15 - Uma amiga

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Se não fosse o esbarrão na quinta-feira, eu com certeza não teria falado com ela na segunda

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Se não fosse o esbarrão na quinta-feira, eu com certeza não teria falado com ela na segunda.

Era o meu quarto dia de trabalho e, diga-se de passagem, eu não estava lidando muito bem com os novos horários. No fim do meu turno da noite, estava completamente destruído, ainda teria que caminhar até depois da ponte, para o ponto de ônibus na orla e ficar esperando que ele aparecesse para descer em outro ponto e pegar o segundo ônibus para finalmente chegar em casa. Então, resolvi que seria melhor tomar um café reforçado e bem amargo para aguentar a caminhada e a viagem depois dela.

O caminho mais curto entre o corredor em que eu estava e a cozinha era pela ala dos quartos, na maioria das vezes, as pessoas evitavam aquele corredor para não correr o risco de esbarrar com o rei, mas eu estava completamente farto e não queria dar todo aquele arrodeio para chegar na cozinha. Fui por lá mesmo.

Assim que virei o corredor, através da primeira porta ouvi alguém murmurando em um tom irritado. Cheguei mesmo a me perguntar quem estava levando aquele sermão, mas então vi que a princesa estava falando sozinha. Ou talvez com algum fantasma, eu nunca vou saber.

Pensei em ignorar aquilo ao perceber que ela, mais uma vez, estava numa correria pelo castelo e que estava irritada com suas irmãs, mas aquela vozinha de Flor, que poderia ser minha consciência, insistia que eu deveria ajudar. Flor sempre fazia aquilo, ajudava as pessoas em seus dias ruins e sempre insistia em me ensinar isso. Tentei ignorar a vozinha, mas sabia que minha consciência não me daria sossego se eu fizesse isso, então apenas andei mais devagar, esperando que a garota saísse pela porta.

— Ah, oi, soldado Emmet, você de novo? Tem um talento para tombos, não? — As bochechas delas estavam quase da cor do seu cabelo. Dizer que estava com vergonha, teria sido um eufemismo.

— Halí, alteza. — Falei, de um modo gentil, fazendo uma reverência. — É que eu patrulho os corredores de noite, é o fim do meu turno, estava indo tomar um café.

— Certo. Hum, bom café. — Falou, tentando seguir caminho.

Seria fácil fazer o mesmo. Mas a vozinha insistia em sussurrar para eu tentar de outra forma.

— Ah, alteza, a senhorita está, ah, irritada com algo? — Falei, apressando os passos para seguir caminhando ao lado dela.

Ela tentou dizer que não era nada e inventar uma desculpa, mas logo começou a falar sobre irmãos e eu resolvi chama-la para tomar um chocolate quente, aparentemente ela não gostava de café, o que já deveria ser considerado um crime, as minhas primeiras impressões sobre a princesa até então não eram boas. Mas uma conversa longa mudou isso.

Apesar da seriedade e da correria, a princesa era legal, ela só estava estressada com todas as tarefas e com suas irmãs mimadas. Eu a fiz rir e o som da sua risada era bom, algo animador, me deixou mais acordado que o café quando fui para casa.

No último ônibus, encontrei com Lídio, meu melhor amigo e lhe contei toda aquela história maluca. Ele só fez rir. Lídio era um rapaz de estatura mediana, cabelo castanho com vários cachos, pele marrom e olhos escuros.

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