Capítulo 17

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Uma mecha de cabelo está na frente dos meus olhos, uma mecha apenas, nada mais. Isso não faz com que eu perca a visão completamente e posso ver daqui todos posicionados na longa mesa de mogno, aprumados em suas cadeiras e prontos para o combate que estava prestes a começar,

Meu cabelo é liso e está molhado pois acabei de chegar e como me atrasei tomei um banho rápido e corri para a empresa o mais rápido possível para não perder nenhuma decisão que meus sócios poderiam ter sem mim por perto.

Consigo ver Giulia ao meu lado, organizando a papelada que Nicolau preparou, ele está na outra ponta da mesa de frente para mim, me encarando, se é que posso denominar assim pois sua cara desfigurada não permite que possamos entender suas expressões.

O restante da mesa longa está ocupada por todos os funcionários da empresa, uma reunião extraordinária que pode definir o futuro da nossa companhia. Seria longo e próspero como a empresa de papai ou curta demais para tomar fôlego e voltar a respirar? Saberíamos em instantes e mesmo que afundassemos sem antes de começar eu tinha um plano B.

Estou em meu tento negro como breu, gravata, camisa, paletó, cinto, calça, meia, sapatos, broches, abotiadores e cueca. Essa cor me dar confiança, poder, agilidade em me articular com peixes que acham que são tubarões. Respiro fundo e pouso minha mão enfaixada sobre a boa e pálida.

Melissa arrasta um encadernado para mim, ela está do meu outro lado, de frente para Giulia. Abro a pasta e vejo uma foto com contrato e informações necessárias para um massacre completo, estava preparado para qualquer desafio que ele poderia trazer.

Levanto a cabeça novamente e encaro com um misto de fúria e nojo para ele. Nico está vestido com um terno azul, seu cabelo está solto, tranças caindo para trás de seu pescoço até ao podermos ver mais. Ele me olha também querendo me enfrentar e seus lábios inchados se esticam, eles estão rachados, seus olhos inflamados, consegue abrir somente um mas estão fracamente danificados, sua bochecha mesmo inchada está maquiado.

Apesar de tudo ele fez questão de vir aqui para esse combate que mesmo tendo a presença de tanta gente, é singular e será arriscado ao ponto de envolver milhões de dinheiro.

— Podemos iniciar — digo.

— Acho que você depois de tudo, você precisa tomar consciência dos seus atos e pensar mais um pouco. Não deve fazer tudo de cabeça quente, é o inicio do nosso negócio — Giulia começa colandos as mãos em punho sobre a mesa e olhando fixando para o irmão — Fique conosco por mais alguns meses e depois repense no que realmente quer.

— Minha decisão já está tomada irmã, não farei mais parte disso, que arquem com as consequências — Ele rebate.

— Eu mesmo não faço questão de sua presença ou conselhos na minha empresa...

— Nossa — Giulia me corrige.

— Nossa empresa, já estávamos cansados um do outra há bastante tempo — me inclino sobre a mes para que todos ouçam — Você com suas ideias inovadores e malucas de abordagem no tribunal.

— Não posso fazer nada se você é um antiguado.

— Que nunca perdeu um caso cinco anos seguidos — digo.

— Chega dessa disputa para ver quem tem o pau maior. Essa empresa não vai se resumir em egos feridos de dois homens crescidos — Giulia diz como uma mãe que não vai mais aceitar as implicações de dois irmãos briguentos.

— Todo começo de empresa e difícil, sabemos disso mas esse está sendo catastrófico, já perdemos dois clientes importantes que testemunharam o incidente na festa — Melissa aponta lendo um relatório — a notícia da sua saída não pode se espalhar e causar danos maiores.

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