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Era perigoso estar lá, Ana sabia disso.
Apesar de estar a alguns metros de distância, ela pôde ouvir claramente os gritos angustiados que viam das portas duplas. Gritos desesperados, pedidos de ajuda de crianças, mulheres, homens. Mas àquela altura, nada daquilo importava.
— Distraída com a trilha sonora de novo?
A humana ergueu os olhos, encarando a vampira acompanhada das duas rainhas Volturi.
— Você sabe como me sinto, Corin — Ana respondeu com um suspiro. Já fazia algum tempo que ela não se assustava mais com as aparições repentinas.
— Sabe que posso te ajudar com isso — a vampira sugeriu, apontando para as mulheres atrás de si — Como faço com elas.
A humana negou com a cabeça.
— Sei as consequências disso, prefiro continuar na minha situação normal.
— Você que sabe.
Corin deu de ombros e seguiu andando com as esposas reais ao seu alcance. Ela abriu as portas duplas e ambas entraram rapidamente.
Antes que a porta se fechasse, Ana pôde ver um dos reis sentado em seu trono. Ele a encarou por um instante, fazendo um arrepio percorrer o seu corpo. A mulher abaixou a cabeça, sabendo que não deveria encará-lo por tanto tempo.
— Corin, você só sabe me colocar em encrencas — sussurrou, sabendo que a vampira estaria ouvindo.
Ah, sim, Corin demorou para fechar as portas de propósito. Claro. Ela era a única — com exceção de Heidi — amiga íntima de Ana dentro daquele castelo, e a únicaa saber de seus sentimentos por um dos co-líderes dos Volturi.
Para Ana era quase impossível não olhar para Marcus. Mesmo com a aparência abatida, a posição desleixada e o olhar cabisbaixo, ele ainda tinha seu charme, e foi aquele charme que chamou sua atenção quando ela foi contratada — lê-se forçada a aceitar a proposta de emprego — para trabalhar em um antro cheio de vampiros que poderiam matá-la a qualquer momento.
Ela ainda se lembrava de tudo. Fora a alguns anos, ela havia acabado de concluir o curso superior, aprendera alguns idiomas — a maioria mais por curiosidade e próprio interesse — com a intenção de melhorar o currículo, e se sentia pronta para o mercado de trabalho.
Quando foi acompanhada até a sala do trono, e seus olhos encontraram os dele, ela pôde sentir algo diferente. Ela não sabia o que era, mas admitia para si mesma que o homem era muito, muito — muuuuuuuito — bonito, charmoso, e dezenas de outros adjetivos, mesmo que alguns fossem indecentes.
