Capítulo 11

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O fusca preto da polícia se afasta a cada passo que dou em sua direção, o céu da manhã exibindo pesadas nuvens negras que anunciam uma tempestade inevitável. Estou correndo atrás deles, correndo atrás do Cris mas sei que isso é tão inútil quanto uma televisão sem antena.

Paro de correr, ofegando no meio da rua com muitas pessoas me olhando enquanto trocam fuxicos com seus amigos. Vejo Gertrudes balançando a cabeça em reprovação na frente de sua loja de comidas industriais, vejo seu Figueiredo em frente a sua loja de instrumentos de cabeça baixa mostrando pesar por minha perda súbita.

Volto para o prédio de tijolos vermelhos caminhando devagar, ainda visto apenas minha calça, estou nu da cintura pra cima e ganho olhares sedutores se algumas garotas que passeiam na rua. Na frente do prédio uma inflamação de pessoas cochichando, lanço olhares mortais para todos e uma passagem se abre na minha frente.

Subo pelas escadas até o andar de Cris e Mia, mesmo porque meu medo de lugares apertados como elevadores me causam falta de ar e incapacidade de ficar parado. Entro no apartamento tdo revirado e bagunçado, já acostumado pois era assim que Mia o deixava, pego minha camisa e me cubro.

Quando calço meus sapatos, batem na porta, pego a chave da minha lambreta irritado e sigo para a entrada. Quando abro a porta um casal me encara: são Will e Rose, franzo o cenho olhando para eles confuso, entram no apartamento sem cerimônia. O que está acontecendo aqui?

Ele veste calça jeans e camisa Polo azul, tem um óculos escuro no rosto para proteger os olhos caramelos. Ela veste uma saia plissada, a mesma que Mia usava no dia do assalto, uma blusa de manga longa e uma echarpe que cobre seus ombros e cabeça.

Will tira o óculos escuro olha abismado a casa toda revirada enquanto Rose me fita de testa enrugada e com uma expressão de fúria.

— Foi você que os denunciou? — ela indaga.

— O que? Não, de onde você tirou que eu poderia entregar meu... minha namorada e o amigo dela?

— Conheço você e seus amigos muito bem Pedro Bravalone ou devo te chamar de Pedro Perfeito como todos no colégio te chamam?

— Look my home! Hole shit! — Will grita ainda chocado com o que a polícia fez, e sei exatamente o que ele disse, sua casa?

Rose balança a cabeça andando em círculos, tira a echarpe e a joga por cima do sofá fora da posição original.

— Eu devia ter adivinhado que isso poderia acontecer, pedi aos dois que não se envolvessem com ninguém, ainda mais com alguém da sua gangue. My fucking Crist!

— Não tô entendendo nada.

Will se aproxima de Rose e me encara com a mesma intensidade que ela.

— Conte a ele, my sweet heart — ele pede.

— First... eu preciso saber se foi você quem os entregou — ela pergunta mais uma vez.

— Jurei minha palavra para eles e nunca contei nada pra ninguém, muito menos pra imigração.

— Ele vem tomando jeito há algum tempo sweet heart, levou um golpe do amigo e perdeu um filho recentemente. Confio no Pedro apesar de tudo.

— Sempre tive medo que um dos dois se machucasse com a sua proximidade mas eles estavam felizes e principalmente o Cristóvão — Rose sorrir.

— Sei que fui uma péssima pessoa antes mas eles me deram uma nova visão do mundo. Mudei muito, Rose, sabe disso pelo tempo que passei trabalhando na lanchonete — digo com sinceridade.

Caminho de cabeça baixa até a mesa onde horas atrás eu amava meu homem, meu Cris. Estou sem chão desde o momento que ele foi levado a força pela polícia.

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