J. D. OLIVEIRA APRESENTA:
A PONTE DO AMORA porta do elevador se abre.
Caminho com ímpeto pelo corredor, checando cada sala em obra pelos pedreiros, há dois em cada escritório em reforma. Em minha direção vem uma apressada Giulia com um smartphone na mão e uma bolsa pendurada em um braço.
Giulia tem uma pele lisa e muito bem hidratada, coloca inveja em qualquer modelo internacional, negra e sem nenhuma plástica ela exibe seus 39 anos com orgulho. Veste um vestido de tubo preto, seus acessórios (um anel, uma pulseira, um relógio, brincos e colar) são dourados e ricos, seu penteado está escondido por um turbante. Ela fica na minha frente e me lança um daqueles sorrisos falsos que só ela sabe dar.
— Como vai? A obra caminha à mil maravilhas.
— Me falaram isso também mas gosto de verificar tudo com meus próprios olhos. Temos que sair daquela pocilga de prédio o quanto antes — digo ainda caminhando rumo a diretoria e Giulia em meu encalço.
— Por isso mesmo faço questão de acompanhar o processo da obra todos os dias. Aposto que seu pai está com o peito estufado de orgulho do filho que conseguiu sair de sua aba e está abrindo seu próprio escritório — ela diz com a cara enfiada no celular enquanto passava um e-mail.
— Eu não teria tanta certeza disso. Meu pai está levantando as mãos e glorificando que eu sair dali — sorrio com ironia —, assim ele vai poder suas transações ilegais a vontade.
— Sua mãe teria um infarto se te ouvisse falando isso — Giulia sorriu.
— Nem me fale. Queria livrar a coitada das garras do meu pai mas parece que ele tem muita influência sobre ela, então...
Chegamos na ala já pronta do meu novo escritório, tudo em tons brancos e cinzas, das paredes até os jarros de flores que ainda não estavam postas. Os computadores já estavam sendo instalados assim como a rede de Wi-Fi e os tablets dos funcionários.
A secretaria já estava organizando tudo por ali e saindo e entrando do que vinha ser minha futura sala. Entrei nela junto com Giulia que colocou sua bolsa em cima de uma cadeira e continuou mexendo no celular muito concentrada em sua digitação. Lanço um olhar gélido para minha secretária que entrava toda hora para organizar ou pegar coisas enquanto tagarelaba sobre as atualizações da transferência do escritório para esse novo prédio e ela entendeu que não era mais bem vinda ali.
— Praticamente um lorde — Giulia ironizou com um sorriso maléfico nos lábios.
— Não precisa fazer essas piadinhas idiotas Giulia, sabe como é meu tratamento com os funcionários e nunca ninguém reclamou.
— Isso é o que você pensa — ela jogou o celular dentro da bolsa de couro enquanto passava uma perna por cima da outra e se inclinou um pouco sobre a mesa. — Passa um dia no refeitório para ver o quanto você é amado pelos funcionários querido — sua risada agora saiu alta.
Me sentei na sua frente e me concentrei no meu computador para configurá-lo. Sabia que ela tinha razão sobre eu não ser mais querido dos chefes mas também não podia abrir brechas para funcionários incompetentes e preguiçosos que com certeza montaram em mim e daria as cartas por ali.
Giulia começa a falar de negócios, passamos e repassamos os clientes que vão nos acompanhar nesse novo escritório e os separamos dos que vão continuar com meu pai pela fidelidade de anos. Como nossa empresa está abrindo agora — mesmo estando há cinco anos mercado — será um pouco difícil encontrar novos casos bons que nos faça contratar novos advogados, enquanto isso seremos apenas eu, Giulia e o irmão dela Nicolau que está chegando do Congo em torno de dois dias.
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A Ponte do Amor
RomanceDuas histórias de amor conectadas pelo tempo. A rápida e conturbada relação de Cristóvão e Pedro parece semear algo que no futuro será duradouro e certo para Renan e Wesley. Épocas diferentes onde tudo parece ter mudado, porém, os casais enfrentarão...