Rebecca
Fui para o quarto de Samuel para arrumar as malas dele. De qualquer maneira, deixaria algumas coisas para trás. O clima aqui em Londres é totalmente diferente do Brasil. Me lembro do calor daquele país abençoado por Deus. Moro em Londres desde a pré adolescência e gosto de onde vivo. Mas, me lembrar de meu país natal... Daquele calor... Daquele vento... Dos cheiros... Temperos... As pessoas... Sinto saudade. Saudade do meu lar. Dos meus pais. Com esses sentimentos e lembranças, imagino Samuel, brincando de bola no gramado com os amigos, se sujando de terra e grama, seu rosto vermelho e suado do sol e pela corrida, com um sorriso estampado no rosto e gargalhando. Era tão nítido essa cena na minha mente que achei que fosse uma visão do futuro. Despertei dos meus pensamentos quando ouvi Samuel me chamar.
— Mamãe! A vovó e eu estamos prontos. Nós vamos passear? Na fazenda?— fechei a mala dele e peguei Samuca no colo.
— Vamos sim meu amor. Vamos descer e levar essas malas, esta bem? — Samuel confirmou e desceu do meu colo.
— Mamãe, eu posso levar um brinquedo? — ele olhou para sua coleção de carrinhos e depois para mim.
— Claro meu amor! Vai guardar na mochila? — perguntei-lhe e ele sorriu gritando um oba.
— Obrigado mamãe! Você é a melhor de todas! — eu caí na gargalhada, peguei ele no colo e dei vários beijos pelo seu rostinho.
— Obrigado por ser meu filhotinho meu folote! — ele gragalhava com os beijos e pediu para eu parar. Parei e o coloquei no chão. Ele começou a pegar os carrinhos guardando os na mochilinha. — Quer ajuda?
— Quero. — O ajudei a organizar os carrinhos na mochila e acabamos rapidinho.
— Vamos descer agora pra ver a vovó? — peguei as malas e ele pegou a machilinha dele com seus carrinhos e descemos.
— Oi minha filha, fiz alguns sanduíches para a viagem. Tem bolo também e suco. — Verdade seja dita, Mary é um anjo.
— Obrigado Mary, vou fazer umas ligações e já volto. — olhei para fora e vi os seguranças de Ian alguns parados e outros circulando. Dei um beijinho em Samuel e fui para a sala fazer as ligações. Liguei para a escola de Samuel e pedi a transferência de Samuel. Disse que viajaria e precisava da documentação para a transferência. Eles me enviaram tudo por e-mail e conclui o que precisava com a escola. A próxima ligação, escritório do Sr. Alcântara. Enquanto estava chamando, o segurança de Ian chega uma mochila nas mãos. Era minha mochila, porque o pingente da mochila foi Samuel quem fez na escola pra mim no dia das mães. A ligação foi para caixa postal.
— Senhorita Gonzáles, aqui estao seus aparelhos eletrônicos, no porta malas suas roupas e documentos. Estou esperando os lá fora. — ele era bonito, com cara de mal, mas era bonito. A estrela na mão me assustava um pouquinho.
— Estou saindo, estamos todos prontos. — ele saiu pela porta enquanto eu ia até a cozinha chamar por Mary e Samuel. Eles estava rindo de alguma coisa, quando me virão pararam.
— Podemos ir. — disse a eles. Mary sorriu para mim, mas era um sorriso triste, pois ela estava deixando o filho dela e a casa que ela morou durante longos anos. Eu a entendia, mas era necessário que ela viesse conosco.
— Obaaaa! — Samuel gritou alto e pegou minha mão e foi me puxando para fora. Peguei sua mala que estava ao lado da porta e ele estava com a mochila nas costa. Mary veio puxando sua mala, quando Pedro apareceu,descendo as escadas.
— Mãe, faça uma boa viagem e se cuide. Se tiver algum problema me ligue. — Pedro abraçou sua mãe e ela chorou, vi uma lágrima no rosto de Pedro, mas ele limpou rápido para que ninguém visse.
— Filhão... Cuide da mamãe e da vovó,tá bem? Você é homem da casa e se cuide meu filho. Papai vai sentir sua falta. Muito mesmo. — Samuel abraça Pedro que o mesmo o envolve nos braços sem vontade alguma de solta lo.
— Mas papai, eu sou só uma criança. Vou cuidar dos meus brinquedos, prometo. Vou dar muitos beijos, na vovó e na mamãe. Eu te amo papai. — Samuel da um beijo no rosto de Pedro.
— Também te amo meu amor. — Pedro beija sua bochecha e o coloca no chão. Ele se vira pra mim e fica alguma segundos me encarando sem dizer uma palavra. Não se via raiva em seu olhar, só se via... Tristeza.
— Becca, não fui bom pra você e nem o suficiente. Mas sei, que você é forte e capaz para o que der e vier. Cuide deles como sempre cuidou. Vão com Deus e tenham uma boa viagem. — Pedro se despede de nós, passamos pela porta e entramos todos no carro. Quando o carro começa a se movimentar, olho para Pedro, que estava parado na porta boa olhando partir. Nesse momento senti um impulso descomunal, abri a janela do carro e gritei bem alto.
— Pedro, se cuida e fique com Deus! — ele sorriu e entrou para dentro de casa, sei que ele me fez muito mal, me traiu, enganou e humilhou, mesmo com raiva de Pedro, ele ainda é pai do meu filho, um bom pai, essa pode ser a última vez que o vejo, então porque não desejar que ele encontre o que deseja e seje feliz? Tenho raiva sim pelo que ele me fez comigo, mas não quero guardar rancor e muito menos desejar o mal pra ele. Melhor assim, pelos pra mim, assim durmo tranquila. Estou começando uma etapa da minha vida que não posso ter dúvidas e medo. Preciso confiar em mim mesma,sou forte. Ian disse isso, Mary, Helena, Lizzy... Até meu filho disse que sou forte, então não posso recuar e deixar de confiar em mim mesma. Fechei a janela do carro e comecei a enviar minha carta de demissão para o Sr. Alcântara pelo celular. Logo, estaremos longe de Bastille, logo estaremos de volta as raízes. Iniciando uma nova etapa, mesmo sendo em um momento perigoso. As vezes, o perigo nós impulsiona a sair da zona de conforto. Faz com que confiemos em nós mesmos e a enxergar com mais clareza quem está ao nosso redor.
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Foi apenas uma noite
RomanceRebecca Gonzáles é uma mulher forte e independente. Ela tem um homem que a ama e um filho lindo, inteligente e saudável. O que ela não queria, era se casar de papel passado. Ela tinha a vida perfeita. Porém, ela se enganava que tudo fosse perfeito...