Hush virou o bife, esperou selar e o colocou num prato. Os ovos com bacon de Cassandra estavam prontos num prato tampado. Ele esperava que ela descesse antes que esfriasse.
Ele se sentou, mas se perguntou se deveria esperar ela descer. Tudo era tão novo para ele! Um arrepio de excitação lhe percorreu o corpo, talvez devesse subir e tomá-la de novo, mas ela poderia estar dolorida. Cassandra era muito apertada, e foi sua primeira vez, Hush era grande ela era pequena, deveria deixá-la descansar.
Hush suspirou, Simple não estava brincando quando disse que sua vida mudaria a dois dias atrás. Eles voltaram para Las Vegas, se encontraram com aquela fêmea, e ela se acasalou a moda humana com ele. Hush não acreditou quando Simple disse que ela iria aceitar, ela era a fêmea humana mais linda que ele já tivesse visto, muitos machos deviam andar atrás dela.
Simple estava triste, ele devia estar pensando na fêmea que eles diziam que ele estava apaixonado, mas que era muito mais velha que ele.
Hush se lembrou do avião e do helicóptero, ela se encostou nele e dormiu nas duas vezes. Simple olhou para ela aconchegada nele e seu olhar foi triste, muito triste. Hush, porém, estava agradecido, ela já poderia estar com um filhote dele na barriga.
Ela apareceu na cozinha, ele lhe sorriu, ela olhou de um lado para outro e saiu. Hush se levantou, e foi atrás dela. Ela andava pela casa abrindo portas, parecia procurando alguém. Ela o ignorou, Hush ficou um pouco magoado. Ela nem lhe deu tempo de mostrar que tinha feito o café da manhã!
Ela se virou, seu semblante parecia desesperado. Hush abriu os braços para ela, mas ela falava muito rápido e girando a cabeça de um lado a outro, ele não conseguia acompanhar.
Ela se virou e saiu da casa. Estava muito frio, ela poderia ficar doente!
Hush saiu e a puxou pelo braço, ela se desvencilhou com um safanão e voltou para dentro. Hush não sabia o que fazer, a fêmea, parecia louca! Hush entrou na casa a tempo de vê-la subindo as escadas correndo, ele parou no meio da sala e se sentou no chão com a cabeça nas mãos.
Por que as coisas tinham de ser assim para ele? Porque ele acreditou em Simple? Mais uma vez, ele seria desprezado. Será que não poder ouvir era assim tão ruim? Ele achava até que conseguia fazer muita coisa! Ele trabalhava, cozinhava, corria, sabia ler lábios...
Ele não era um bom lutador, era verdade, ele sentia mal quando tinha de bater em alguém, isso era um defeito, mas quase não havia motivos para lutar na Reserva!
Ela parecia distante no cartório, ele sabia que talvez se as circunstâncias fossem outras, ela não casaria, Hush entendia isso, mas depois da noite em que compartilharam sexo, e foi de longe a melhor noite da vida dele, ele realmente pensou que ela poderia chegar a gostar dele.
Ele se levantou. Se ela quisesse ir embora teria de esperar o piloto do tio Francis vir buscá-los, mas ele iria dizer a ela que ficaria no abrigo do heliporto. Seu coração estava doendo, ele se sentiu tão feliz, agora ela o desprezava. Tudo o que ele podia fazer era se afastar. Ela pareceu gostar da noite que eles tiveram, mas talvez, toda a intensidade que ele sentiu o impediu de ver que para ela tinha sido ruim. Ainda bem que eles não acasalaram, só casaram mesmo, isso era fácil de resolver no mundo dos humanos.
Ele subiu as escadas e se dirigiu ao quarto deles. Dela, agora. Antes de entrar, porém, Hush sentiu uma lágrima rolar em seu rosto. A noite que passaram ali, parecia ser a primeira de muitas noites de felicidade por todo o resto da sua vida, e saber que tudo tinha acabado, doía demais.
Ele bateu na porta, ela veio abrir e seus olhos estavam vermelhos e inchados de chorar.
Ele tocou o rosto dela, enxugou uma lágrima que caía, ela se aninhou em seus braços. Ele a abraçou apertado, talvez até o piloto do tio Frances chegar, ela mudasse de idéia, talvez ele mostrasse para ela que poderia ser mais delicado.
E se ele tivesse machucado ela? Hush arregalou os olhos. Talvez, ele a machucou sem saber!
Hush a afastou de seu peito e sinalizou:
"Eu machuquei você? Está doendo em algum lugar?" Se ele tivesse machucado ela, ele teria de mostrar a ela que foi sem querer, como ele faria isso?
Ela enxugou o rosto, jogou os cabelos para trás e o encarou.
Hush não teve tempo de examinar ela direito, eles entraram naquele lugar onde o humano os casou, ela entre ele e Simple, depois disso, no avião, no helicóptero, ela dormiu.
"Você..." Ela disse e ele leu seus lábios. Ela parecia confusa, o olhava com a cabeça inclinada um pouquinho para o lado. Hush se mexeu inquieto. Ela lhe era meio familiar, os olhos dela, muito azuis, lhe lembravam os olhos de alguém.
"O que Simple disse antes de ir embora? Quer dizer, você sabe porque ele foi embora?" Ela franziu o nariz, era um narizinho delicado com uma pontinha empinada. Ela esperava ele responder e não estava chorando mais. Ainda que a pergunta era estranha, Hush respondeu:
"Simple só me disse que aproveitasse a lua de mel, te tratasse como a uma coisa muito preciosa, pois você era a melhor pessoa que ele já conheceu. Ele se foi no mesmo helicóptero que nos trouxe. Daqui a dois dias o piloto vem buscar a gente."
Ela o olhou com pena, Hush não gostou.
"Você não fala? Você consegue me entender?" Ele se aproximou e tocou nos lábios dela com a ponta do dedo, ela afastou o rosto. Hush deu um passo para trás. Ela se virou e falou alguma coisa.
Ele ficou parado na porta, sem saber como se conectar com ela. Ela não o entendia e não ficava parada tempo suficiente para ele ler os lábios dela.
Ela se voltou para ele e suspirou:
"Por que ele me deixou aqui com você?" Ela falou devagar. Hush não entendeu, ela se casou com ele, do jeito humano, mas foi um casamento. Será que humanos casavam mas não moravam juntos?
"Como vamos nos comunicar?" Ela ergueu as mãos, estava nervosa.
"Que tipo de casamento foi esse?" Ela disse, seus olhos fixos nele.
Hush sinalizou:
"Eu também me pergunto isso! Eu quero ser um bom companheiro, mas você é que só fica falando em Simple!"
Hush passou por ela, entrou no quarto, mexeu na sua mala e retirou seu amado e velho livro de lá. Quando ele se casou com ela, ficou muito feliz por ter trazido seu livro na mala, assim ela poderia aprender a falar com ele.
Ele se virou e estendeu o livro para ela, mas ela tinha uma expressão interrogativa no rosto.
"Por que as suas malas estão no meu quarto?" Ela perguntou.
Hush estava cansado de sinalizar e ela não entender. Pegou a mala e saiu do quarto. Ela puxou a barra da camiseta dele.
"Onde você vai? Está muito frio lá fora!" Ela mostrou uma janela.
Ele mostrou a ela o livro. Ela pegou e o folheou.
"Você é surdo?" Ela perguntou, estava muito admirada. Hush baixou a cabeça. Ela se aproximou e ergueu o queixo dele.
"Me desculpa. Eu não quis fazer você se sentir mal. É só que tudo isso é..." Ela ergueu os braços e os deixou cair.
Ele se aproximou mais e tocou na bochecha dela, ela sorriu, triste. Hush não resistiu e beijou a bochecha dela, ela não se afastou e fechou os olhos. Hush deslizou os lábios da bochecha para a boca dela e a beijou de leve. Ela se não se afastou.
Ele lhe beijou os olhos bem de leve com medo dela fugir. Ela realmente era preciosa. Hush voltou a boca dela e a beijou, dessa vez um pouco mais demorado. Ela deu um passo para trás.
"Você entende que eu me casei com Simple, não é?" Ela perguntou. Hush ficou um tempo absorvendo o que ela disse. Ela tinha se casado, ainda que do jeito humano, com ele, com Hush. O homem na capela perguntou se ela aceitava 'esse homem', ela disse que sim. 'Esse homem' era Hush, não Simple.
Ela estendeu o dedo, mostrando o anel que ele, Hush, tinha lhe dado. Será que ela tinha algum problema de cabeça?
Hush pegou a mão que ela estendeu e beijou a palma, ela estremeceu, ele não sabia se isso era bom ou ruim. Hush colocou sua mão com o anel igual ao dela sobre sua mão. Ela piscou.
Pegou a mão de Hush e retirou o anel. Hush sabia que o nome dela estava gravado no interior. Ela lhe devolveu o anel, retirou o anel de seu dedo e olhou no interior.
"Quem é Hush?"
Ele bateu no peito e sorriu. Ela desmaiou.
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HUSH
FanfictionHush é um macho espécie que viveu na zona Selvagem durante muito tempo, sozinho, em silêncio, já que nasceu surdo. Leo, porém o chamou para trabalhar com ele no resgate de animais rejeitados, e depois no Zoológico que fundaram. E a partir daí, sua v...