11-dance comigo, bein | ✔️

1K 99 6
                                    


-Não seja tão bobo! Assim você me deixará com vergonha...—respondi logo após beber um pouco do vinho tinto que havia na taça e ficar abobalhada com o seu selar em minha mão

-Talvez esse seja o intuito.—ele lança um sorriso ladino para mim, aquele sorriso, senti meu coração acelerar diante do seu sorriso, que agora, não mostrava os dentes.

-Vi você de longe, parecia não gostar nada da celebração, o que houve? está tudo tão... você.— olho em volta a procura de adjetivos, mas não havia muito o que dizer, estava tudo muito lindo, a luz das estrelas salpicavam o céu e iliminavam a noite, elfos dançavam saltitantes pelo salão conforme a música ditava o ritmo, taças cheias de bom vinho nobre, mesas fartas de comida, mas o rei, o rei portava consigo uma carranca tenebrosa...

- Pois é... é sempre a mesma celebração, as mesmas danças... estava à espera de algo novo.—ele dizia olhando diretamente para mim

- e o que seria?

- Ou quem, ansiava sua chegada.—ele dizia de forma doce. Quase que me permiti sorrir apenas de ouvir aquilo, tanto que demorei alguns minutos, para processar o que havia acabado de escutar

-Ah... jura? Eu não considerava vir esta noite...

-eu iria até você de qualquer forma.

-e deixaria seus convidados para trás? cadê sua hospitalidade, meu rei? — brinco e o vejo levantar uma das sobrancelhas num ato de "deboche"

-se preciso, sim.— Thranduil descansa sua taça sobre a mesa. Ele leva suas mãos até minha cintura e a puxa para perto com delicadeza

-o que está fazendo?— digo rindo de sua ação, não sei se era prudente deixa-lo, mas algo dentro de mim ansiava seu toque, algo...

-dance comigo, bein(bela), será se ainda é boa nisso?— ele me guia até o centro do salão, então envolvo meus braços em seu pescoço enquanto thranduil guiava minha cintura. Era uma sensação mágica, pois ainda sabia dançar bem, e ele não ficava muito atrás, então entramos em uma harmonia, como se soubéssemos cada movimento um do outro.

-Você não perde a graça nunca, talvez o tempo só tenha melhorado cada traço seu.— ele me disse tocando meu nariz com a ponta de seu dedo

-não diga isso, não se tem muito o que fazer quando se vive num chalé no meio de terras selvagens.— arranco um riso seu, concordamos.

-e o que costumava fazer?

-tudo o que eu sei fazer.— o direciono uma piscadela, o que faz com que Thranduil revire os olhos

-justo.

Tempo vai, tempo vem, a música continuava a tocar e nós continuávamos dançando, do nosso jeito, ele parecia conhecer meus passos tão bem quanto eu mesma, foi divertido. Por um momento, esquecemos dos outros convidados, a celebração agora se tratava de boa música e bom vinho, por consequência dancinhas desengonçadas demais para a corte do rei élfico. Naquele momento , senti-me mais próxima de Thranduil, ele não era tão ruim, insensato talvez, mas ele era uma boa companhia e parecia gostar de me ter por perto, não nego que cheguei a questionar se realmente queria partir, se seria só isso, se meu destino é mesmo definhar nos salões dourados de erebor enquanto a serpe incinera meus amigos, ou meu destino seria aqui, de alguma forma, me parecia certo ficar, podia facilmente me acostumar... pera, ele só me tirou pra dançar...

Com o fim da música, paramos, mas nenhum de nós dois fizemos movimento algum, estávamos ainda perdidos em nós até o momento que acordamos para a realidade, rimos juntos daquela situação embaraçosa. Depois de rirmos e bebido muito, Thranduil segura suavemente em meu braço e me leva até a sacada do salão, as estrelas tinindo como gemas brancas no céu

-são lindas, não são?—digo apreciando as estrelas que brilhará no céu aquela noite.

-e como são.— ele desvia seu olhar para mim, ao perceber faço o mesmo

-o que foi?

-nada...—ele ri e suas bochechas coram

-o que é tão engraçado?

-não é engraçado, eu só...me lembrei do nosso último Mereth-en-Gilith juntos.— Thranduil berberica o seu vinho

-e foi bom?— suas bochechas estavam todas vermelhas, ele parecia ter certo apreço por tal memória

-claro que foi, o melhor

-por favor, conte-me.—digo me aproximando dele, Thranduil ri

-Não dá, como eu contaria isso?—ele diz ainda rindo

-ei! não é justo.

-Quem sabe você lembra um dia.—ele sorri

-inacreditável!!!— pego a taça que estava em sua mão e viro todo o vinho de uma vez, mesmo que já estivesse um pouco sonolenta

-inacreditável!— ele diz rindo enquanto me olha incrédulo por eu ter roubado sua última taça de vinho

-do que se lembra?— ele pergunta com um pouco de receio

-ahm, sobre o que?

-sobre tudo, qualquer coisa.

-ahm, eu lembro de quando você falou "Eu irei esperar ansiosamente até que o destino traçe nossos caminhos novamente".—falo num tom super melodramático e logo depois o ouço rir

-e você prometeu que iria voltar...

-veja só...e eu acabei cumprindo não foi?Vamos ver...da vez em que me chamou de bein(bela)

-qual delas?

-esse é o ponto.— nós rimos— Thranduil, naquele "sonho" em que eu te vi... Como... como você entrou no meu sonho? como isso é possível?

-nós somos ligados, amarïe. Costumava dizer que era "coisa de alma", pra mim faz total sentido.

-coisa de alma — rio

- Você está tão diferente, eu mal pude reconhece-la

-sabe...minha mãe...eu me recordo de coisas sobre ela, Radagast evita falar sobre meu passado.

-é complicado... na teoria, voltar à Mirkwood seria fatal pra você, talvez houvesse outra explosão e talvez você não resistisse... eu senti medo por você...— ele diz encarando as estrelas

-Desculpe, explosão?— digo e como um espasmo Thranduil volta a realidade e me olha com um olhar desentendido

-Hum?

-é...— ao me virar, legolas atravessava o salão às pressas em nossa direção

-Os anões, eles fugiram.—diz ele ofegante, mordo o lábio por não poder dizer "AMEM!!!"

-O que??—finjo surpresa

-de alguma forma eles conseguiram sair das celas

-como eles passaram pelas portas?

-eles não passaram, desceram pela passagem onde descartamos os barris, certamente estão indo para a cidade do lago agora. Devemos ir atrás?

-não, não estão mais em nossas terras, não é mais nossa responsabilidade.— Thranduil diz antes de atravessar o salão em passos largos, mãos inquietas e uma faísca de ansiedade começava a aparecer na sua postura. Vejo Thranduil desaparecer após cruzar a porta.

-me diz que você não tem nada com isso.—legolas se aproximou enquanto olhava em meus olhos

-eu nunca deixaria eles expostos a tal perigo assim.

-pare de se preocupar com eles. Se eles querem enfrentar a fúria do dragão, os deixe, eles já sabem o destino que os espera. Você é bem vinda pra ficar, tem a chance de ser feliz...— escuto as frias palavras de legolas e ao menos cogito em o responder.

A Herança Escarlate | The Hobbit [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora