Você está vivo.- Continuei.-

- Saiam todos!- Meu pai falou. Todos começamos a sair rápido, mas eu dei uma última olhada nele e segui os outros. Era uma mistura de aflição e felicidade.-

...

- Dreuh olha para mim.- A mulher falou e eu obedeci.- Você precisa se acalmar. Solte a respiração devagar. Fique calmo.- Eu estava fazendo o que ela mandava. Estava soltando minha respiração lentamente.- Se você estiver me ouvindo balançe a cabeça uma vez.- Eu balançei.-

- Coloque a máscara de oxigênio.- O homem falou e ela obedeceu. Minha respiração começou a ficar estabilizada.-

- A frequência do coração voltou ao normal.- Ele falou.-

- A respiração também.- Ela disse e me olhou.- Você está sentindo alguma dor?- Balançei a cabeça em sinal negativo.- Balançe a cabeça de acordo com a quantidade de dedo que eu colocar na sua frente.- Balançei duas vezes.- Eu vou tirar sua máscara e tente falar alguma coisa.- Ela tirou a máscara do meu rosto.- E... E... E... Eduardo.- Disse devagar e sem saber quem era. Eu só sabia que precisava dizer esse nome.-