08. Uma proposta, uma aposta

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Namjoon


Seokjin fica em silêncio na maior parte do caminho de volta para casa. Na verdade, isso não me preocupa, porque não temos problemas com o silêncio um do outro. Mas ele ficou quieto durante o jantar também, o que não é normal.

— Falar ou calar? — pergunto.

— Hã?

Eu o observo mais atentamente. 

— Você está esquisito.

Ele me lança um olhar no carro quase às escuras. Sua expressão é indecifrável, o que me preocupa ainda mais. Não sou muito bom em muitas coisas, mas sempre entendi o que Seokjin está sentindo através de seus olhos. Aqueles olhos brilhantes sempre me disseram tudo o que eu precisava saber. É isso que acontece quando você divide uma casa com seu melhor amigo. Começa a conhecer o cara tão bem quanto a si mesmo. Até melhor.

— Vai sair hoje à noite? — ele pergunta.

Encolho os ombros. 

— Não sei. Por quê, quer ir?

Fico torcendo silenciosamente para que diga não. Não porque não quero passar mais tempo com ele, mas porque estamos saindo juntos com frequência ultimamente e, apesar de ser divertido — na maior parte do tempo —, uma noite mais tranquila não cairia mal. Ficar com o Jin no sofá vendo alguma porcaria na TV ou um filme idiota parece bem mais interessante que me arrumar para falar com desconhecidos.

E uma das obrigações de quem tem um melhor amigo é ajudar a conhecer alguém quando ele pede. Só que também sinto que preciso ser protetor. Seokjin ia me matar se soubesse, mas eu o acompanho nas noitadas mais para garantir que não termine com algum cretino do que para achar um cara legal para ele. Então, não, eu não quero sair esta noite. Mas, se ele for, vou junto.

— Não, acho que vou ficar em casa — ele diz. — Estou com a barriga cheia demais para usar qualquer coisa que não seja uma calça de elástico.

— O segundo prato de lasanha te deixou com peso na consciência? — pergunto, relaxando um pouco agora que ele não está mais quieto e esquisito.

— Olha quem fala, o cara que comeu três.

Bato na minha barriga. 

— Eu jamais ofenderia sua mãe comendo uma quantidade menos que obscena.

A mãe de Seokjin cozinha bem, mas a questão não é a qualidade da comida, e sim o fato de ser caseira. Não sinto saudade de muitas coisas de casa, mas da comida sim. É claro que os jantares em família na minha casa não são tão agradáveis como os da casa do Seokjin. Nunca soube o que era pior: os sermões que ouvia quando sentava à mesa da minha mãe ou os silêncios constrangedores que meu pai tentava quebrar puxando conversa conosco quando éramos crianças.

Seokjin ficou quieto de novo. Dessa vez, eu o deixo sossegado. Quando chegamos em casa, vamos para a cozinha — ele para pôr as sobras na geladeira, eu para pegar um copo d'água. Com base em seu silêncio, imagino que vá se trancar no quarto, mas em vez disso ele se senta à mesinha da cozinha, batucando no tampo e olhando para pontos aleatórios na parede.

Reviro os olhos, sirvo um copo d'água para ele e me sento do outro lado da mesa. 

— Desembucha.

Ele me encara e contorce os lábios. Percebo que está tentando decidir se fala ou não.

— Certo. — Levanto as mãos. — Já cumpri minha obrigação de melhor amigo. Não vou ficar implorando pra você falar. Se quiser ser bajulado, pode ligar para o Jimin ou o Ken.

Meu melhor amigo | NamjinOnde histórias criam vida. Descubra agora