Daisy acordou, fez sua higiene, se vestiu, tudo com Violet fingindo que dormia, com os olhos bem apertados. Ela não incomodou a irmã, afinal Violet era notívaga, ela não se levantaria cedo mesmo.
Na sala de jantar apenas sua mãe e Honor estavam a mesa.
Daisy beijou sua mãe, se sentou e fez a costumeira montanha de comida em seu prato. Os morangos estavam vermelhos e enormes, a boca dela se encheu de água.
"Querida, viu o que Violet fez? Ela deu um jeito no quarto de Joe. Tirou tudo o que podia lembrá-lo de Mary. Eu falei com ele, Joe virá dormir em casa hoje."
"Depois de voltar das noitadas com os trigêmeos? Fiquei sabendo que ele tem chegado tão bêbado que nem vai reparar no que Violet arrumou." Honor a olhou com raiva, Daisy o ignorou.
"Ele falou que não vai sair essa noite. E ele é macho, machos fazem essas coisas idiotas." Sua mãe deu de ombros.
"Eu não." Honor disse, sua mãe esticou a mão e segurou a mão dele, sorrindo.
"Mamãe disse 'machos'. Não estava se referindo a você." Daisy disse.
"Daisy!" Sua mãe ralhou. Honor continuou comendo a ignorando.
"E como está se sentindo, querida? As costelas doem ainda?" Não, não doía, mas ela não perderia a oportunidade de um pouco de carinho.
"Sim, mamãe, está doendo um pouco, eu tomei um comprimido e vou ficar quietinha, vai passar." Honor fez um som engasgado. Daisy iria acabar chutando as bolas dele se ele continuasse.
"É como eu sempre digo: a mãe avisa, a mãe implora, para não fazerem essas coisas perigosas, mas não obedecem. Então padecem." Sua mãe estava de brincadeira? Daisy não teve culpa!
"Sério, mamãe? Eu não tive culpa! O galho quebrou!" Ela disse, mas sua mãe continuou sem lhe dar caso:
"E o pior é que a pobre Lunna que estava bonitinha dentro do jipe, como uma mocinha, se machucou." Aí já era demais!
"Lunna teve só uns cortinhos! Eu quebrei uma costela! E a senhora falou isso com Violet? Ela também estava se jogando de galho em galho."
"Violet não quebraria um galho, D. Ela não é tão pesada quanto você." Honor disse e Daisy jogou uma xícara bem em sua testa . A xícara espatifou e cortou a testa dele.
"Daisy!" Sua mãe se levantou da cadeira e Daisy se preparou para o tapa quando alguém limpou a garganta.
"Atrapalho? A porta estava aberta e..." Salvation, um nome apropriado, Daisy pensou, estava parado na entrada da sala de jantar.
"Oi, querido! É claro que pode entrar, você é de casa!" Sua mãe aproveitou que estava de pé e o abraçou. Ele galantemente, beijou o dorso da mão dela.
"O tempo não passa para você, tia. Está tão linda como quando papai me trouxe aqui pela primeira vez." Daisy ia dizer alguma coisa, mas ele a salvou de levar um super tapa, então ficou calada. Honor limpou a testa com um guardanapo, fazendo cara feia para ela, Daisy discretamente lhe mostrou o dedo do meio.
"Seu sedutor! Venha, vamos tomar café." Ela o sentou perto de Daisy, ela segurou a respiração. O filho da mãe era bonito, e seu cheiro! Daisy pregou os olhos no prato.
"Você estava no jipe quando o galho não aguentou o peso de Daisy não é, Sal? Eu ia dizer que ela deveria maneirar, se não, logo, não vai conseguir saltar, ou subir numa árvore." Honor disse. Salvation olhou para o prato gigante de Daisy e disse:
"Isso vale para humanas, eu acho, Daisy parece se exercitar, então não vejo como ela poderia ficar tão gorda assim." Ele sorriu.
"Ela se exercita. Corre, pula, salta, quebra costelas..." Ele começou a rir. Salvation mexeu os lábios, mas não sorriu.
"Bom, querido, já está na hora de começar o almoço. Com licença. Daisy, venha me ajudar." Ela sorriu, e Daisy sabia que ela iria falar muito e talvez dar-lhe uns tapas na cozinha.
"Eu não posso, mamãe! Violet não deve demorar a acordar. Eu ainda estou sentindo dor. Candid recomendou que eu tomasse sol, disse que ajuda."
"Pensei que tinha sido a tia Trisha que cuidou de você. E Candid ainda não é médico." Honor voltou à carga. Sua mãe, porém, suspirou.
"Certo. Violet deve estar cansada, ela arrumou o quarto de Joe de noite."
"Florest pediu para agradecer por terem acolhido ele aqui ontem. Ele não queria preocupar a tia Trisha." Salvation falou. Daisy quase engasgou com o morango.
"Em qual quarto ele dormiu, mamãe?" Honor perguntou, Daisy sorriu da cara de espanto dele.
"Por que pergunta, querido?" Sua mãe estava ganhando tempo, então a resposta era exatamente o que eles pensavam. Daisy riu. Honor ficou totalmente vermelho, ela riu ainda mais. Sua costela quebrada começou a doer de verdade.
"Ai, minha costela está doendo." Daisy disse, mas continuou a rir, a cara de Honor era engraçada demais. Ele afastou a cadeira e saiu da sala de jantar.
"Eu falei com Simple para colocá-lo no quarto de James. Simple não tem jeito mesmo. Você não devia rir dele assim, Daisy. Vai lavar toda a louça do almoço sozinha." Sua mãe decretou.
"Mas mamãe, minha costela está doendo!" Ela disse. Ainda tinha vontade de rir.
"Ainda falta um tempo para o almoço, tome um analgésico, e até lá já vai ter melhorado." Sua mãe disse e ia saindo quando se voltou para Salvation:
"Espero que fique para o almoço, querido." E saiu.
Daisy saiu da sala, não ia ficar lá servindo de anfitriã para ele. Ela se dirigiu ao jardim e se sentou num sofá, dos que estavam bem debaixo do sol. Ela adorava tomar sol.
"Eu perdi alguma coisa e fiquei curioso." Salvation se sentou no mesmo sofá que ela, colocando seus pés no colo dele. Daisy tremeu com aquele gesto simples.
"Honor, segundo Candid, por que é lógico que eu não saberia, tem um pau enorme e tem vergonha disso." Ele abriu a boca para dizer alguma coisa, mas ela continuou:
"Não pergunte, ninguém sabe por que Honor tem vergonha do tamanho do pau dele. Ele dorme nu, então, se Simple colocou Florest no quarto dele, provavelmente Florest o viu nu. Ele odeia isso." Daisy começou a rir novamente.
"E por que ele não tranca a porta do quarto?" Salvation tinha a testa franzida. Ele era tão bonito que Daisy estava com receio de ficar olhando para a cara dele, com cara de boba.
"Ele tranca, mas os trigêmeos devem ter uma cópia." Salvation balançou a cabeça de um lado a outro.
"Seus irmãos parecem não ter limites. Seus pais não os castigam?" Daisy o olhou com desdém.
"E isso é da sua conta?" Ela tirou os pés do colo dele.
"Isso responde a minha pergunta. Afinal se fosse para castigar, teriam que começar por você. Se eu fosse seu pai, lhe daria uns tapas na bunda todos os dias" Daisy se sentiu aquecer. Imaginá-lo lhe dando uns tapas na bunda, seria...
"Você não viu o que Candid fez com Florest? Quer que eu conte para ele?" Ela disse.
"Engraçado, não pensei que você tivesse que chamar seus irmãos para resolver seus problemas. Sua irmã, sim, mas você não." Ele ergueu uma sobrancelha.
"O que veio fazer aqui? Não ia embora?" Ela perguntou. Já estava ficando de saco cheio dele.
"Eu fiquei, preciso conversar com Rosalie." Ele disse e olhou para as rosas de sua mãe.
"Todo mundo viu ela se desmanchar para Adam, só você que não. E quem pode culpá-la? Adam é lindo demais, exatamente igual ao tio Ven." Ele contraiu o maxilar.
"Você é uma criança mimada, Daisy, não entende dessas coisas. E eu vim falar com sua irmã, pode chamá-la para mim?" Ele sorriu tentando diminuir que a ofendeu.
"Não. E vá embora." Ele achava que podia chamá-la de criança mimada e ainda ficar na casa dela?
"Sua mãe me convidou para o almoço." Ele cruzou os braços.
"Mas eu não te convidei para ficar aqui no jardim, vá embora." Ela o empurrou. Ele segurou a mão dela e a puxou, Daisy abriu a boca de susto, ele aproveitou e lhe enfiou a língua na boca. Daisy sentiu um choque percorrer todo seu corpo, Salvation retirou a língua da boca dela e chupou seu lábio inferior. Daisy não resistiu e chupou o dele também. Salvation voltou a por sua língua dentro da boca dela, Daisy a sugou. Ele rosnou, uma mão abarcou um seio dela, e apertou. Daisy enfiou sua mão no cabelo dele, os fios lisos e macios a fizeram rosnar também. Porém, tudo acabou tão rápido quanto começou.
Salvation se afastou, sua respiração ofegante, seus olhos pareciam confusos, ele não ostentava sua postura arrogante.
"Sal? Mamãe disse que você estava aqui." Violet sorria parada do lado do sofá. Salvation respirou fundo, sorriu para ela e se levantou.
"Bom dia, Violet. Eu preciso falar com você." Ela olhou para Daisy, Daisy deu de ombros, o que poderia dizer? Violet saiu do jardim, ele saiu atrás dela, eles entraram. Daisy se levantou do sofá, parou um pouco com a mão no peito, seu coração batia disparado. Ela se aproximou pisando de leve.
"Florest pediu para te dar isso." Salvation entregou um papel dobrado, Violet pegou e colocou no bolso.
"Obrigada. Vai ficar para almoçar?" Ela perguntou, ele fez que não com a cabeça, tocou no queixo dela e saiu. Violet foi para a cozinha.
Daisy voltou para o sofá.
Florest e Violet. Violet e Florest. Simple colocou Florest no quarto de Honor, Violet arrumou o quarto de Joe, que fica logo ao lado.
Florest enviou um bilhetinho para Violet. Salvation a beijou, sem nenhum motivo para isso. Salvation e Florest eram muito amigos.
Daisy viu bem o choque no rosto de Florest quando Violet o repreendeu, ele ficou desconcertado, como se nunca esperasse que Violet dissesse o que ela disse. Tão desconcertado, que permitiu que Candid o machucasse muito.
Salvation a beijou. Salvation e Florest são muito amigos. Florest e Violet.
Daisy se levantou e foi a cozinha, ela não ficaria em dúvida.
Violet picava legumes numa bacia, sua mãe temperava uma montanha de bifes.
"Salvation foi embora, Vi?" Ela perguntou, os olhos cravados no rosto de Violet.
"Sim, ele se lembrou que o tio Brass já o tinha convidado." Violet olhou para o lado. Ela estava mentindo.
"É tão estranho termos pouca gente para almoçar. Noble acabou de ligar, vai comer no refeitório. Os trigêmeos, eu nem pergunto mais. Pelo menos, Joe vai estar aqui." Sua mãe disse, ela estava mesmo triste.
"Estaremos aqui, mamãe. Sempre." Violet sorriu. É claro, talvez ela já estivesse contando que acasalaria com Florest. Daisy suspirou, a traição da irmã doía. Ela só precisava falar, Daisy a amava, não deixaria um macho ficar entre elas. Se bem que...
Talvez Daisy brigasse, ela se conhecia. Mas mesmo assim, Violet estava sendo covarde.
"Salvation lhe disse alguma coisa? Eu tive a impressão de que ele veio aqui te ver." Daisy disse. Violet não levantou os olhos da bacia.
"Engraçado, eu também tive a impressão de que ele veio ver você. Do jeito que estavam 'conversando'." Daisy não respondeu. Isso só a deixava mais certa de que Florest devia ter pedido para Salvation seduzí-la, esperando tirá-la do caminho. Mas ela ia mostrar para 'Sal' que ele não devia ter mexido com ela.
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HUSH
FanfictionHush é um macho espécie que viveu na zona Selvagem durante muito tempo, sozinho, em silêncio, já que nasceu surdo. Leo, porém o chamou para trabalhar com ele no resgate de animais rejeitados, e depois no Zoológico que fundaram. E a partir daí, sua v...