Eu Sempre Soube - Parte 2 (DUSKWOOD)

Capítulo 6 - A floresta.

A floresta de Duskwood mesmo sendo extensa, ainda estava longe de onde moramos. Seriam cerca de 40min dentro do carro e apenas vinte se passaram desde que Jake e eu saímos de casa. Ele estava concentrado na estrada enquanto eu estava ao seu lado mexendo no celular, não falamos nada sobre o que aconteceu no quarto desde que saímos. Uma parte de mim queria falar sobre para quebrar o clima estranho, mas o que eu falaria?

Jake tentou me beijar e eu recuei. Não sei o porquê, mas recuei. Foi uma atitude involuntária do meu corpo, eu devo ter ficado nervosa quando o vi vindo até mim e só aconteceu. Eu não saberia como explicar isso, talvez fosse melhor não tocar no assunto e esquecer que isso aconteceu, torcia para que ele fizesse o mesmo.

O restante do caminho se passou silencioso, Jake estacionou o carro em frente a trilha que iríamos seguir e saiu do carro primeiro. Eu peguei as nossas coisas que estavam no banco de trás e também saí do carro, olhando para todas as árvores ao redor.

— Você está pronta? — Jake me perguntou.

Eu assenti e o entreguei a sua mochila, em seguida, entramos na floresta. Jake seguiu na frente para abrir o caminho e eu fui logo atrás dele, a escuridão dificultava o nosso caminho, mas uma lanterna chamaria muita atenção. Éramos a única proteção um do outro, eu estava com medo, é claro, mas a presença do Jake ali me deixava mais aliviada. Fiquei atrás dele com os olhos fixos nas suas costas, aquele silêncio estava sendo quase torturante, a única coisa que se escutava eram os nossos passos quebrando galhos secos no chão.

Jake estava com as duas mãos dentro do bolso do moletom, eu quis me aproximar dele e passei o meu braço por baixo do dele, fazendo com que nós dois andássemos grudados. Ele olhou pra mim e sorriu fraco, depois tirou a mão do bolso para segurar a minha. Comecei a me sentir mais a vontade com o toque, o gelo entre nós estava se quebrando aos poucos, finalmente. Entrelacei nossos dedos e andamos de mãos dadas até o nosso destino.

— O que acha que tem lá? — perguntei, apontando para o celular dele onde mostrava para o lugar que estávamos indo.

— Talvez uma cabana abandonada, essa floresta tem várias delas. Caçadores costumavam morar aqui.

— Meu pressentimento é que vamos sair daqui enrolados em um saco preto.

— Quando foi que virou uma medrosa? Já lidamos com coisas bem piores.

— Em nenhum dos casos nós estávamos no meio de uma floresta durante a noite — respondi enquanto tirava teias de aranha que insistiam grudar no meu rosto. — Eu odeio florestas.

— Você insistiu por isso, agora só nos resta lidar com as consequências — respondeu ele, irônico. — Relaxa, já estamos chegando.

Jake soltou uma risada baixa ao me ver limpando o rosto, ele me ajudou com o cabelo e voltamos a andar.

— Sobre aquela hora que... — comecei a falar sobre mais cedo, mas ele me interrompeu.

— Não precisamos falar sobre isso. Desculpa se eu fui rápido demais.

— Você não precisa se...

— Esqueça, já passou.

[...]

Nós dois chegamos na cabana minutos depois, peguei a faca que eu tinha levado e me aproximei da porta para ver se tinha alguém dentro. Aparentemente, estava abandonada e não tinha ninguém dentro dela, Jake olhou ao redor e confirmou que não tinha ninguém. A porta estava fechada, mas não trancada, então a chutei com força e esperei qualquer movimentação vir lá de dentro.

— Parece que não tem ninguém mesmo. Vamos entrar — diz Jake.

— Não — o impeço de entrar com um puxão pra trás. — Alguém tem que ficar aqui na porta e vigiar. Se você entrar, nós dois vamos nos distrair, vamos ser alvos fáceis caso ele apareça.