Capítulo 14

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A lista continha cinco coisas que eu precisava fazer, sendo o último mais importante de todos; entregar a carta ao destinatário e era isso que eu pretendia realizar com mais cuidado, de acordo com Carla eliminei os quatro itens restantes e foquei apenas nesse último percebendo que é o mais difícil de todos, mas não impossível.

Toco na carta escrita por Pedro com um único destino e um único leitor que sumiu há décadas e ninguém soube notícias. Guardo ela no cofre do meu guarda roupa onde sempre a guardei desde que me foi dada.

Sinto-me tentado a ligar para Renan e esclarecer toda a história sobre sua avó com meu avô. Quero conversar com ele sobre o que minha tia Carla disse mas também quero ver meus amigos e esquecer tudo isso por um tempo, me divertir com eles como antes e quem sabe tomar uma saideira que me faça perder a memória.

Estou digitando o número de Betão quando o interfone toca. Deixo meu celular sobre minha cama e sigo até a cozinha, atendo rapidamente afirmando que sim, minha mãe pode subir. Às vezes esse porteiro me dá nos nervos.

Espero ela enquanto preparo seu chá favorito, coloco algumas torradas num prato e junto tudo numa bandeja de prata. Não estava esperando a visita da minha mãe num sábado a noite mas uma companhia agradável é sempre bem vinda.

Abro a porta para ela e me surpreendo ao vê-la com uma mala de mão e sua bolsa. Ela veste um cachecol sobre uma blusa rosa, seu cabelo liso e negro está todo penteado para trás, ela veste uma calça colada e um sapato de salto fino. Recebo um abraço forte e carinhoso, logo mais sinto lágrimas quente derramando sobre meu peito nu.

— Mãe, o que houve? — meus olhos aperta e minhas sobrancelhas se unem com confusão pelo seu estado emocional — O papai fez alguma coisa com a senhora?

— Bem, foi eu quem fiz alguma coisa se assim posso dizer. — ela se afasta do meu abraço e me olha dos pés a cabeça, estou apenas de calça folgado — Você está magro meu filho, tem se alimentado direito?

Minha mente fórmula a palavra "não" pois estou acumulando muito estresse no escritório e as divergências com Nico vão só aumentando. Espero realmente que todas as nossas diferenças sejam tratadas até a inauguração da minha empresa, sem falar na carta que tenho ué entregar, nas coisas que a irmã do meu avô falou sobre ele e principalmente Renan que parecia receoso comigo.

Acabou que não tenho me alimentado bem nessa semana, um belisco aqui e outro ali. Um besteira na hora do jantar e muita vodca mas minha boca fórmula a única palavra que pode tranquilizá-la:

— Sim, não se preocupe com essas coisas, mãe,

— Hum.

— Preparei um chá pra gente.

— Acho que isso vai ajudar. Tenho uma coisa pra te contar, querido. — ela vai em direção ao sofá e eu sigo ela, sirvo nossos chás e ela toma um gole profundo — É algo muito importante mas sei que você vai compreender e te conhecendo bem vai até ficar feliz.

— O que aconteceu?

— É seu pai, sabe eu estou cansada dos mandos e desmandos dele! — ela se serve novamente e foca os olhos no tapete da sala — Aconteceu que eu fiquei cansada e já venho um tempo pensando em fazer o que fiz mas tinha que tomar coragem.

— Sei — coloco minhas mãos unidas em frente ao meu queixo e aliso a barba, encarando mamãe —, eu já esperava que isso fosse acontecer uma hora ou outra, mãe.

— Pedir o divórcio hoje e me mandei daquela casa imensa e sem vida depois que você foi embora — ela balança a cabeça negativamente — Não pense que foi fácil. Ulisses é uma criatura ardilosa e ameaçou me processar por abandono de lar.

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