Uma semana fora daquele hospital. Uma semana depois do incêndio. Uma semana sem ver o Dreuh. Uma semana que o amor da minha vida está em coma. Estou desesperado, mas meus pais não me deixaram ir vê - lo.
Todos os dias peço a eles, mas eles acham que aquele ambiente não é o melhor para que eu me recupere.
Minhas costas ainda estão um pouco machucadas e meus braços também, mas sei que suportaria qualquer coisa para estar perto dele.
A única coisa que lembro daquela madrugada, é da voz dele pedindo por socorro.
Essa semana foi a mais difícil, porque por mais que eu queira ser otimista, tenho muito medo que ele não consigo sair dessa. Fiz as mesmas coisas esses dias. Tomei banho, remédios, comi, entrei no meu quarto, chorei e dormi. Só conseguia pensar nele e em uma maneira de convencer meus pais a me levarem ao hospital, mas nada.
O bom, pelo menos eu espero que seja, é que Meury e Jason ficaram mais presentes na minha vida. Bianca foi para a casa da nossa avó.
Ana como sempre, está ao meu lado. Ela sempre tenta me animar e fala coisas que me animam um pouco. Ela passava a tarde comigo e eu a amava.
Desci as escadas com um pouco de dificuldade e entrei na cozinha. Como disse, hoje faz uma semana que Dreuh está naquela cama de hospital, sem poder levantar, falar ou fazer qualquer outra coisa.
Ana estava em pé e fazia alguma coisa no fogão. Sentei na cadeira e ela me deu bom dia. Tomei meu café da manhã devagar e não tinha ânimo para nada.
- Bom dia!- Meury e Jason disseram em uníssono entrando na cozinha.-- Bom dia!- Disse animado. Fazia parte do meu plano.-
- Como está filho?- Minha mãe perguntou.-
- Muito bem. Muito animado e disposto. Não sinto mais nenhuma dor.
- Que bom.- Meu pai falou.-
- É, é muito bom mesmo. Eu posso até ir visitar o Dreuh no hospital.
- Não é uma boa ideia.- Meury falou.-
- Ah mãe, por favor. Já faz uma semana que você diz a mesma coisa. Não acha uma boa ideia. Você precisa se recuperar primeiro. Aquele ambiente não é o ideial.- Imitei a voz dela e eles riram.- Mas veja só: já estou recuperado.
- Ainda assim.- Jason disse. Joguei minha colher no prato e andei em direção a porta.- Onde você vai?- Jason perguntou e eu virei para olhá los.-
- Para o meu quarto é a única coisa que vocês me permitem fazer.- Bufei.-
- Que pena, pensei que você fosse querer ir no hospital conosco.
- Eu não quero ir a lugar nenhum que não... Espera aí, hospital?- Eles riram.- Onde o Dreuh está?- Eles concordaram.- Claro que eu vou. Agora?
- É, ele ainda está em coma, mas já pode receber visitas.- Meury falou.-
- Eu vou só vestir outra roupa e desço.
- Acho bom não demorar se não mudamos de ideia.- Meu pai disse e eu subi às escadas correndo.-
Troquei de roupa muito rápido e voltei para a cozinha. Meus pais estavam tomando café.
- Vamos?- Falei rápido.-- O quê? Mais já?- Meu pai falou.-
- Fala sério pai, vamos logo.- Eles levantaram e entramos no carro.-
Quanto mais nos aproximávamos, mais meu coração ficava em êxtase. Uma mistura de medo, ansiedade e felicidade por ir ao encontro dele.
Meus pais falavam comigo mas eu só ficava pensando no que dizer para ele. Eu o amava tanto que não queria pensar em perdê - lo.
Entramos no hospital e estava ficando nervoso. Meus pais me acompanharam até a sala que ele estava mas me deixaram entrar sozinho. Eu achei melhor. Queria privacidade.
Antes mesmo de olhar no rosto dele já estava chorando. Fechei a porta atrás de mim e dei passos leves para me aproximar. Ele estava com aquela roupa azul de hospital. Tinha um aparelho no seu peito medindo seus batimentos e ele estava normal. Também havia uma cânula no seu nariz para ajudá - lo a respirar.
Ele estava imóvel. Não mexia um músculo. Minhas lágrimas não estavam mais sob controle. Na verdade, depois que eu conheci esse cara, nada mais na minha vida ficou sob controle.
- Oi.- Disse em meio as lágrimas.- Nem sei se você está me ouvindo, mas quero que você saiba que eu ainda te amo e sempre vou te amar.- Passei a mão no rosto dele. Ele estava muito pálido.- Depois que eu conheci você não tive mais controle das minhas emoções, você tira toda minha sanidade e é justamente isso que faz com que eu te ame a cada dia. Eu não consigo parar de pensar em você um segundo. E te ver aqui... Nesse estado e sem poder fazer nada, acaba comigo.- Sentei na cadeira ao lado dele.- Desculpa, eu quis vim antes mas você sabe como são meus pais, eles não deixaram. Hoje, quando eles disseram que poderia vir, nossa, nem sei explicar o tamanho da minha felicidade.- Dei um leve sorriso.- Mas confesso que não queria te ver nessa situação. Você está tão vulnerável, parece que qualquer coisa pode... Pode...- Um nó estava se formando na minha garganta.- Você não pode ir, eu não vou aguentar, minha vida não será a mesma. Eu sei, estou sendo egoísta, só estou pensando em como eu vou ficar. Nem sei se você quer ou não mais ficar no plano terreno, mas... Mesmo que nada esteja sendo bom para você, eu peço que você dê mais uma chance a você, vou fazer de tudo para te fazer o homem mais feliz do mundo.- Levantei e fiquei encarando ele.- Até nesse estado você é lindo.- Beijei a testa dele. Ela estava um pouco fria assim como todo o seu corpo.- Estou sofrendo muito Dreuh, por favor, por favor, não me deixe.
Não sabia mais o que falar. Se houvesse uma maneira de transmitir tudo o que eu estava pensando para ele, seria muito mais fácil.
- Você precisa ir.- Meury entrou no quarto depois de uma hora.-
É, passei uma hora olhando para ele, sem falar nada. Apenas olhando.
- O.k.- Disse e saímos. Jason ficou no hospital e ela me deixou em casa.-
Estava um pouco mais calmo por ter visto ele.
- Oi Eduardo.- Ana entrou no meu quarto.- Você não desceu para almoçar e eu trouxe isso para você comer.- Ela segurava uma bandeja.-
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Odeio ser assim (Conto gay)
Historia CortaPrimeiro Livro Com o passar do tempo, Dreuh começa a querer saber o porquê de ser diferente dos outros meninos da sua idade. Procura respostas, mas sem sucesso. Ele nunca pensou em se envolver com alguém e ter uma paixão avalassadora. Isso até conhe...