Em Nome Da Verdade | Calzona Version

Capítulo Doze

Já haviam se passado alguns dias desde o inexplicável encontro de Arizona e Callie na cela isolada.

Depois daquele dia, Arizona decidira que não abandonaria seu caso, porém, evitaria ao máximo de ficar a sós com ela.

Não haviam se visto mais, entretanto, a loira já havia conversado novamente com sua mãe e para sua infelicidade, soube que Callie havia conversado com Lúcia e a proibido de falar sobre sua opção sexual.

Robbins tentou convencer a mulher, mas ela estava irredutível, falou também com o pai e o irmão de Callie e aí entendeu o porquê de ela não querer que eles soubessem de sua opção sexual.

Eles aparentavam extrema intolerância, não demonstrando menor emoção quanto ao fato de ela estar presa, pregavam que se ela havia errado, então teria de pagar o preço. Enfim, Arizona sentia a frieza dos dois homens. Por vezes ela quis induzir uma conversa sobre a sexualidade de Callie, mas desistiu. Sentiu-se a traindo se o fizesse.

Por outro lado, um dos alunos de Calliope, que fazia parte da turma que ela havia cancelado, trouxe-lhe mais pistas.

Gilberto havia dito que em sua turma eram 12 pessoas e todos eram seus colegas de trabalho, eles sempre iam juntos a aula e depois iam para o trabalho.

Inesperadamente, ela ligou para todos avisando que não poderia dar aula naquele dia. Ou seja, ela estava mentindo, pois havia dito a Arizona que cancelou por haver poucos alunos. Agora ela tentava investigar sobre esse fato.

Mas naquela manhã ela acordou agitada, sabia que não podia mais adiar, tinha que falar com Callie o quanto antes, estavam à duas semanas da audiência.

Mal tomou seu café e saiu, sem ao menos beijar o marido, que há dias mal falava com ela.  Desde que aparecera sem a barba, ele havia percebido a mudança da esposa, naquele dia quis fazer amor com ela, mas ela virou-se para o lado e alegou muita dor de cabeça. Assim continuou por vários dias, até que na noite anterior, num acesso de raiva, ele a obrigou a fazer sexo com ele.

Arizona, quando percebeu que ele não desistiria deixou-se ser possuída. Não sentiu nada, nem mesmo dor. Ele gozou, virou para o lado e dormiu, deixando-a mirando o teto, perguntando-se se a culpa não era dela?

•§•

- Bom dia, Dra. Têm novidades. - Disse Levi, assim que avistou a loira deixando o elevador.

- Bom dia, Smith. Fale baixo, por favor. Minha cabeça parece que vai explodir.

- Desculpe. Posso pegar uma aspirina e...

- Não, eu já tomei antes de sair de casa. Mas diga, quais as novidades? - Enquanto falavam, encaminhavam-se para sua sala. Arizona entrou e foi imediatamente para trás de sua mesa, deixando o corpo tombar sobre a cadeira: - Fale, Smith.

- Conversei com outro aluno de Callie, o George e ele me disse que ela jamais gostou de homens, ela é mesmo lesbica.

A loira suspirou resignada.

"Isso eu sei, não preciso de provas."

Pensou ela antes de dizer:

- E como ele tem tanta certeza assim?

- O George é gay e eles frequentavam há alguns anos as mesmas boates GLS, inclusive ele apresentou a ela uma de suas ex.

- Ex-namorada? - Perguntou Arizona, muito interessada.

- Ex-ficante, para ser mais exato. Ele disse que ela nunca se amarrou deverdade, não publicamente e parece que essa ex dela, que é amiga do George, sempre quis namorar com ela de verdade, mas ela fazia questão de deixar claro que não se envolvia.

- Isso não ajuda muito. Se usarmos isso, ela mesma pode dizer que é bissexual. - Ela recostou-se em sua cadeira e brincando com uma caneta, tentava pensar em uma saída. Então, inesperadamente, ela olhou atentamente para seu estagiário que agora buscava mais informações nos documentos sentado a sua frente e perguntou à queima roupa: - Smith, você é gay não é mesmo?

- Sim, sou sim. - Respondeu ele tranquilamente, mas surpreso com a pergunta.

- Então me diga, o que teve que passar pra se assumir? Houve muito preconceito, digo, da família?

- Muito mesmo, toda minha família me virou as costas.

Robbins mostrou-se totalmente interessada no que ele dizia, parou de brincar com a caneta e disse:

- Todos? Mas... Só porque você gosta de homens?

- Sim. Tive que sair de casa. Toda minha família, inclusive eu somos do nordeste. Eu quis ficar o mais longe possível.

- Faz quanto tempo que não os vê?

- Saí de casa com 16 anos e nunca mais voltei.

- Poxa, seis anos... - Ela não quis perguntar mais nada, estava sentindo um estranho frio na barriga, pois ao ouvir o rapaz, ao invés de tentar imaginar o porquê do medo de Callie, ela imaginava como sua própria família reagiria se um caso como aquele ocorresse no berço dos Robbins.

Ficaram num silêncio profundo, cada qual com seus pensamentos. Silêncio este que foi quebrado com o barulho da porta. Richard entrava.

- Dra. Robbins, temos que conversar.

Levi, sem pestanejar retirou-se. Richard tinha uma maneira de impor respeito bem singular, um olhar e a pessoa se sentiam com ele lendo seus pensamentos. Webber sentou-se a sua frente.

- Bom dia, Doutor - Disse ela exitante: - Algum problema?

- Quero saber como anda o caso Callie. Estamos próximos do julgamento e espero não ter de lembrá-la sobre o que está em jogo neste caso.

- Não precisa me lembrar disso, estou pensando constantemente no que posso perder se não vencer essa causa.

- Alguma novidade?

- Callie é lésbica, mas não quer que isto conste em sua defesa.

- O quê? Como ela não quer? Isso ajudaria e muito, essa mulher tem algum problema mental?

- Acho que ela está protegendo alguém. Acobertando o verdadeiro assassino.

- Tem ideia de quem pode ser?

- Não.

- Tem falado com ela?

- Bem, eu falei com ela umas três ou...

- Três vezes Dra. Robbins? Como quer que a verdade saia de sua boca se não tem pressionado esta mulher?

- Eu ia..

- Arizona, tem que encostar essa mulher na parede até que ela diga realmente o que aconteceu! Só ela irá esclarecer este caso, se é que não foi ela mesma que cometeu o crime.

- Tenho certeza que não foi ela.

- Mais não está neste caso pra julgar se foi ela ou não. - Disse ele levantando-se impaciente, sua voz era grave: - Está neste grupo de advogados pra vencer, está neste caso para vencer! Deixe que Deus julgue depois. Nunca ouviu esta frase antes?

- Ouvi sim.

- Então se levante daí e venha comigo.

- Vamos pra onde?

- Para o presídio falar com esta moça.