Capítulo 17

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Ian

Meu sangue gelou quando ouvi o nome da minha filha surgir naquela conversa. Quando ouvi sobre Sr. Marta eu fiquei tranquilo, afinal existe muitas Martas pelo mundo... Mas foi um choque saber que a mulher a quem confiei a minha filha está morta. Preciso falar com Simone, mas me veio a lembrança de que ela sumiu para quem ninguém a encontrasse. E agora? Minha filha está sozinha e insegura? Não posso deixar Bastille tocar nela de novo.
Levei Becca para o meu apartamento para conversarmos melhor. Eu estava com medo da reação dela

- De acordo com o relatório, o estado de Mirela é bom. Ela não apresentou surtos e tentativas de suicídio. Aquele lugar tem feito bem a ela. - disse para Becca que estava a minha frente segurando o relatório da psicóloga que trata minha filha.

- Meu Deus Ian... Mulher nenhuma, de qualquer idade não merece passar por isso. Eu sofri uma tentativa de estupro e é difícil pra mim. Saber que sua filha foi violentada é mais difícil ainda. Sinto muito Ian. - Rebecca limpa a lagrima com a mão do rosto e deixa o papel na mesa.

- Dona Marta cuidava de Mirela desde que ela tinha 8 anos. Foi quando me mudei para o Brasil para fechar alguns negócios da empresa. Aquele lugar é um paraíso, Mirela corria o campo todos os dias. Colhia flores, subia em árvores para pegar frutas e come -las. Plantava algumas flores com Dona Marta... As vezes quando eu chegava cedo,dava para ver essas cenas e respirar aliviado. Mas quando chegava algum homem desconhecido na fazenda, Mirela entrava em pânico. Dona Marta era a única que a acalmava. Pois era a unica pessoa que Mirela confiava nessas horas. Nem eu, que sou o pai dela, a consegui acalmar.- suspirei e me levantei para pegar alguma bebida.

- Nada de bebida por hora.- Disse em tom autoritário.

- Porque não? - porque não posso beber?

- Nesse momento, precisamos manter a cabeça fresca e sem álcool. Afinal de contas, estamos conversando sobre sua filha e a segurança dela na fazenda da minha tia-avó. - Ela pegou o copo da minha mão e o colocou na mesa.

 — Você confia em mim para cuidar de Mirela? — ela me perguntou sentada ao meu lado e olhando nos meus olhos.

 — Eu sei que ela passou por um inferno e que você não confia em ninguém para cuidar dela en- a cortei antes que terminasse a frase. Eu confiava em Rebecca, ela não me deu motivos para pensar o contrário. 

- Eu confio em você, Rebecca. Sei que cuidará dela como se fosse sua filha. — segurei em suas mãos e beijei os nós dos seus dedos. 

— Obrigado pela confiança, Ian- ela sorriu para mim e me beijou a bochecha.

— Estou perdida, Ian. São muitas propriedades e tenho uma vida aqui. Não é fácil pra mim largar tudo, sinto que estarei fazendo o certo indo para o Brasil. Mas e meu filho? Ele tem amigos aqui, a avó dele. E um mês pra resolver tudo é pouco tempo. - Ela se levantou e se sentou sobre as pernas no chão , ficou debruçada na mesa pegando alguns papéis, na tentativa de se organizar.

— Realmente é muita coisa para organizar, amor. Mas, — eu me sentei ao seu lado no chão e beijei o topo da sua cabeça — Você é organizada e forte, você vai colocar tudo em ordem antes do prazo. E mesmo não precisando,estarei aqui para te aqui com você. — Ela se virou para mim e olhou nos meus olhos.

— Será que posso me mudar depois do depoimento que dei hoje? — Ela sentou no meu colo com as pernas abertas e colocou suas mãos no meu ombro descendo para o meu peito.

Foi apenas uma noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora