Seokjin
Hoseok "escondeu" a aliança na gaveta de cuecas. Quer dizer, sem contar o clichê da coisa, ele não é capaz de levar em conta nem que quem lava as roupas sou eu? E não só lavo, mas seco e guardo. Claro que eu ia encontrar a maldita aliança. Mas no fim não faz diferença. Não faz diferença se Hoseok estava torcendo para eu encontrar a aliança, no que seria a proposta de casamento menos romântica de todos os tempos, ou se ele é apenas distraído. No fim, a caixinha vermelha foi o alerta de que eu precisava. Não só de que não posso casar com Hoseok, porque disso já sei há um tempão. Mas a caixinha me fez perceber uma coisa ainda mais perturbadora: Estou usando o Hoseok.
Deito ao seu lado todas as noites, tentando me lembrar de como era ser apaixonado por ele, quando na verdade cada pensamento e cada sonho meu envolvem outra pessoa. É claro que não revelo essa última parte quando termino tudo com ele. Só peço para se sentar comigo quando chega em casa do trabalho e com toda a tranquilidade e gentileza digo que as coisas não estão dando certo.
A ironia da situação fica bem clara. Não era minha intenção, mas dei um pé na bunda dele no mesmo local em que levei um alguns meses antes. E sou obrigado a reconhecer que ele lida com a rejeição com muito mais dignidade que eu. Nem ao menos parece surpreso. Como o conheço muito bem — quase tanto quanto conheço Namjoon —, estreito os olhos.
— Hoseok.
Ele ergue os olhos.
— Você não parece exatamente arrasado — digo com um sorriso leve. — Em especial, considerando que encontrei uma certa aliança na gaveta da sua cômoda...
Ele solta um grunhido e se inclina até encostar a testa no balcão da cozinha.
— Sou um idiota.
— Porque ia me pedir em casamento quando acabamos de voltar? Sem nem termos transado ainda?
Ele bufa.
— Eu sei. Ia devolver a aliança. É que...
Apoio o cotovelo na mesa e o queixo na mão.
— É que...
— Eu pensei que comprando a aliança... me comprometendo com você, ia conseguir esquecer...
Ajeito minha postura na hora.
— Ai, meu Deus. Você ainda é a fim do tal garoto.
— Não! — Ele senta direito. — Não, eu... Sei lá. Faz tempo que a gente não se vê, mas ainda penso nele. Fico me perguntando...
Então eu sorrio, ainda que seja um sorriso agridoce, e fico de pé. Me inclino para a frente e dou um beijo na testa dele.
— Você deveria conversar com ele.
— O Yoongi tem namorado.
Dou de ombros.
— Mesmo assim. Acho que nós dois sabemos que é possível namorar uma pessoa pensando em outra.
Ele me olha com cuidado.
— Namjoon?
Engulo em seco. E assinto.
Hoseok solta o ar com força.
— Eu sabia. Aquela música no karaokê... foi pra ele, não foi?
Meus olhos se enchem de lágrimas quando lembro. O mais estranho é que foi ontem à noite. Parece que tive uma vida inteira para pensar a respeito. Não consigo parar de pensar no que senti despejando meu coração e minha alma ao cantar aquela música linda, de cortar o coração.
Ainda estou sob o impacto da agonia de ter contado a Namjoon como me sinto sem que ele soubesse que eu estava fazendo isso. Meu coração acelera quando penso a respeito. E se Namjoon soubesse? Se Hoseok percebeu, por que ele não teria percebido? Ai, Deus. E se for por isso que ele decidiu ir embora do nada ontem à noite? Todo mundo achou que tivesse conhecido algum garoto ou garota no bar, uma hipótese que me irritou, mas essa outra é ainda pior. E se Namjoon percebeu o que eu estava tentando fazer e deu no pé?
Hoseok fica de pé e me acompanha até a porta. Pego a mala que deixei perto da porta para este momento, quando deixaria o cara com quem um dia pensei que fosse casar.
— Tchau, Hobi.
Ele se inclina para a frente e me dá um beijo no rosto.
— Tchau, Jin.
E, de repente, está tudo acabado.
Acabou, e tudo bem por mim.
Talvez não "bem". Porque tem um buraco enorme no meu peito, o qual não está relacionado com o cara com quem acabei de terminar. A melhor escolha seria ir para a casa dos meus pais. Ou do Jimin. Ou até um hotel. Preciso pensar a respeito. Bolar um plano.
Entro no carro e vou até meus pais. Chegando lá, não consigo sair.
Dou a partida de novo. Faço o caminho de volta, mas não pra casa de Hoseok. Vou pra minha casa.
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Meu melhor amigo | Namjin
RomanceSerá que vale a pena arriscar uma grande amizade em troca de um amor inesquecível? Aos vinte e cinco anos, Kim Seokjin leva a vida que sempre sonhou. Tem um namorado inteligente e responsável, um emprego promissor e a companhia de seu melhor amigo...