21. Caminhada na praia

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Seokjin

Seja lá qual for o bicho esquisito que mordeu Namjoon quando eu estava lá fora com meu pai, o efeito da picada passa quando chegamos à sobremesa: uma deliciosa torta de frutas vermelhas locais com sorvete de creme. Como duas fatias e não me sinto nem remotamente culpado.

Quando terminamos de lavar a louça e meus pais vão para a cama, estou contente como não me sinto há um bom tempo.

— Quer montar um quebra-cabeça? — pergunto.

Namjoon solta um grunhido. 

— Você e seus quebra-cabeças. Que tal uma caminhada na praia?

Olho lá para fora com uma expressão de ceticismo. 

— Uma caminhada na praia totalmente escura à beira de um mar bravo no meio da chuva em um frio de matar? — pergunto.

Ele sorri. 

— Sim. Exatamente isso.

— Eu topo.

Cinco minutos depois, estamos cobertos dos pés à cabeça — eu com o moletom da faculdade que roubei do Namjoon, ele com sua camisa de flanela. Percorremos a curta distância até a praia. Por sorte a chuva parece ter dado lugar a um sereno gelado. Não está tão frio quanto eu esperava. Como nada me deixa mais irritado que areia nos sapatos, tiro os tênis e as meias e deixo em cima de uma pedra grande e inconfundível para poder encontrar depois. Namjoon faz o mesmo, e ambos dobramos a calça até o meio da panturrilha.

Sinto a areia gelada sob os pés, mas de um jeito gostoso. Sempre adorei as viagens em família para o litoral. É um dos lugares mais bonitos do mundo, com ondas bravas e areia fofa. A alta temporada pode ser no verão, com fogueiras na praia, sorvete de casquinha e o sol brilhando no céu, mas sempre gostei mais de vir no inverno. Poucas coisas são melhores do que ficar encolhidinho debaixo das cobertas com um bom livro enquanto chove forte lá fora, ou então assar marshmallows na lareira. Além de montar quebra-cabeças, claro. Mas a melhor parte é ter a praia só para você. Bom. Para você e seu melhor amigo, no caso.

Namjoon parece ser da mesma opinião, porque respira fundo, e enfim consigo senti-lo relaxar enquanto caminha ao meu lado. A maré está baixa, o que faz a faixa de areia parecer infinita. Em uma concordância silenciosa, viramos para a esquerda, embora o lado não faça diferença. Nossa intenção não é chegar a lugar nenhum.

Caminhamos em silêncio por vários minutos antes que eu puxe conversa.

— Então, o que foi que minha mãe falou que deixou você assustado? — pergunto.

Ele fica em silêncio por um instante, acho que tentando decidir se me conta ou não. Ou quanto me conta.

— Sua mãe está preocupada com você — ele diz por fim.

Viro para ele, surpreso. 

— Sério? E eu achando que vinha novidade quente por aí...

Namjoon não faz uma piadinha em resposta, como eu esperava. Só enfia a mão nos bolsos e olha para o céu por um momento. 

— Ela acha que você não está lidando bem com o término.

Abro a boca para responder, mas fecho em seguida. É um desdobramento que não esperava.

Na maior parte do tempo, sinto que estou na mesma sintonia que minha mãe, mas essa revelação me pega desprevenido. 

— Ela falou isso mesmo?

Namjoon encolhe os ombros. 

— Veio com um papo sobre sentimentos reprimidos e blá-blá-blá.

Enfio as mãos nos bolsos e reflito. Sinceramente, quase não penso no Hoseok. Ou sobre o término. Mas sendo bem sincero mesmo... acho que me proíbo de fazer isso. Quando alguma coisa me faz lembrar do Hoseok, logo penso em como me senti mal ao levar um pé na bunda, e meu cérebro meio que muda de assunto, por ser doloroso demais.

Meu melhor amigo | NamjinOnde histórias criam vida. Descubra agora