Capítulo 06

33 3 0
                                    

Me agacho o mais rápido que consigo e cubro meu cacete com a toalha enrolando ela na minha cintura, muito embora ainda dê pra perceber meu volume e o contorno dele. Cristóvão tira os olhos dali e segue os movimentos do meus pés quando me aproximo dele.

— Me desculpe, eu não devia ter entrado assim — ele está ficando nervoso então paro antes de ficar perto demais — É que a dona da lanchonete disse que você estava aqui e eu podia entrar.

— Ei não fica assim, foi só um descuido meu — digo.

— Vai demorar muito aí?

— Só vou me vestir.

— Então vou te esperar lá fora — ele inclina a cabeça para longe do meu olhar penetrante e foge ainda corado pela cena.

Apesar de tudo sinto algo bom no peito e percebo que ainda estou duro, então trato de sossegar para não assustar ele ainda mais, sei o quanto fica nervoso em situações difíceis ao ponto de ter um ataque de pânico.

Penso enquanto visto minha roupa normal, que a causa da ansiedade do Cris tenha começado no dia em que entrou no navio com Mia e a mãe dela, deixando seu pai e sua história para trás em busca de algo desconhecido e que talvez pudesse dar tudo errado.

Pronto com minha camisa branca e calça mas sem cueca por baixo eu volto ao salão da Vibe 50. Rose me lança um olhar reprovador e digo à ela que será apenas por hoje já que Caroline tinha estragado meu uniforme de astronauta maluco. Ela me passa um balde e um pano para limpeza do chão onde tinha caído o milk-shake.

Cristóvão está sentando no balcão comendo um sanduíche de queijo. Ele tá vestindo algo mais formal dessa vez, um termo simples com paletó azul marinho com um destaque para sua rosa azul na lapela e me pergunto qual seu significado. Cris sorri pra mim quando me vê com o balde e pergunta:

— Não sabia que estava trabalhando aqui — ele me segue e se senta próximo onde eu tinha que limpar.

— Você não tinha que está na aula?

— Acabou mais cedo que as outras turmas, eu não te vi na faculdade e então resolvi vir aqui e te vi de longe com uma garota.

— Viu é? — meu coração bate mais forte, não sei como reagiria se ele soubesse de tudo — Você ouviu o que ela disse?

— Não, eu estava na pracinha e vi de longe — ele me fita enquanto esfregou o chão com uma escova —, ela humilhou você.

— Esqueça isso, é bobagem.

— Devia contar a sua chefe — ele acena com a cabeça.

— Não ia dar em nada e eu acabaria perdendo o emprego no segundo dia.

— Sei...

Ele continuou comendo e eu continuei limpando em silêncio. Termino tudo e deixo o balde de lado, sento ao seu lado de pernas abertas na cadeira olhando pra rua que começava a ficar movimentada

— Então sentiu minha falta? — digo com um sorriso nos lábios.

Ele fica corado.

— É que você falou que ia me proteger dos arruaceiros.

— Alguém mexeu com você ou a Mia? Foi o Félix? — indago me projetando sobre a mesa.

— Não é que eu vi eles e você não estava com o grupo, achei que tivesse acontecido alguma coisa séria.

— E aconteceu afinal de contas — ergo os braços indicando a lanchonete — arrumei um emprego, passei essas últimas semanas atrás de um.

— Você vai amanhã?

A Ponte do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora