Capítulo 28 | À distância

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Espero que estejam gostando, agradeço a todos que estão lendo minha história. Peço apenas que não se esqueçam de curtir os capítulos, pois isso ajuda na divulgação da fanfic, obrigado!
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Meu coração estava muito agitado, mas fui me acalmando aos poucos apesar de continuar inquieto. Isso nunca ocorreu, prometi pra mim mesmo que não iria prolongar essa ligação, que queria esperar para contar tudo para ele amanhã, mas não consegui conter a vontade de conversar com Sasori.

—Esse quarto me trás centenas de memórias… -Murmurei olhando em volta, estava tão habituado ao dormitório que era como se aqui fosse minha segunda casa. Passo os olhos pelos posters quase caindo, pelas esculturas antigas espalhadas pelas cômodas, as cortinas finas manchadas de tinta e os cantos das paredes riscados e pintados. Sempre fui uma criança bem levada —Infelizmente, nem todas são boas.

Meu sorriso repleto de memórias boas foi aos poucos sumindo. Lembro nitidamente das noites que meu pai saia do controle e vinha me encontrar no meu quarto, descontava suas decepções em mim, em gritos ou agressões. Eu era apenas uma criança, uma criança levada, que gostava de destruir os móveis com desenhos rabiscados e coloridos mas que sempre vinham com consequências de brinde.

—Quando vou na casa de Chiyo o sentimento é o mesmo. 

É mesmo, ele morou naquela casa desde pequeno após o acidente de seus pais. Aposto que sua infância foi traumatizante, talvez tenha passado muito tempo se isolando dos demais? Será que sofreu muito? Queria que pudéssemos ter nos conhecido mais cedo, mas será que eu teria sido capaz de cobrir o buraco da sua solidão? 

—Você tem memórias boas de lá?

—Tenho sim -Ele afirmou com sinceridade, gosto desse seu tom, como se nunca fosse capaz de mentir para mim —Minha infância não foi péssima.

—Do que você lembra? -Me endireitei na cama, deitando virando para o lado da janela, observando a neve cair pela brecha entre as cortinas.

—Eu era uma criança excluída, passava a maior parte do tempo brincando sozinho, lendo e desenhando. Eu amava desenhar…

—Você devia ser aquelas crianças que, até aqueles que não gostam de crianças acabam gostando de você.

—Adultos talvez -Ele deixou uma risada fraca escapar —Mas as outras crianças não.

—Eu te entendo muito bem -Dei uma risada nasal fraca, um pouco forçada.

—E enquanto a sua infância?

Pensei um pouco antes de responder, poderia citar uma infinidade de coisas. Traumas, decepções, surtos, raiva, falta de estabilidade…

—Acho que foi cheia de emoções -Comecei, diminuindo o tom de voz — Eu era uma criança feliz apesar de tudo, eu usava a arte para abafar meus sentimentos deprimentes, fui diagnosticado com transtorno explosivo intermitente e daí a causa de todos os meus surtos de raiva. Tinha dificuldade de me relacionar com os outros e os poucos amigos que eu fazia me abandonavam dias depois, ainda tinha mais os problemas relacionados ao meu pai…

—Me parece ter sido terrível.

—Acredite, não foi tão ruim quanto pode parecer.

—Pelo visto não somos tão diferentes assim, ambos com problemas na infância.

Um sorriso meu escapou.

—Se tivéssemos nos conhecido antes…

—Se tivéssemos nos conhecido mais cedo….

Ambos se calaram assim que acabaram falando a mesma coisa ao mesmo tempo, como se tivéssemos planejando. Acabamos rindo juntos em seguida.

—Se tivéssemos nos conhecido antes, você não iria me aguentar de forma alguma! -Murmurei ainda achando graça.

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