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Na moral, não nasci pra ser pai, não levo jeito de maneira nenhuma. Sem falar que Esse moleque tem um gênio mó diferente do meu, se não tivesse tanta certeza que esse moleque era meu mermo, não ia cair nessa só de passar uma hora com ele. Moleque muito calmo, muito educado pra ser filho daquela louca lá e meu.

Passei o resto da tarde com ele na casa da minha coroa, mas ela teve que sair me deixando sozinho com ele. Já coloquei logo ele pra dormir, por que eu tô cheio de bagulho pra resolver.

_ Pai, pode jogar um pouco de bola comigo lá na praça?

Ele pergunta meio sem jeito, mas confesso, fico todo bestão quando ele me chama de pai.

— Pow Samuel, tô mó atrasado pra um Bo aí mano.

_ Só um pouco vai, aí você me deixa lá na minha mãe. Ela já deve ter se acalmado.

Ele fala e da uma risada maroto, Acabo rindo com ele.

Caíque e o filho dele logo se junta e ficamos matando tempo com os moleque, Caíque fica na trave improvisado, e quando dou conta foi tudo muito rápido. Meti mó chutão na bola que vai com tudo numa mulher sentada do outro lado, sei que foi vacilo meu, não posso fazer esse tipo de vacilo.
Se fosse um dos moleque eu ia tá cobrando por andar com essas tiragem. Samuel corre até onde estava a mulher xingando até o vento.

Ao me aproximar noto quem era a louca que levou a bolada. Mina virou no cão, ficou puta, foi muito vacilo, deve ter doido pra caralho mermo, mina tava com o rosto mó vermelho, mas ficou com o cú doce pra porra, se fuder pra lá doida.

_ Aí pai, tú machucou a tia, pode bater em mulher não.

Encaro o pingo de gente suado, cara mó fechada, bochechas vermelha me dando lição.

— Foi um acidente moleque, não fiz de propósito não. Agora pega essa bola e bora cuidar, já deu teu horário comigo rapa.

_ Compra um açaí pra mim, por favor.

Balanço a cabeça faço sinal pra ele entrar. Falo com caíque passando visão pra ele colar na boca mas tarde pra missão. Me aproximo do balcão.

_ Mas a Sra pode me dá esse então, já tá pronto né? E eu gosto de morango.

Ele falava apontando pro pote em cima do balcão.

— O que tá pegando moleque?

_ Eu perguntei qual sabor ele queria, aí ele disse que quer um açaí, mas estava com pressa. E perguntou de quem era esse, eu disse que era da moça que saiu daqui agora a pouco, a da bolada.

— Escolhe outro Samuel, um pra tu e outro pra coruja da tua mãe.

Ele bufa, pede o que ele queria.

— Coloca esse em outra sacola, vou levar. Já tá pago?

_ Não Sr.

Pago tudo e saio da sorveteria, monto Samuel no tanque da moto e puxo até o barraco da mãe dele... Faço toque com ele e espero a leza abrir o portão.

_ Quando vai pegar ele novamente?

— Abusa não parça. Quando de eu pego ele, agora ver se não xinga mas o garoto porra.

_ Eu sou mãe, eu posso, tú não urubu.

Ela manda o dedo do meio e bate o portão na minha cara, fia da puta essa nega abusada. Paro a moto em frente uma casa pequena, muro baixo, com uma grade até em cima, numa tinta um pouco desgastada, várias plantas na área pequena.

Olho pros lados e os Zé povinho na rua curiando, por que o que não pode faltar na favela é os curioso! Desço da moto e empurro o portão que tava só encostado, bato na porta. Que merda tenho na cabeça, me sujeitando a esse papel.

A porta se abre e uma miniatura surge.

_ Oiê, quem é você?

_ Com quem tú está falando criaturinha?

Uma voz escandalosa surge de um lugar qualquer, era o carinha da sorveteria.

_ Vai saindo daí agora Alínea, cuida.

Ele fala ficando sério e assustado.

_ Mas por que tio?

A menina pergunta toda inocente, ainda gosto de pensar que nem todo mundo tem medo de mim, que ainda me vejam como gente, não como um monstro que destrói vidas.

_ Cuida garota, vai assitir.

Ela sai dando um sorriso, ele encosta um pouco a porta e me encara sério.

_ O que quer aqui?

Dc- Entrega isso pra bocuda lá.

Ele fica sem entender quando entrego a sacola, mas nem dou mas confiança me viro pra sair... Ao sair do portão dou de cara com a maluca da Luana. Essa mina é encrenca das braba, gosta de puxar um cigarro, linguaruda, mas é legal.

_ Meu Deus, o que diabos tu faz aqui, O que pegou?

— Aí Maria fumaça? só vim aí entregar um bagulho pro bicha que tá aí.

_ Olha porra, ver como se refere com as pessoas, se liga, cobra respeito e não dá respeito.

Nem dou corda e saio do barraco metendo o pé pra boca.

{...}

Ajeitei minha máscara no rosto, respirando bem fundo, sai daquele carro, com o fuzil na mão, mais duas pistolas na cintura.
Olhei ao redor, estava um breu na rodagem aonde estávamos. Isso só ajudava pra não dar caô nenhum. Sem falar que conhecemos bem essas rodagem toda.

Tinha eu, mais uns 10 caras ali, prontos pra qualquer merda que rolar.
Já estava tudo pronto, correntão com os pregos jogado no meio da pista, os moleque tudo pronto, os carro de fuga tudo no esquema.

Esse plano bolei por meses com os cara, desde que soube dessa cargas, pra tudo dar certo nos conforme nessa porra. Porque se der merda... Eu caio e não saio mais da cadeia nunca mais. Capaz de nem chegar lá, papo reto mermo.

Se me pegarem em um simples assalto de rua, os caras que sabe pensar e pá, já bate com tudo que eu faço,
e mesmo sem provas concretas, me jogam dentro de um presídio e me deixam mofando lá dentro pro resto da vida, pego um fechadão.

Do local onde eu estava já dava pra ouvir o som dos carros Sendo barrados, e o caminhão parando, eu gastei uma nota com os bota pra conseguir acesso a essa carga, que vale quase o triplo que eu paguei pra eles.

Dc- Peguem tudo, não deixem nada pra trás, dez minutos pra tirar tudo do caminhão.

Falo pra Digão que tava com a turma na frente.

_ Dc, pegamos quase tudo, vamos ter que vazar, AGORA PORRA.

Digão gritava no rádio, só conseguia ouvir o barulho das sirenes longe.

Dc- Merda, bora bora caíque.

E foi tudo muito rápido todos estavam seguindo as rotas planejada, cada um pra um lado. Digão tinha ficado responsável de levar a mercadoria enquanto Marcão e Guto iria usar um caminhão porte pequeno pra despistar os cana que tava aparecendo.

{...}

_ Ai cuzão, tamo na entrada do local combinado.

Digão avisa uma hora depois.

— Boa moleque!

_ Marcão e Guto caíram, mas uns cinco cara aí.

— Esse é o preço filho, mas nós vai dá um jeito de tirar Marcão e Guto de lá. Pode deixar!

_ Pode crê, não esperava meno de tu!

Desligo o rádio e sigo pelo o caminho mas seguro até a comunidade. Valeu pai, por me guardar dessa vez.

RedençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora