24. Falar ou calar?

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Namjoon


Quando Jin entra em casa, estou vendo TV, mas sem prestar atenção. Ranjo os dentes, irritadíssimo comigo mesmo por ter mencionado Hoseok ontem à noite. É como se eu tivesse evocado a presença do desgraçado dizendo seu nome em voz alta. Porque não faz sentido. Depois de semanas sem ninguém nem pensar no cara, ele aparece sentado na minha porta, para falar com o meu... melhor amigo.

Escuto a porta da frente se fechar com um clique suave e fico todo tenso, com os ouvidos apurados à espera do som de um segundo par de pés indicando que Hoseok foi convidado a entrar. Quando Seokjin aparece sozinho na sala, solto um suspiro baixo de alívio, mas sem tirar os olhos da TV, para não dar bandeira. Não quero que ele perceba... Porra, nem eu sei o porquê.

Só quando Seokjin senta ao meu lado e solta um suspiro profundo, viro em sua direção, colocando a TV no mudo.

— Falar ou calar? — pergunto, recorrendo ao nosso velho esquema. Porque, apesar de uma parte de mim ter vontade de sacudir o Jin e arrancar cada detalhe do que Hoseok disse, ele é acima de tudo meu amigo, e tenho que apoiar o garoto. Mesmo que seja em silêncio.

Ele respira bem fundo outra vez. 

— Hoseok quer voltar.

Essas palavras me machucam um pouco, apesar de eu estar preparado para elas. Afinal, por que mais o cara ficaria sentado na frente do nosso apartamento feito um idiota, fazendo depois um comentário só para mostrar que era ele quem costumava entrar escondido no quarto do Jin nas viagens da família dele? E é isso que me incomoda de verdade. A consciência de que, além de eu ter funcionado como um estepe na viagem, tive a mesma função na cama do Jin ontem à noite. E eu aqui romantizando a coisa toda feito um otário, enquanto para ele era só mais do mesmo.

— Como você se sente em relação a isso? — me obrigo a perguntar. Como se sente em relação a ele? Como se sente em relação a nós?, penso.

Ele joga a cabeça para trás no sofá, parecendo exausto. O que, imagino, é melhor que ficar todo alegrinho com o fato de que Hoseok finalmente percebeu que estava sendo um idiota. Mas seria melhor se ele estivesse um pouco mais irritado, num clima mais "nem por cima do meu cadáver".

— Sei lá — Seokjin diz. — Estou... achando tudo muito esquisito e confuso.

Então ele vira para mim, olhando nos meus olhos de verdade pela primeira vez desde ontem à noite. Fico com a sensação de que quer me perguntar alguma coisa, mas não sei o quê. E, mesmo que soubesse, não saberia responder.

— Você vai saber o que fazer, Jin. — Só consigo dizer isso.

— Acha mesmo que eu deveria voltar com ele?

Caramba, que pergunta!

— Acho que você deve fazer o que estiver a fim — respondo, cauteloso.

Ele me dá um tapa no peito. 

— Para com isso. Preciso de ajuda, droga. Você é meu amigo.

Abro um sorrisinho, porque talvez as coisas não tenham mudado tanto entre nós no fim das contas. Talvez a noite de ontem tenha sido só algo que acontece de vez em nunca. Um momento de fragilidade, ou sei lá o quê.

Não existe motivo para não voltarmos a ser como antes, com as brincadeiras constantes. Mesmo se ele voltar com o Hoseok. Talvez seja exatamente disso que a gente precisa para retomar a antiga rotina. Quando nossos fins de semana envolviam visitas inofensivas à IKEA, e não viagens à praia que terminavam com sexo incrível.

Meu melhor amigo | NamjinOnde histórias criam vida. Descubra agora