Namjoon
Já vi Seokjin chorar um monte de vezes. Quando o avô dele morreu. Quando a mãe descobriu que estava com câncer. Vendo filmes com animais sofrendo. Quando ele não acordou para fazer a prova final de uma cadeira, no segundo ano de faculdade. Quando bebeu vinho demais e confessou que a chuva o fazia chorar. Independente de suas razões serem legítimas (filme triste, mãe doente) ou absurdas (a chuva), eu sempre fazia a mesma coisa. Eu o abraçava. Passava a mão em seu cabelo. Deixava que ensopasse minha camiseta com suas lágrimas e lhe oferecia uma grande quantidade de lenços de papel. (Ele não é do tipo que chora comedidamente.)
Qualquer que fosse a causa, as lágrimas sempre me abalavam um pouco, como um aperto no meu peito que eu não sabia aliviar. É o que acontece quando qualquer ômega chora na minha frente. Mas principalmente Seokjin. Porque ele é o meu garoto. A sensação esquisita no peito está aqui de novo. Mas acompanhada de algo diferente. Raiva.
Das outras vezes, eu não podia fazer nada quanto ao motivo do choro. Não tinha como impedir que seu avô morresse, ou controlar sua reação à chuva. Mas agora tenho opções. Uma delas é encher Jung Hoseok de porrada. E, no momento, é isso que quero fazer.
Não sou um cara violento, em termos gerais. Mas, desde que o vi tentando sem sucesso conter as lágrimas sentado ao volante do carro, totalmente perdido e arrasado até quando o levei para casa e o sentei no meu colo no sofá, não pensei em mais nada além de enfiar a mão na cara de nerd riquinho do Jung.
Ele é meu amigo, claro. Gosto do cara. Fico até meio chateado quando a raiva baixa e me dou conta de que não vamos mais nos ver. Mas a questão aqui não é Hoseok. É Seokjin. E ele o magoou. E isso não tem perdão.
Por outro lado...
Estou irritado comigo mesmo também. Não estava me perguntando hoje mesmo se não tinha algo de errado com eles? Não poderia ter evitado isso? Talvez sim. Pelo menos devia ter dado o alerta. Merda.
As lágrimas parecem ter parado um pouco. Ele está todo encolhido, com a cabeça sob meu queixo, soluçando com um lenço de papel na mão. Faço menção de me afastar, mas paro quando ele agarra minha camiseta. Ponho a mão sobre a dele, acariciando-a com o polegar. Tenho vontade de dizer que aquele babaca não vale as lágrimas derramadas. Relacionamento nenhum vale, mas não é o que ele precisa ouvir no momento.
Mesmo assim, aperto sua mão e tento me afastar de novo.
— Você vai sair? — ele pergunta.
— Bem rapidinho. — Dou um beijo em sua testa.
Ele me encara com os olhos vermelhos e inchados.
— Estou estragando sua noite. Você ia sair.
Aperto de leve seu joelho.
— Não me obriga a criar uma regra da casa proibindo você de dizer bobagens.
— Sou eu quem faz as regras. Não você. — Ele abre um sorriso fraco.
Eu retribuo. Esse é o meu garoto.
— Só uns dez minutinhos — digo, apertando seu joelho outra vez.
Pego minha carteira no balcão da cozinha e vou até o carro. Volto em um tempo recorde de oito minutos, com os suprimentos necessários. Uma rápida olhada pela sala de estar confirma que Seokjin ainda está no sofá, mas deitado de lado.
Procuro nos armários da cozinha, mas não consigo encontrar as taças de champanhe. Juro que a gente tinha umas dez, só que é uma casa de solteiros de vinte e poucos anos. Cristais finos não duram muito tempo aqui. Tenho que me contentar com umas taças grossas de vidro. Tiro a rolha da garrafa e encho uma quase até a boca.
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Meu melhor amigo | Namjin
RomanceSerá que vale a pena arriscar uma grande amizade em troca de um amor inesquecível? Aos vinte e cinco anos, Kim Seokjin leva a vida que sempre sonhou. Tem um namorado inteligente e responsável, um emprego promissor e a companhia de seu melhor amigo...