16. Três semanas

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Namjoon


Faz um tempão que Seokjin e eu não jantamos assim. Quer dizer, a gente come junto o tempo todo. Almoços sem dia definido quando estamos livres, tacos às quintas-feiras com os amigos lá em casa, waffles aos domingos, já que é a única coisa que sei fazer.

Mas hoje é diferente. Toalha de linho na mesa, uma visão belíssima da cidade, velas e champanhe. Claro. Por brevíssimos segundos, quando conversamos à mesa sobre quais entradas pedir, entro em pânico. Porque é como um encontro. E não só na aparência. Na sensação também.

Esqueço isso quase de imediato, porque encontros em geral envolvem mãos suadas, conversas forçadas e aquele estresse de não saber se vai ter algum outro programa depois. Mas nada disso tem a ver com Seokjin. É só um jantar com seu melhor amigo, meu cérebro me acalma.

E, na maior parte do tempo, minha mente fica calma, a não ser por uma coisinha irritante que não sai da minha cabeça: Seokjin pretende ligar para o cara do karaokê. Eu falei pra ele fazer isso, eu sei, mas só falei porque precisava falar.

Fui sincero quando disse que ele precisava superar o Hoseok. Apesar do Seokjin não estar deprê, eu o conheço. Sei que ele não pode estar recuperado como finge que está. Não depois de tomar um pé na bunda do nada daquele imbecil. Mas me incomoda que esteja pensando em outros caras enquanto ainda estamos jun... mandando ver.

Quer dizer, não me incomoda. Incomoda meu ego, meu lobo. Porque, do meu lado da cama, e do chuveiro, e do sofá, e do balcão da cozinha, as coisas estão sensacionais. Tão sensacionais, na verdade, que nem olhei para outra pessoa desde aquela primeira noite. 

Opa

Eu me recosto na cadeira ao me dar conta disso, ignorando o interrogatório a que Seokjin está submetendo a garçonete sobre o preparo do prato do dia, um peixe.

Faz três semanas que só transo com um cara. E não um cara qualquer, mas com o Seokjin. Eu até fiz testes de IST's para termos mais liberdade nas nossas transas (e porque eu estava louco para chupá-lo com tudo). Foi a primeira vez que fiz isso por alguém, para estar com uma pessoa. 

Humm. Merda. 

Eu sei, eu sei, três semanas nem é tanto tempo assim. Mas pra mim é. O último relacionamento que tive foi no segundo ano de faculdade e durou quatro meses infernais. Desde então estou feliz no time dos solteiros. É claro que transei com algumas pessoas mais de uma vez, mas em geral vivo num esquema "uma noite e nada mais".

Passo a mão no rosto e olho para o Jin do outro lado da mesa. Ele está usando uma camiseta grossa azul-marinho que não deveria parecer sexy, já que tem gola alta e não revela quase nada, mas o caimento é perfeito nele. E, droga, marca a cintura dele, que eu tive que me controlar para não agarrar assim que saímos do carro. Os fios dourados estão perfeitamente penteados, e brilham com a iluminação intimista e amarelada do restaurante. Ele está bem... bonito. Não, na verdade, ele está lindo. Por que ele tinha que ser tão... perfeito? E essas velas idiotas acesas...

Mal espero a garçonete terminar o que está dizendo para perguntar: 

— Que uísque você tem aí?

Seokjin me lança um olhar intrigado, porque só bebo cerveja e vinho quando estou com ele. 

— Vou deixar a champanhe toda pra você.

Só que não é essa a verdadeira razão para eu querer uísque. Preciso de algo mais forte que espumante para me ajudar a lidar com o fato de que estou no meio de uma enrascada sexual. Só que a sensação não é de enrascada, de forma nenhuma. O que é ainda mais perigoso.

Meu melhor amigo | NamjinOnde histórias criam vida. Descubra agora