Carolina sempre foi uma garota sonhadora, que desde seus 15 anos sonhava em estudar e ser bem sucedida no ramo de trabalho, apesar de ter feito um curso que não era bem visto pela sociedade, mas mesmo assim conseguiu um bom emprego e passou a viver...
Estava distraído respondendo a algumas mensagens da minha família quando Carolina entrou no quarto.
— Desculpa, eu deveria ter esperado você se vestir. — Diz, passando as mãos no rosto corado por estar me vendo apenas de cueca.
— Não tem problema, meu corpo você já conhece. — Digo, vestindo a minha calça moletom que deixei sobre a cama.
Ela não diz nada, apenas pega uma muda de roupas na pequena cômoda e se tranca no banheiro.
Sorrio, pois sei que a deixei sem palavras, então aproveito sua ausência e decido ir até o mini acampamento que as crianças montaram em um dos quartos.
E assim que adentro o cômodo vejo Eric agachado alisando os cabelos da pequena Heloísa que está deitada mais no canto ao lado do irmão.
— Oi, vim dar uma olhada neles. — Sussurro, me agachando ao lado do meu filho.
— Eu também, porque Heloísa sempre teve problemas para dormir, sabe. — Conta, se levantando e sentando-se na cama. — Foi um processo muito longo para que ela dormisse sozinha em seu quarto.
— Mas vocês sempre acostumaram eles nos berços.
— É, mas ela chorava sempre, agora que está se adaptando.
Assinto, e quando sentimos que está tudo bem, saímos do cômodo, nos despedimos e caminhamos para os nossos respectivos quartos.
Já estava me preparando para dormir quando ouvi batidas na porta, murmurei um "entre" e quando me virei para ver quem era me surpreendi quando vi Carolina adentrar o cômodo e sentar-se na cama.
— Achei que irias dormir. — Digo, sentando ao seu lado.
— Fiquei pensando no que conversamos mais cedo e queria dizer que sempre pensei em nós dois, imaginava você aqui me ajudando a criar o nosso filho. — Fala, abaixando a cabeça.
— Carol, eu era para estar sentindo muita raiva agora, mas não consigo e sei que o erro foi meu também, eu que causei esse medo e insegurança em você.
— William, esses anos todos, minha tia sempre dizia que para tudo tinha uma explicação, então hoje eu decidi ouvi a sua.
— O que exatamente você quer saber?
— Porque me abandonou naquele motel e me deixou aquele bilhete ridículo que até hoje não sai da minha cabeça.
Suspiro, pois não queria entrar nesse assunto, pois envolve o meu relacionamento fracassado com a louca da Marcela.
— Quando eu tinha 18 anos, minha família precisou mudar de cidade, pois a empresa que o meu pai trabalhava faliu e ele foi transferido para Pernambuco, então me matriculei numa escola pública e depois de 3 meses conheci o Eric que havia voltado de Nova Orleans e precisou de ajuda para se adaptar as matérias e nisso nos tornamos amigos inseparáveis. — Conto, esfregando as mãos para acalmar o nervosismo, pois é a primeira vez que irei me abrir sobre esse assunto. — Entao nós passamos a sair muito e depois ele começou a namorar a Isabella que trabalhava em uma lanchonete, então as vezes íamos para lá, apenas para conversar ou comer, até que conheci a Marcela, minha ex-namorada que também era garçonete, mas ela só trabalhava no turno da tarde.
— E porque terminaram?
— Estava tudo bem, até ela pedir demissão do emprego e dizer que havia se inscrito para fazer um intercâmbio fora do país.
— Nossa, isso foi o motivo do termino de vocês?
— Sim, mas existiu várias outras coisas, eu fiquei chateado com ela no começo, mas depois eu aceitei.
— Então ela não quis continuar com você?
— Não, fiz de tudo para ficar bem com ela, mandei flores, chocolates e ela continuava me ignorando até que passamos uns dias sem nos ver e quando fui na casa dela, disseram que ela já tinha viajado.
— Meu Deus! Ela era para ter se despedido de você.
— Pois é, e quando tentei entrar em contato, descobri que ela estava namorando outra menina e já estavam morando juntas, ou seja, ela era lésbica e nunca me disse.
— E você nunca percebeu? — Pergunta, de olhos arregalados ainda sem acreditar.
— Não, nós tínhamos pouco tempo de namoro, nunca chegamos a transar e ela sempre dava desculpas.
— Nossa, você gostava tanto dela assim para ter ficado tão mal a ponto de descontar sua raiva em outras garotas?
Penso um pouco em suas palavras, que acabam me atingindo em cheio, pois nunca pensei que estaria descontando minhas frustrações em outras pessoas, apesar de que Eric as vezes dizia isso e eu fazia de conta que não ouvia.
— Não sei, nunca passou pela minha cabeça que eu estivesse fazendo isso.
— Sinto muito pelo que passou e agora entendo algumas coisas, só espero que não faça mais isso com ninguém.
— Faz 5 anos que não me envolvo com ninguém. — Revelo, e ela gargalha, como se não acreditasse.
As vezes nem eu acredito...
— Isso não é possível, você não está sem transar a 5 anos. — Debocha, se levantando, ameaçando sair do quarto.
— Você mesmo disse que também não se relacionou com ninguém e porque eu também não posso ter ficado sozinho? — Rebato sua afirmação.
— Porque eu tinha um filho pequeno para criar e você não sei. — Diz, abrindo a porta.
Sou mais rápido, fechando-a novamente e me pondo em sua frente, nossos rostos próximos demais.
— Eu só pensava em você...
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