22. Insônia

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Namjoon


Não consigo dormir.

A casa de praia que os Kim costumam alugar tem quatro quartos. Seokjin e eu não estamos juntos, claro, já que os pais dele não sabem que estamos transando. Faz uma hora que nós dois chegamos da caminhada na praia, e uns bons quarenta e cinco minutos que olho para o teto.

Sou obrigado a admitir o verdadeiro motivo de não conseguir pegar no sono: Seokjin não está aqui.

De alguma forma, nas últimas semanas, me acostumei a seu corpo quentinho e gostoso encostado em mim. Me acostumei com o cheiro dele e o som de sua respiração.

É só sexo, penso comigo mesmo. Desde aquela primeira noite, transamos praticamente todos os dias. Eu até o ajudei no cio semana passada. Então só pode ser isso que está me deixando inquieto. A falta de sexo. Tenho quase certeza.

Hesito por uns trinta segundos antes de jogar as cobertas de lado e caminhar silenciosamente até a porta do quarto e abri-la. A dobradiça range. Droga.

Solto uma risadinha baixa ao perceber que pareço um adolescente tentando entrar às escondidas no quarto do namorado enquanto os pais dele dormem no outro quarto. Na verdade, a comparação é perfeita. 

A porta de Seokjin está destrancada. Ele devia estar acordado, porque senta na cama assim que abro a porta.

Quando a fecho, perco a coragem, e não me mexo. O que não acontece com ele. Sem dizer uma palavra, Seokjin desliza do meio do colchão para o lado direito, abrindo espaço para mim. Sorrio enquanto vou com passos apressados até o calor de sua cama. Até o calor dele.

Acomodamos a cabeça no travesseiro ao mesmo tempo, virados um para o outro.

— Oi — ele diz.

— Oi.

E, do nada, começo a me sentir hesitante de novo. Quase tímido.

Qual é o problema comigo, porra? Com a gente?

Vim aqui com toda a intenção de fazer sexo quente e intenso, e o fato de precisar ser em silêncio absoluto só deveria tornar tudo mais excitante. Mas, agora que estou aqui, mal conseguindo distinguir as feições tão conhecidas de Seokjin no escuro, descubro que quero uma coisa bem diferente. Uma coisa que nem sei definir.

Minha mão desliza pelo meu travesseiro, depois pelo dele, até minha palma se acomodar em seu rosto. Meu polegar acaricia sua pele macia, e fico com a impressão de que o ouvi suspirar. Seria bom se tivesse um pouco mais de luz para poder vê-lo, mas compenso isso com o toque, explorando mais seu rosto, seus olhos fechados, seus lábios.

Ele beija a ponta dos meus dedos bem de leve, e sinto um aperto no peito. Chego mais perto até nossos troncos se tocarem. Sinto sua respiração contra meus lábios. Rola um beijo. Devagar, leve. Diferente. Denota uma intimidade perigosa, mas nenhum de nós dois demonstra a pressa habitual de estabelecer o ritmo frenético. Minha língua mergulha em sua boca sem parar, adorando a maneira como seus dedos puxam minha camiseta, inquietos.

Minha boca desce para seu pescoço. As mãos dele passeiam pelos meus cabelos enquanto fico parado ali um bom tempo antes de começar a descer por seu corpo. Paro na cintura, puxando a blusa dele só um pouquinho, para que minha boca encontre a pele exposta pouco abaixo do umbigo. E é aí que eu paro, me dando conta de que o sexo com ele é uma coisa de outro nível não por causa de seu corpo incrível, ou pela contradição entre seus dedos frenéticos e seus gemidos baixinhos. É pelo fato de ser o Jin. O meu Jin. E sexo com alguém que a gente gosta é... diferente. Melhor.

Minhas mãos deslizam por baixo de sua blusa, e volto a me concentrar na parte superior de seu corpo, arrancando a peça ao fazer isso. Ele levanta os braços para facilitar. Minha camiseta vai embora a seguir, depois nossas calças e cuecas, mas não sem antes pegar uma camisinha do bolso, porque... sempre alerta.

Tem tanta coisa que eu gostaria de fazer com ele. Que eu gostaria que fizesse comigo. Mas, quando seus braços me envolvem, me puxando para perto, só consigo pensar em entrar nele. Quero me sentir um só com ele.

Coloco a camisinha sem a impaciência e as brincadeirinhas de sempre. Apoio as mãos no travesseiro, uma de cada lado de sua cabeça, e meus olhos se cravam nos dele. Tão intensos, tão brilhantes. Com um gesto carinhoso, afasto os cabelos de sua testa para ver melhor seus olhos. Preciso disso.

Eu o observo enquanto entro fundo, com uma estocada suave que nos deixa ofegantes em meio ao silêncio da noite. E então, de alguma forma, minhas mãos encontram as dele no travesseiro. Nossos dedos se entrelaçam, e o contato das palmas me parece tão importante quanto a sensação de estar dentro dele.

Continuo com as estocadas sem parar, e seus quadris se movem na direção dos meus. Sinto minhas presas saindo, e, mesmo tentando controlá-las, estou tão inebriado com o momento que deixo com que elas saiam. 

Automaticamente, olho para o seu pescoço, longo e esguio. Imagino minhas presas nele, eu o marcando como meu. Diminuo um pouco o ritmo, tentando me conter. Não, não posso pensar numa coisa dessas. 

— Joonie... — Meu nome sai em um sussurro de seus lábios, como um apelo.

Respondo me esfregando nele no momento em que seu corpo se arqueia e me aperta por dentro. Solto um grunhido. Por algum motivo, o sexo tão tradicional de hoje me faz gozar mais forte do que nunca. Apoio a testa levemente na dele, recuperando o fôlego antes de me afastar com um beijo em seu rosto.

Não quero mais nada além de ficar deitado ao seu lado, aninhar seu corpo junto ao meu, mas a realidade pouco a pouco vai se infiltrando no mundo dos sonhos dos minutos anteriores, e eu me lembro de onde estamos. De quem somos.

— Acho melhor voltar pro meu quarto — murmuro.

Ele assente.

Nenhum dos dois quer desentrelaçar os dedos.

Sinto que existem coisas a ser ditas, mas não sei quais, então me contento com um último beijo.

Só quando volto ao quarto percebo que talvez não haja coisas a dizer, mas uma única coisa, no singular. Porque, pela primeira vez desde que começamos a transar, fico me perguntando se um de nós não deveria dizer a palavra de segurança antes que seja tarde demais.


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Meu melhor amigo | NamjinOnde histórias criam vida. Descubra agora