16-a serpe está morta

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-faremos um acordo então, a levo até erebor para falar com os anões, mas caso tivermos algum sinal dos orcs, darei a ordem para traze-la de volta. O que acha?

-tudo bem.—digo após pensar por um longo tempo. Eu iria voltar caso algo acontecesse? Não, claro que não.— bom, quando iremos?— dou mais um passo em direção a porta

-eu... Não sei, talvez amanhã...— thranduil parecia distante, estava a pensar demais

-você tá bem?— o examino de longe e seus olhos agora pareciam opacos, não me sentia totalmente segura perto de Thranduil, mas ainda assim me aproximo e sento ao seu lado

-nada... Só...

-nos vamos ficar bem e Legolas sabe o que está fazendo...— toco seu ombro em um movimento simples, ele me encara com os olhos opacos e cheios de preocupação

-não, ele não sabe.

-thranduil, você deve confiar nele mais do que qualquer um. Lembre-se de que ele é seu filho, não sua propriedade, deixe que vá e converse com tauriel...

-eu me preocupo com ele...

-claro que sim, ele saiu sem aviso prévio atrás de um grupo de orcs além de suas fronteiras, alem de onde pode proteje-lo, é normal que se sinta assim

-espero que volte logo

_por um momento eu fiquei pensando em como meu pai estava se sentindo, eu fiz como legolas, sai sem aviso prévio atrás de uma missão que não era minha, atrás de uma morte cruel que não estava destinada a mim. Querendo ou não, sentia falta dos chocolates quentes ao amanhecer, das histórias heróicas que me contava, de sair pela floresta imaginando que era a guardiã da tal, a defendendo das forças malignas vindas do extremo sul das montanhas nebulosas, ao meu lado estava sempre meu fiel parceiro o amável mago castanho da floresta. Adorava o jeito em que alimentava minha imaginação, de como vivíamos tantas coisas em um só lugar, as vezes eu só queria voltar no tempo, voltar para todas as vezes em que chorei em seu colo, ou tomei sua sopa de cogumelos, para as vezes em que andávamos no seu trenó de lebres ou para as vezes em que sentavamos em volta da lareira em um dia frio e nos empanturravamos de pão e bolo

-Espero que ele esteja bem...

-ele está, legolas é inteligente e ágil, sabe se virar...— thranduil deita sua cabeça nos vários travesseiros que haviam em sua cama

-obrigado por ficar.—em um suspiro thranduil me puxa para deitar ao seu lado, com o susto me manti imóvel enquanto o elfo me aninhava em seus braços, uma de suas mãos acariciava meu cabelo em movimentos leves. Os braços fortes de Thranduil me mantinham junto ao seu corpo frio, não tento lutar para me livrar de seu abraço, eu sei que não precisaria. Ainda imóvel adormeço ouvindo o som constante e acelerado que seu coração emitia.

_a noite ao lado de thranduil foi tranquila, seu cheiro envolvia todo o meu corpo me trazendo um frio na barriga a cada movimento que o mesmo fazia contra meu corpo. Havia uma esperança dentro de mim, já havia um tempo que não dormia tão bem.

_quando acordo thranduil já não estava mais ao meu lado, haviam uma muda de roupas em tons de braco e vermelho escuro em cima da cama com um bilhete escrito à mão "espero ter acertado desta vez", eram calças resistentes acompanhadas com botas de couro novas, para a parte de cima uma túnica branca e desta vez, um cinto de espartilho feito de couro e tingido em um tom mais escuro de vermelho.

_após muito apreciar as roupas novas decido as vestir, não dei tanta importância ao meu cabelo e desci saltitante até ao salão onde encontraria thranduil

-como estou?— digo adentrando o salão e dando uma voltinha

-está... Linda, como sempre.— thranduil se levanta e vem de encontro comigo. Ao se aproximar eu sinto minhas bochechas esquentarem

-bem...você está...de bom humor hoje.—ouço o rir e logo depois me deposita um beijo no canto dos lábios

-dormiu bem?— ele diz voltando a seu lugar, o acompanho e sento ao seu lado

-uhum...—digo com um certo receio mas logo um sorrisinho se forma no rosto do elfo

-que bom! Temos um dia longo sem minha capitã da guarda e meu melhor guerreiro. Marcharemos até erebor... E se smaug ainda se encontrar lá... Bom, já teremos nossa resposta.

-mas ele não estará, certo?— o vejo concordar e logo voltar a comer. Ouço passos apressados vindo do corredor, e não demorou para que o mensageiro de thranduil entrasse pela porta gigantesca do salão

-Com licença senhor, desculpe-me atrapalhar

-alguma notícia de Legolas?— thranduil bate com força o seu cálice sobre a mesa

-Ainda não temos notícias do príncipe senhor, mas são mensagens de Esgaroth (cidade do lago)

-e o que dizem?— Thranduil se recosta em sua cadeira com um olhar de "não era isso que eu esperava"

-Eles foram atacados...

-Atacados?— levanto alterada após o susto, meu coração batia como um estrondo em meu corpo

-sim, pela terrível serpe, o terrível smaug.—sinto meu corpo tombar à cadeira, entro em estado de negação e várias coisas começam a vir átona

-calma, como assim atacados por smaug? Alguma notícia dos anões?— dessa vez, Thranduil realmente parecia interessado nos anões, mas acho que as notícias que ele esperava receber não eram as mesmas que eu...

-Bom, para smaug ter saído com vida daqueles portões, coisa boa não pode ter acontecido. Os cidadãos de Esgaroth, eles imploram por sua ajuda, eles tem muitos feridos, perderam tudo o que tinham

-como sobreviveram ao fogo do dragão?

-bard, um pescador descendente de girion, matou a serpe com uma flecha negra, a última delas...

-Avise para que preparem as tropas, marcharemos para o leste.—thranduil sai enquanto dita suas ordens, ainda sem reação corro até o alcança-lo

-você fica a amarïe.

-o que??? Não!

-fizemos um acordo.— ele para e se vira para mim dramaticamente

-o acordo era caso houvesse sinal dos orcs, por que eu devo ficar? Aliás, smaug está morto.

-não é sobre smaug, é sobre os anões, não tem como eles terem saído vivos dessa. A verdade é que eles nunca deveriam ter voltado.— ele volta a andar me deixando para trás

-sabe o que é viver sem um lar? Aposto que não! Tudo o que eles tinham foi tomado injustamente, eles só queriam voltar pra casa.— corro atrás dele mas me sentindo exausta o bastante para cair alí mesmo

-já não era óbvio que não daria certo? Por que voltar a erebor e expondo todos nós ao perigo? Não é só o mithrandir que proteje essas terras, não é decisão dele!

-se eles não fossem, outros iriam, e pode apostar que seria bem pior. Eu vou, e ajudarei com os feridos, é o mínimo que posso fazer.— ele suspira e leva a mão ao cenho

-se algo acontecer...lembre-se do nosso acordo.—ele volta a andar em passos ligeiros e eu tento o acompanhar

A Herança Escarlate | The Hobbit [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora