bônus II | o que nos move pt. 2

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B O A L E I T U R A

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— Quero fingir que nunca ouvi isso.

No dia seguinte, após ver a bolsa de moedas jogada no chão e a katana em cima da mesa, Hideaki não permitiu que seu funcionário se mantivesse calado. Tobirama até se esforçou para parecer o menos culpado possível, mas quando vislumbrou mais uma vez aquele emblema, seu desgosto foi mais do que visível.

— Deixo você por apenas uma noite sozinho, e é isso que me faz? — perguntou retoricamente. — Não só estragou meu acordo como ainda teve a ousadia de atacar o comprador! Em algum momento pensou que era errado?

— Em nenhum momento! — retrucou. — Ele pode ser Deus, mas não me fará temê-lo. Você conhece a minha história Ay, sabe o que meus irmãos sofreram na mão desta família horrível!

— Por mais que eu entenda suas razões, seus atos não são justificáveis — disse firme. — Você é um ferreiro e aceitou a responsabilidade de ser o mercador.

— Omitiu que ele era um Uchiha de propósito!

— Pois faz parte do meu acordo com o cliente de manter sua identidade em total sigilo.

— Alguma peça minha... já foi para ele?

Poderia ser um pensamento infantil, mas Tobirama se odiaria ainda mais se soubesse que se esforçou tanto em algo para aquela família.

— Não — respondeu. — Somente eu as fazia, e pensei em dar essa função para você — Hideaki se entristeceu. — Estou ficando cansado, porém não tenho filhos ou sobrinhos para seguirem o ofício. Então pensei que você pudesse herdar, mesmo não sendo do meu sangue, mas eu errei.

— Senhor Ay, por favor, tente me entender.

— É você que precisa entender, Tobirama! Não é por ele ser príncipe, por ser Uchiha, ou por ter muito dinheiro, não, é por ele ser um ser humano! E por isso, tenho uma última lição para te dar.

Mesmo desconfiado, perguntou: — Qual?

— Você irá pedir desculpas ao príncipe.

— O quê?

— Escutou muito bem.

— Eu não irei fazer isso! — exclamou, ofendido.

— Então não se dê o trabalho de voltar — sentenciou. — Não aceitarei crianças aqui. Preciso de um homem, e um profissional.

Senju estava completamente irritadiço. Como aquele dia não tinha feira, havia ido bem cedo para a casa do ferreiro, nem imaginando o que lhe aguardava; apesar de saber que seria repreendido. Ele não tinha ideia que Hideaki ficaria tão enfurecido por sua atitude.

De cabeça cheia, Tobirama não conseguia reconhecer o seu erro. De algum jeito, sabia que havia errado, já que independente da sua vontade de vingar seu irmão menor, não poderia ter envolvido seu empregador nisso. Deixou-se ser dominado pela fúria do momento e atacou o cliente do senhor Ay, ameaçou-o e o expulsou da forja. Agiu totalmente inconsequente. E estava arrependido de ter sido tão impulsivo, claro, mas não completamente.

Assim que se lembrava da lâmina quase tocando o pescoço do Uchiha, seu coração acelerava e seu ódio contido fervilhava, somente na espera da ebulição. Depois de tantos anos havia tido a oportunidade de se vingar: uma vida por outra vida.

Ômega Guerreiro || ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora