Redenção

Alicera ♔

Tudo que mas queria nesse momento era que eu não existisse, e não tivesse que está passando por essa situação insuportável que estou.
Ou melhor, que esse idiota não existisse, que meu tio não existisse Como ele pode fazer esse tipo de coisa comigo? Como irmão do meu pai ele tinha que cuidar da gente, não fazer a merda que ele fez.

Me encosto na janela que dá acesso a visão de boa parte da comunidade, já deveria ser mas de meio dia. Um calor infernal, eu queria muito tomar um banho, vestir uma roupa adequada.
Heloísa Havia saído falando que voltaria com uma roupa para mim. Porém até agora, pedi pra ela passar com minha mãe porém até o momento ela não tinha aparecido.

_ Eu posso explicar tudo a você Cerejinha!

Ouço a voz do meu tio logo atrás de mim. Continuo a encarar a vista lá fora, nesse momento é melhor que olhar pra cara dele. Eu não sou de sentir raiva, muito menos nojo da cara de ninguém! Mas nojo, raiva, é pouco o que estou sentindo agora nesse momento por ele.

Como ele pode fazer isso? Ir até minha casa de madrugada, exigir que minha mãe viesse salvar um cara cujo ele não teria que ter nada a ver com ele. Mas depois desse ocorrido, não acredito mas que ele não tenha nada a ver cm esse cara, ou o que ele faz.

Sinto ele colocando a mão em meu ombro, respiro fundo buscando não tirar essa mão dele de mim.

Alicera- Eu prefiro não falar nada agora, Me deixa por favor!

_ Tudo bem! Eu te entendo, vou te deixar em paz, uma hora você vai me ouvir, e entender meu lado filha.

Alicera- NÃO ME CHAMA DE FILHA, NÃO SOU SUA FILHA. VOCÊ NÃO TEM ESSE DIREITO CÉZAR! NÃO TEM DIREITO NENHUM DE ME CHAMAR DE FILHA DEPOIS DE TUDO, UM PAI OU UM TIO QUE TEM O PAPEL DE PAI PARA UMA PESSOA, JAMAIS FARIA ISSO, JAMAIS.

Eu acabo me exaltando mas que deveria, a situação não seria para tanto aos olhos de muitos. Porém ele colocou minha vida em risco, a vida da minha mãe.

Alicera- Se diz que me ama, como faz questão de falar, teria pensado em qualquer outra pessoa, atrás de uma outra pessoa. Não teria ido a minha casa.
Infelizmente, Eu sou tua sobrinha, se eu não tivesse conseguido me diz, se eu não tivesse o mínimo de conhecimento que eu tenho, você teria trazido minha mãe a força, sabendo como ela estava. Eu te disse, ela te disse. Por quê me diz Cézar.
ME FALA?

O encaro já com o olhos cheios de lágrimas. Infelizmente eu sou dessas, Qual não sabe brigar, discutir sem demostrar que sou uma menina frágil.

_ Eu não posso te falar nada agora Alicera, Mas... Mas você vai entender um dia, ou talvez não. Mas agora não posso dizer.

Alicera- É como você disse, talvez sim, talvez não. Mas até lá, ver se não fala comigo, não tô afim de ouvir mas desculpas esfarrapadas. Tô cansada de pessoas mentirosas.Vou ver ser esse imbecil escapa, ou se ele vai pro saco.

_ É bom tú cuidar pra que ele viva patricinha metida. Se liga no que tu fala porra.

Ouço uma voz grossa, de um fumante morrendo de tuberculose, logo atrás de nós. Me viro e encaro um cara alto, Negro todo tatuado dentes metálicos.

Alicera- Não sou Deus pra realizar Milagres, então está nas mãos dele a vida dele. Se Deus estiver com boa vontade, generoso hoje, ele viverá.

Eu já não tinha mas um pingo de medo dentro de mim,  tava com adrenalina em meu corpo, de tanta raiva que estava sentindo. Perdão meu Deus, por colocá-lo em meio a essa zorra.

_ Deixa ela Digão, cuida nos teu corre.

_ Se acha muito não Cézar, faz teu trabalho. Enquanto o Dc estiver assim, eu comando essa porra.

Saio de lá deixando os dois batendo boca e sigo pro quartinho onde estava o indivíduo desacordado, seu rosto ainda bem pálido, apesar de ter tomado uma bolsa de sangue e está no soro.

Alicera- Te odeio seu idiota.

Sussurro baixo para que só eu possa ouvir. Ao lado da cama estava o cara da noite passada que foi até minha casa com o Cézar.

_ Normal, ele está acostumado já de ouvir isso das pessoa menor. Há prazer, sou Turco!

Me assusto com a voz do cara, ele fala sem me olhar. Verifico os sinais vitais,  se há febre, e como estava o ferimento. Estava reagindo bem, logo ele estaria acordado!

_ Posso te fazer uma pergunta?!

Alicera- Já está perguntando, então já é uma pergunta!

_ Tú é mó chata menor, mas gostei de tú. Se o Cezar não tivesse ido lá contigo, e tú trombasse com o Dc na rua precisando de ajuda, mermo sabendo quem ele é. Tú ajudaria?

Eu fico sem entender o motivo da pergunta.

Alicera- Quando eu escolhi ser médica,  sabia que teria situações a quais teria que deixar de lado, tendo que cumprir meu juramento. Que vou exercer a arte de curar, Mostrar-me Sempre Fiel Aos preceitos da honestidade, da caridade e da ciência. Que meus olhos serão cegos, minha língua calará os segredos que me forem revelados, o que terei como preceito de honestidade, que não posso beneficiar o crime, porém não posso negar salvar uma vida.

_ Na moral, tú falou bonito mermo, se eu não fosse casado porra, eu iria te chamar pra sair mas eu. Tô zoando menor.

Alicera- E eu finjo que acredito!

_ Mas aí de rocha mermo, te agradeço tá ligado, porquê o que mas tem nesse mundo nosso é falsidade, é trairagem. Em outra situação, qualquer um teria deixado ele morrer e tomar a frente daqui tá ligado. Só que Dc Caraí, Pow ele é meu irmão cara, foi que me abriu a porta quando eu já tava na merda, porém eu tava numa merda feia, ele me deu um cargo de confiança, me abraçou tá ligado. E esse moleque já passou barra feia mano, menor já foi escrachado pra Caraí da vida. E de fé mermo pequena, sou grato mermo, conta comigo pra que for tá ligado, salvou meu irmão Caraí.

Eu até fico besta ouvindo o que eu acabo de ouvir. Beleza, os câmera escondido já podem sair, um traficante se declarando assim, só pode ser pegadinha. Aproveito do amor que ele acaba de exalar e arrisco um pedido.

Alicera- Já que és tão grato, poderia me deixar ir pra casa não é? Ele tá salvo, tá fora de perigo, não precisa de mim.

_ Aí tu pediu muito, mas te dou minha palavra. Assim que ele acordar eu mermo faço questão de te levar lá na tua casa, e pagar por tudo tá ligado.

Alicera- De tanto tu falar tá ligado, tá ligado. Que eu já tô entrando em curto circuito criatura!

_ Foi mau.

_ Menina desculpa a demora, mas tava com meu menor, tinha que dá comida banho no pequeno! Minha mãe saiu pra trabalhar, deixou o Yego com minha irmã mas nova.
Tá aqui uma mochila que sua mãe mandou, duas mudas de roupas, produtos pessoais de higiene, e teu celular... Eu sei que ainda tô na metade do caminho, mas verifiquei direitinho, tentei tranquilizar ela, e tinha umas mulheres com ela lá. Está tudo bem mana, relaxa. Você logo vai pra sua casa.

Heloísa entra na sala falando disparado sem da uma pausa.

Alicera- Obrigada! Mas queria mesmo era ir pra casa.

_ Logo!

Ela se aproxima do tal Turco e o abraça beijando, então esse é o namorado dela.

Alicera- Onde posso trocar de roupa, tomar um banho ao menos nesse muquifo?

_ Alá, desvaloriza não menor. Aí morena, eu disse que se fosse solteiro eu chamaria ela pra sair, deu mó patada neu.

Eu vou com o queixo no chão, não sabia onde enfiar minha cara, com esse comentário idiota dele.

_ Se fosse comigo, eu teria era enfiado um bisturi desses nos teus negócio, descarado. Vou te levar lá no banheiro Alicera!

Meu Deus, será que ela vai tentar me matar lá no banheiro, será se ela tá pensando que eu dei mole pro macho dela. Socorro Deus!