Capítulo 50

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Theo P.O.V

Estava olhando a porta por onde a Scarlett tinha passado faziam provavelmente uns dez minutos feito um bobo, nem mesmo notará o Shay se aproximar, até ele tocar o meu braço.

— E aí gostosão? Quer conversar? - Parecia até que ele tinha lido a minha mente, não sabia se ele é que soube ler rapidamente os meus minúsculos comportamentos de ultimamente ou se a expressão estava simplesmente estampada no meu rosto.

Aquiesci e ele indicou as escadas, eu o segui e a gente estava andando em direção ao quarto dele. Quando entramos não podia ter ficado mais espantado. O quarto estava inacreditavelmente arrumado e organizado, só olhar aquilo já estava tirando uma risada de mim. Ele olhou para mim confuso e ergueu uma sobrancelha.

— O que foi? - Perguntou.

— Você perdeu algum tipo de aposta ou assim? - Perguntei rindo e andando em direção a cama aonde ele simplesmente se jogou, sem nem tirar os sapatos.

— O que, você não acredita que eu deixo o meu quarto organizado por prazer? - Eu baixei o meu olhar e franzi o cenho, o fazendo rir da minha expressão. — Tudo bem, tudo bem, foi Ava que arrumou o quarto, o que eu podia fazer se ela quis assim? - Perguntou. — Ela tem um espirito de mãe bem no sangue, tenho a máxima certeza que o cara com quem ela ficar será um sortudo.

Ouvir sobre aquilo me deixou meio triste por ter noção da situação em que a Ava se encontrava, mas ao mesmo tempo me fez lembrar da conversa que tive com a Scarlett na noite anterior, e automaticamente me lembrar do que me motivou a estar naquele quarto naquele momento.

— Não consigo honestamente dizer como estou me sentindo. - Comecei e ele adotou um ar sério. — Você melhor do que ninguém sabe que eu prometi a mim mesmo que não colocaria mais sentimentos nessa coisa toda, mas as coisas não nem sempre, só para não dizer nunca, funcionam da maneira que a gente pensa.

Ele recostou na cabeceira da cama.

— Quando eu conheci o irmão dela lá, o Michaelis, eu fiquei simplesmente petrificado sabe? Eu nunca soube absolutamente nada sobre a vida da Scarlett, nadinha mesmo, sempre que eu perguntava, ela...

— Divagava...- Ele terminou por mim e eu aquiesci.

— E ontem ele simplesmente estava lá, não sei dizer se eu estava vendo coisas na hora, mas ela parecia chocada demais, ela não estava triste, mas também não parecia genuinamente feliz, pelo menos foi o que eu achei, mas quando ela finalmente saiu do tranze, eu vi um lado da Scarlett que eu nunca tinha visto antes.

Ele comprimiu um sorriso e tocou levemente a cabeça com o dedo.

— Diria que ficou hipnotizado? - Ele fez uma cara feia e eu neguei com a cabeça.

— Hipnotizado? Não, só estou dizendo que foi sei lá, eu fiquei sem reação, e depois ele começou a falar sobre ela ter fugido, eu simplesmente fiquei bem confuso, ela notou e veio falar comigo.

Ele permaneceu em silêncio.

— Sabe, eu sempre via a Scarlett como uma mulher bem forte, e ela realmente é, destemida, dona de si, corajosa, não precisa de realmente ninguém para tomar decisões importantes, bem como, tem um dom incrível para tirar a postura até do homem mais severo possível.

Ele riu aquiescendo.

— Mas nunca me ocorreu que havia algo por trás dessa forma de ser. - Ele olhou para mim pensativo.

— Ela sofreu algum tipo de trauma no passado?

— Eu não diria um trauma, mas é algo que claramente deixou sequelas no seu ser, não sei de todo, mas parece que tudo que ela é hoje, indiretamente é por causa da família dela.

— Ela é uma garota do bem, a família dela é boa também? - Perguntou.

— Boa? - Perguntei sarcástico. — Sei que a gente não deve julgar uma história quando você só tem noção de um lado dela..., mas se a família da Scarlett é boa, eu claramente cresci no inferno.

A expressão dele ficou meio atordoada.

— Eu não...- Hesitou. — Não consigo imaginar ela passando por coisas assim tão ruins. De verdade não conheço a família dela, mas esse cara, o Micah, não parece nem de longe o ser que você está dando a entender que a família dela é.

Eu apertei os meus lábios tentando comprimir o que eu queria dizer, embora eu confiasse bastante no Shay, que era claramente um irmão para mim, não saberia se a Scarlett ficar feliz sabendo que eu contei algo tão íntimo sobre a vida dela a ele.

— Eu também não sei bem da história toda, mas seria um grande tolo em não confiar na Scarlett...- Falei baixando o meu olhar me sentindo meio derrotado. — Os pais dela, os irmãos dela, são pessoas horríveis, e sei lá, é aquela percepção de que ela está enfrentando algo enorme sozinha, e eu não tenho como ajudar.

Ele puxou uma inspiração profunda, como se estivesse articulando o que ele ia falar a seguir.

— Talvez você só esteja pensando em demasia no assunto.

— Você não ouviu o que eu ouvi...

— Mas você também não os conhece...- Ele me interrompeu. — Eu acho que a Scarlett não gostaria de saber que a conversa que ela teve com você está te fazendo pensar em coisas tão desnecessárias.

Bom, ele claramente não estava errado.

— E você também está dizendo que não pode ajudar...- Ele tocou o queixo pensativo. — Não tenho na verdade plena certeza sobre isso. - Não interrompi o raciocínio dele. — Se o assunto sobre a família dela for realmente tão grande como você disse eu devo dizer, a Scarlett é realmente boa de representação.

— Representação? - Perguntei confuso.

— Sim. - Aquiesceu. — Ela consegue fingir muito bem os seus próprios sentimentos. Você mesmo disse que notou uma leve surpresa quando ela viu o irmão, mas logo voltou a expressão tranquila de sempre. - Suspirou. — O que eu estou tentando dizer é que, ela pode muito bem estar usando uma máscara sabe?

Ele rapidamente levantou da cama e andou em direção as grandes janelas e depois se virou para mim.

— E se for realmente desse jeito, talvez você seja a única ajuda que ela pode precisar nesse momento.

Simplesmente LascivaOnde histórias criam vida. Descubra agora