Um balanço no carro me acordou, acho que passamos por um buraco. Meus olhos arderam e minha cabeça doeu. Tudo ainda estava um pouco duplicado, mas sabia para onde estávamos indo. E sabia mais ainda o que me esperava quando chegássemos em casa.
Christian estava sério. Eu estava no banco de trás. Ele me olhou pelo retrovisor.
- Sabe o que vai acontecer, certo?- Ele perguntou.-- Sim... Dany vai comer todos os meus orgãos, depois vai vomitá - los e vai me fazer comê - los em seguida.- Começei a rir. Não era a situação mais apropriada para piadas, mas era o efeito da maconha.-
- Que bom que está se sentindo bem para resolver isso. Sua mãe acreditou em você. Você prometeu não se drogar.
- Só foi hoje, tá? Eu tô legal. Fica frio.
- Se você falar assim perto da sua mãe, está muito encrencado.
- Não tenho medo dela. Nada mais pode me machucar. Já sofri de mais hoje.
- O que aconteceu?
- Nada.- Gritei.- Para de agir como se fosse o meu pai, porque você não é.- Ele ficou em silêncio e eu começei a mexer no meu celular.-
"Nem pense em falar nada para ninguém. Você escolheu namorar comigo. O.k?" Mel me enviou. Segurei as lágrimas que ameaçavam cair a qualquer momento.
Chegamos em casa e Dany saiu rápido. Ela abriu a porta do carro e me puxou de dentro. Estava tonto. Ela segurou na gola da minha camisa e começou a me balançar. Eu não tinha forças nem para me defender. Ela gritava comigo e arrancou meus óculos.
- Você está acabando com você.- Ela gritou e me jogou no chão. - Entre que vamos conversar.- Eu começei a rir e Christian me levantou.-
Quando entramos, Dany estava sentada no sofá.
- Eu já cansei de fazer essa pergunta. Cansei de tentar saber o porquê de estar fazendo tudo isso. Qual o próposito? Me deixa louca? Se for, parabéns, você está conseguindo.- Você acha que o mundo gira em torno de você caralho?- Gritei. Estava com uma vontade muito grande de xingar.-
- Que expressão é essa?- Ela levantou.-
- É a que eu quero usar. O que vai fazer? Costurar minha boca?
- Não.- Ela gritou ficando perto do meu rosto.- Você vai ser internado.- Ela sentou e eu fiquei sem reação.-
- Você não pode fazer isso comigo.- Começei a chorar.-
- Você pediu tanto que eu acreditasse em você... Eu até começei, mas isso... Essa sua cena foi ridícula e o cúmulo para mim. Sempre quis ter um filho que fosse calmo. Estudioso.
- Eu estudo...
- Não... Você vai para a escola, é diferente. Sei muito bem que você corre o risco de ser reprovado. E ao invés de gastar o tempo que você tem para fazer algo interessante, você simplesmente sai com os seus amigos, e faz essas coisas.
- Ninguém me obriga a fazer nada. Ninguém nunca me obrigou.
- Ah não? Por favor Dreuh, já fui jovem e sei como as coisas funcionam.
- Você fez as suas escolhas erradas e isso, não significa que eu vá fazer o mesmo.
- Sim, eu fiz. E é exatamente por isso que estou tentando abrir seus olhos para a vida. Nem tudo é diversão.
- Eu sei disso...
- Claro que não sabe. Olha o que está fazendo com você. Vai para festas, se droga. Coloca piercings em quase todo o rosto. E faz uma tatuagem. Você acha que isso é saber que a vida não é brincadeira?- Ela começou a chorar.-
- Você sempre me tratou assim... Só mudou quando meu pai foi embora. Mas logo que me recuperei, você voltou a ser a verdadeira Dany. Você agi como se eu fosse algo indesejado na sua vida.
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Odeio ser assim (Conto gay)
NouvellesPrimeiro Livro Com o passar do tempo, Dreuh começa a querer saber o porquê de ser diferente dos outros meninos da sua idade. Procura respostas, mas sem sucesso. Ele nunca pensou em se envolver com alguém e ter uma paixão avalassadora. Isso até conhe...