The Past is to be Remembered

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     O passado pode machucar. E por isso, o evitamos a maior parte do tempo. Somos ensinados de que não se deve tocar em feridas abertas. Pois, pode-se infeccionar. Mal sabendo que diagnosticar e usar curativos com remédios as fariam cicatrizarem, fazendo doer menos no processo. Mas tememos o período de cicatrização. Sabendo que a ferida precisará de cuidados. Sendo constantemente observada e tratada. A aparência que ela terá no processo de cura não será atraente. E terá a chance de nunca se curar ou piorar seu ferimento. Talvez, seja esse nosso verdadeiro medo. O esforço em vão. Pois, nosso passado não é pleno. E nem belo. E ao retirá-lo dos panos que usamos para escondê-los, sabemos que não gostaremos do que vemos.

– Você nunca vai me contar o que houve entre você e Harry, não é? -- Disse Freddie recostado na amurada da varanda, onde se podia ver quase toda a cidade de Nova York. -- Por que nunca disse nada sobre vocês?

 Louis suspirou.

– Porque é doloroso falar sobre isso. Harry e eu é... complicado. -- Disse encarando o chão. -- Desde o início.

– Se vocês se odeiam tanto. Por que guardam coisas um do outro? Por que ainda se prendem ao passado? Não estou julgando. Mas estou curioso.

– Porque o passado é melhor. -- Confessou não podendo encarar Freddie. -- Era tão menos complicado.

– Aquela caixa que você me deu quando eu era criança. Com o colar de pingente H. Era para ele, não era?

 Louis assentiu.

– Eu o dei a você para deixar de me torturar a encarando todos os dias. Mas eu não podia simplesmente jogar fora. Eu precisava deixar com alguém em que eu me sentisse conectado. E que cuidaria de uma parte importante da minha história.

– Por isso ficava melancólico sempre que me via com o moletom. Era dele, não era?

 Louis assentiu.

– Eu estava usando no último dia em que nos vimos.

 Freddie sentiu uma pontada no peito. Pensando o quanto deveria ter sido dolorido para seu pai vê-lo usando o moletom de Styles durante todos aqueles anos.

– Há uma coisa que ele não sabe. Ninguém sabe. Além de Gemma, e suas tias.

 Freddie o encarou atento.

– Eu... fui atrás dele. Eu tentei consertar os erros que cometi. Mas, quando eu o vi naquele trem... eu percebi a última chance que ele poderia ter. A chance de ser feliz. Harry nunca seria feliz ao meu lado. E eu tive medo de não ser o suficiente para ele. Eu não podia arriscar nossos futuros por um amor adolescente. Seria egoísmo da minha parte. Ás vezes, amar é deixar ir. Por mais doloroso que seja.

 Freddie assentiu.

– Eu entendo.

– Eu procurei por Harry antes mesmo de terminar a faculdade. E então, sua mãe engravidou... - Louis hesitou encarando Freddie, que permaneceu em silêncio. -- Voltei a procurá-lo pouco tempo depois. Mas, eu nunca o encontrei. Sempre que eu estava próximo de descobrir seu paradeiro. Ele desaparecia. Não sei se era proposital. Mas acontecia. Desisti há alguns meses. – Louis riu sem humor. -- E agora meu filho está noivo da filha dele. O destino é realmente um cretino quando quer.

– Então, você e mamãe nunca se amaram? -- Perguntou Freddie. Com medo da resposta. Apesar de sempre desconfiar. Ainda queria acreditar que seus pais já se amaram em algum momento nos tempos de casados.

 Louis negou com a cabeça.

– Desculpe, Fred. Mas não. Nunca nos amamos. Sempre foi para esconder minha sexualidade da mídia.

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