Para sempre...?

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Eduardo

Acordei às oito. Ainda estava no hospital. Minha mãe ainda não havia chegado, e eu ainda não tinha visto o Dreuh depois da operação.
Levantei e saí pelo corredor. Precisava escovar os dentes, só que não tinha a escova de dentes.
Logo a mesma enfermeira da noite anterior me viu, e veio na minha direção.
- Algum problema Senhor?- Ela perguntou.-

- Não... Eu só queria escovar os dentes, mas não trouxe nada. Você sabe alguma coisa da minha mãe?

- A doutora Meury ligou e disse já está vindo para cá. Sugiro que me acompanhe até o quarto.

- Claro.- Eu disse e a segui.-
Ela conversou comigo um pouco.
Fiquei sentando na cama esperando minha mãe.
Como combinado, às nove ela entrou no meu quarto.
Tomei um banho e escovei os dentes. Quando saí do banheiro, Meury segurava uma bandeja com o meu café da manhã.
Comi em silêncio.
- Eu falei com a outra médica que estava na operação do Dreuh.- Minha mãe disse depois que acabei.-

- E o que ela falou?

- Disse que o orgão prejudicado já não funciona muito bem, e se continuar assim...

- Já entendi.

- Ele também perdeu muito sangue. O do tipo dele é raro, o do seu pai é o mesmo, só que ele não está aqui, e o estoque de sangue do hospital está acabando. Há outros pacientes que precisam.

- Quanto tempo até não ter mais para ele?

- Só mais dez dias.

- Ele vai ficar todo esse tempo aqui?

- Se não aparecer mais sangue... Ele não fica nem aqui e nem em outro hospital.

- E os outros hospitais não têm sangue?

- É mais complicado do que você pensa. Como falei, o sangue dele é dos mais raros, não se pode conseguir assim tão fácil.

- Quanto tempo papai vai ficar fora?

- Onze dias.- Ela olhou para o outro lado do quarto.-

- Ele não pode voltar antes?

- Infelizmente não. Essa viagem foi adiada quinze vezes, era ele ou eu. Ele preferiu ir, não sabia que isso aconteceria.

- Tudo bem.

- Sério?

- Não. Não está tudo bem, mas eu não posso fazer mais nada. Sou um fracasso total.

- Não diz isso.

- Ele vai morrer... Morrer.- Segurei as lágrimas.- Já é segunda vez que ele está nessa situação. Ele pecou tanto assim?

- Às vezes, certas coisas acontecem por um motivo. Ele morrer, talvez já esteja nos planos de Deus.

- Que Deus é esse que quer levar o meu melhor amigo? Eu não concordo.

- Você está nervoso. Não fale coisas que vá se arrepender mais tarde. Você vai superar.

- E se eu não quiser superar nada? E se eu simplesmente não quiser?

- O tempo está encarregado de acertar tudo. Tenha fé meu filho... Tenha fé.

- Nessa altura do campeonato é mais difícil do que você pensa. Foi tão pouco tempo que ele passou bem, e agora, já está assim de novo. Nada faz o menor sentido. Nada.

- Bem, logo vai ver sentido em tudo... Eu acho. Ele não morreu ainda.

- E quais são as chances de sobrevivência?

Odeio ser assim (Conto gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora