Capítulo 8 | Companhia limitada

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Na hora do pagamento senti meu coração errar uma batida, mas ao trocar olhares rápidos com Sasori que ele se aproximou, quase me empurrando e entregou o dinheiro para a atendente que agradeceu e se despediu de nós. Ele permaneceu calado mesmo após sairmos do mercado já com as compras em mãos.

—Perdeu a língua? Desconhecidos não mordem!

 Ele me encarou de forma assasina.

—Eu falo com quem eu bem entender.

—Confesse, você só estava com vergonha! -Me aproximo e o empurro de leve, apenas para o provocar, algo que não foi difícil. Ele bufou. —Bem, espero que pelo menos você saiba cozinhar!

—Você não sabe fazer nada ou é impressão minha?

—Você sabe fazer tudo ou é impressão minha? -Cuspi as palavras de forma azeda, não era minha real intenção, mas é doloroso ter que confessar isso… Como ele pode saber de tantas coisas? Posso dizer que sinto um pouquinho de inveja.

Permanecemos em silêncio enquanto andávamos contra aquele vento congelante até chegarmos no dormitório, onde colocamos as sacolas sobre a mesa de refeições. Me sentei em uma das cadeiras e joguei a cabeça para trás, estava exausto.

—Se levante, você também vai ajudar a guardar as coisas! -Sasori reclamou indignado com minha preguiça enquanto começava a tirar algumas compras de dentro das sacolas.

—Eu carreguei todas as sacolas pesadas, estou cansado!

—Como você é relaxado… -Ele colocou a palma contra o próprio rosto, era evidente seu aborrecimento perante minha falta de habilidade com tudo. Sem mais reclamações, ele começou a tirar tudo das sacolas e guardar nos armários.

—Você leva as coisas bem a sério, né? -Dei um longo suspiro para tomar coragem e por fim me levanto. Me sinto na obrigação de ajudá-lo a guardar o restante das compras, afinal, acho que é a única coisa que sei fazer.

—E você não leva nada a sério! -Ele reclamou indignado, colocando sua mão sobre a porta da geladeira. O problema é que eu fiz a mesma coisa, dei um salto ao ter colocado minha mão sobre a sua.

—Desculpa! -Exclamei assustado como se tivesse levado um choque, colocando a mão contra meu próprio peito. Ele apenas ignorou, revirou os olhos e abriu a porta da geladeira, quase a batendo em mim. Me sinto constrangido pela reação dramática.

Foi ao acabar as organizações que me sentei na cama bagunçada e chequei as mensagens recebidas da minha mãe. Me pergunto como ela está… Será que se sente muito sozinha?

—Pense rápido! -Sasori me assustou ao jogar algo em mim, me fazendo quase derrubar o celular, felizmente consegui segurar tudo ao mesmo tempo. Era apenas uma maçã.

—Pra que jogar em mim, hum? -Reclamei irritado, voltando a olhar para a tela desligada do meu celular, ao ligá-lo, me assustei com uma sequência irritante de apitos, espere aí… Acabei ligando para minha mãe sem querer!

—Alô? -Dei um salto com sua voz, mas agi de acordo e coloquei o celular sobre a orelha.

—Ah, oi mãe… -Respondi engolindo o susto. Você me paga, Sasori!

—Já estava com saudade da sua voz, querido! -Ela exclamou alto o suficiente para que o ruivo ouvisse da sua cama, fazendo-o dar uma risada nasal ao dar uma mordida em sua maçã. Senti meu rosto corar pela vergonha, o encarei torto.

—Mas eu te liguei ontem! 

—Eu sei, eu sei! -Ela riu —Como você está? Estou sentindo sua falta…

—Estou bem, nós acabamos de voltar do mercado.

—Nós quem?

—Ah. -Exclamei -Eu e o Sasori, meu colega de dormitório, acho que mencionei ele ontem…

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