23. A gente sempre quer ser prioridade na vida de alguém

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Seokjin


Fingimos que nada mudou. Que a noite passada não foi ao mesmo tempo incrível e esquisita. Mas a viagem de volta a Seul é carregada de uma tensão que nunca senti entre nós. Ainda conversamos. Ainda discutimos sobre o que ouvir no rádio. Ainda fazemos o jogo das placas de carros, cada um tentando ser o primeiro a lembrar uma palavra que contenha todas as letras da chapa à frente. Mas não consigo parar de pensar em ontem à noite. Sobre o que aconteceu ter sido importante de alguma forma.

Quando enfim estacionamos na nossa vaga de garagem no prédio, fico aliviado. Preciso de um tempo sozinho para pensar. Para tentar descobrir o que achar do passeio de mãos dadas na praia e do sexo com intimidade que veio depois. No entanto, toda a minha intenção de ter um tempo para mim mesmo se evapora no momento em que o elevador para e vejo um cara sentado em frente a porta do nosso apartamento.

Minha mente congela. Em meio ao zumbido nos ouvidos, consigo ouvir Namjoon murmurar: 

— Puta merda...

É Hoseok. Ele está sentado nos observando sair do elevador com uma expressão indecifrável.

Namjoon pega nossa bagagem, colocando minha bolsa em um dos ombros e sua mochila no outro. Hoseok levanta, e a forma como encara Namjoon sem dúvida nenhuma é cautelosa. Uma rápida olhada me diz por quê. O sorriso habitual está bem longe de passar por seu rosto. Toco o braço de Namjoon, pedindo que se acalme. Seus olhos encontram os meus, e sua expressão é raivosa. Ele respeita meu pedido, apesar de não concordar, fazendo um simples aceno de cabeça em cumprimento para Hoseok, ainda com a cara fechada.

— Oi, Namjoon. — Hoseok sai do caminho para que passe. Se não tivesse feito isso, teria levado um encontrão, tenho certeza.

— Estamos chegando agora do litoral — explico, movido pela clara necessidade de dizer alguma coisa.

— Ah. — Ele abre um sorriso tenso enquanto me observa. — Tenho boas lembranças daquele lugar. A maioria envolve entrar escondido no seu quarto no meio da noite.

Namjoon enfia a chave na fechadura, claramente ouvindo a conversa, porque seus ombros ficam tensos. Sua presença também se torna mais esmagadora no ambiente.

Não. Não! Isso está mesmo acontecendo?

Em termos racionais, sei que Hoseok não pode estar dizendo aquilo para Namjoon. Ele não tem como saber sobre ontem à noite. E fica óbvio pela expressão ligeiramente desesperada em seu rosto que é só uma tentativa de me lembrar dos bons tempos. Mas só sinto uma estranha vontade de ir atrás do Namjoon. De dizer que sim, Hoseok entrou no meu quarto uma vez ou outra, mas isso foi antes... antes...

— O que está fazendo aqui? — pergunto a Hoseok, de repente irritado com sua presença.

Ele se encolhe um pouco, provavelmente por causa do meu tom nada empolgado. 

— A gente pode conversar?

Viro mais uma vez para Namjoon, só para ver quando ele bate a porta com força sem nem olhar para trás.

Levo os dedos à testa, sentindo uma dor de cabeça surgir do nada. 

— Claro.

O que mais eu poderia dizer para o cara que namorei por cinco anos?

Encosto-me na parede ao lado da porta. Hoseok franze a testa, provavelmente pelo frio, confuso. Conversar dentro do apartamento faria muito mais sentido. Mas não quero os dois no mesmo ambiente. E não sei se quero Hoseok na minha casa antes de ouvir o que ele tem a dizer.

Meu melhor amigo | NamjinOnde histórias criam vida. Descubra agora