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{Isadora}
Meu corpo doía, e a única coisa que eu conseguia ouvir era um "Bip" constante, irritante até. Acordei lentamente enquanto sentia minha cabeça latejar e a luz me obrigava a piscar os olhos diversas vezes antes de me acostumar com a claridade. Suspirei olhando ao redor, a coloração branca do quarto e o tubo de respiração em meu nariz — o que incomodava ainda mais do que a leve dor de cabeça — deixavam claro o lugar em que me encontrava: um quarto de hospital. Uma pergunta iluminou minha cabeça. Como eu vim parar aqui? Fechei os olhos e levei as mãos à cabeça, até que minhas mmemórias chegaram ao poucos.
A estrada estava molhada, e eu e minha mãe tentávamos a todo custo chegar em casa, mesmo naquelas condições perigosas para um carro. No meio do caminho, um caminhão apareceu. O motorista estava aparentemente pouco acordado, pois o veículo saiu de sua pista e veio para cima de nós; mamãe teve que agir rápido. Desviou rápido demais, perdeu direção e então senti o carro capotar; a tontura chegou depois da terceira vez. Pouco depois eu perdi a consciência.
— Isadora?
Ainda imersa em pensamentos eu olhei para o lado, vendo um homem com um jaleco branco, um médico. Inclinei a cabeça para o lado, observando o médico atentamente. Sua pele era pálida, quase doentia; seus olhos possuíam um estranho tom de âmbar, uma cor que eu nunca havia visto na vida; e seus cabelos penteados perfeitamente para trás eram loiros. Eu vim parar eu algum tio de hospital de celebridades?.
— Sou o Doutor Cullen. — ele se apresentou — Como está se sentindo?
— Eu... minha cabeça só doeu um pouco. — lhe respondi um pouco tímida — Onde está minha mãe?
A pergunta saiu sem que eu percebesse, e no mesmo momento o semblante do médico mudou bruscamente. Ele abaixou a cabeça para encarar a prancheta em suas mãos, como se aquilo passasse a ser extremamente interessante. Meu peito se apertou, temendo que ele dissesse o pior.
— Doutor Cullen? — chamei em sussurro — E a minha mãe?
— Sua mãe. — ele sussurrou em lamento — Sinto muito, ela não resistiu aos ferimentos.
Aquela frase ecoou em minha cabeça conforme eu entendia o que havia acontecido. Nãoresistiu. Morreu. Meu lábio inferior tremeu, me fazendo mordê-lo com força, um caroço se formou em minha garganta, e eu nao fiz questão de tentar reprimí-lo. Porque agora eu estava sozinha. Uma garota de quinze anos, órfã de pai desde os dez, e agora de mãe. Sozinha no mundo. Completamente sozinha. Abracei meu próprio corpo enquanto abaixava a cabeça, já sentindo a solidão me invadir brutalmente, pois a única pessoa em quem eu podia confiar, a única que me amava, estava morta.
