A Ponte do Amor

Capítulo 21

Tiago acena para mim como um bom amigo que não vejo desde nossa formatura na faculdade, ele está atrás de um quadro falsificado do Picasso, as bordas de ouro e floridas dão um toque especial a peça mesmo ele me contando que a conseguiu num museu de imitação da arte legalizado na Espanha.

A imagem na tela do meu computador é de qualidade alta entao consigo ver cada movimento seu como se estivesse bem aqui na minha frente, na sala do meu escritório. Diferente da última vez seu cabelo não está mais longo, agora curto e espetado ele tem mais brilho e leveza que circula seu rosto unindo-se com a barba espessa e castanha muito bem aparada.

Seu rosto sempre exibe um sorriso que conquista até mesmo o mais terrível dos seres humanos, ele aperta o nariz duas vezes e volta a arrumar sua webcam, acena novamente e então diz:

— Finalmente você me ligou, já estava transbordando aqui de informações que descobri e tenho que te contar — sua voz de locutor é a mesma pelo fone.

— Espero que seja notícias boas meu amigo porque ultimamente só estou tendo preocupação e dor de cabeça — fechos os olhos lembrando das únicas coisas boas que ainda tenho ao meu lado, meu namorado, meu filho e meus amigos — mas estou conseguindo lidar bem com alguns inconvenientes.

— Estão eu sou a pomba branca da paz com essas informações.

— Oba, estou esperando.

Ele arruma alguns papéis sobre a mesa diante de si e arrasta algumas caixas de papelão atrás do notebook, faz algumas caretas e xinga quando não encontra os documentos que está procurando, reviro os olhos pois sei muito bem como ele é um bagunceiro de primeira. Quando foi passar um final de semana na minha casa ele conseguiu a proeza de deixar o quarto de hóspedes quase irreconhecível com suas tralhas.

— Estou procurando algo, Wes. Pode me contar o que desocbriu por aí? — ele instivamente leva uma mão para tirar o cabelo da testa mas parece ter esquecido que cortou aquela juba.

— Minha secretária encontrou o endereço do antigo colégio onde a mãe de Mia trabalhou, essa ideia foi do meu companheiro e foi uma boa mas quando os detetives que contratei chegaram lá se depararam com escombros e nada mais.

— Sério? Nossa que azar...

— É mais eles continuaram a busca e perguntaram pela vizinhança, disseram que demoliram toda a escola em 1986 pois já estava abandonado a muito tempo. Os professores não deixaram nenhum documento ou qualquer coisa que ligasse a mãe de Mia — digo com um ar frustrado.

Recosto na cadeira e enquanto me balanço para frente e para trás, bufo como um touro raivoso. Ouço a risada de Tiago pois ele conhece bem meu gênio quando não consigo o que quero.

— Tem sorte por sermos amigos, cara.

— O que você encontrou?

Ele finalmente acha um papel qualquer  e o ergue na altura dos olhos tapando a tela só para abaixar de novo com o mesmo sorriso de sempre, diz:

— Trabalho no governo da Espanha e isso é moleza pra mim, puxei alguns arquivos dos anos seguintes à 1956 e soube do destino de Mia Garcia — ele batuca os dedos na mesa quando faz uma pausa dramática e volta a falar novamente — vou te enviar as informações que encontrei por e-mail mas vou logo adiantando que a Mia não foi para Moscou com o Cristóvão Perez, ela passou um tempo trabalhando na lavoura com as tias e se casou com um cara político na época.

"Esse cara a levou para cidade com promessas de nova vida e conforto, ela aceitou de imediato e se mudou com ele. Depois de dois anos ela abriu uma escola de dança mas seu marido foi se tornando ciumento ainda mais a quando a Mia começou uma amizade com um professor de nome Lutero.